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Pagando o Mico

por Fernando Zocca, em 24.03.11

 

 

                     Van Grogue quando moço trabalhou na prefeitura de Tupinambicas das Linhas. Ele dizia aos colegas de copo, que era encarregado importante no setor administrativo, mas na verdade era lixeiro.


                    Em 1969, os serviços de coleta de lixo na cidade, eram feitos por trabalhadores contratados diretamente pela prefeitura. Portanto, eles também eram funcionários públicos.


                    Por causa da vida desregrada que levava, bebendo, fumando e alimentando-se mal, Grogue foi acometido pela tuberculose.


                    A irmã dele que era empregada doméstica da professora catedrática doutora Mirthôa, aconselhou-o, diante do emagrecimento, da febre nos finais do dia e da tosse insistente, com a qual expelia catarros cheios de sangue, a procurar o serviço público de saúde.


                    O médico acertou o diagnóstico e Van foi informado que a sua doença era causada por uma bactéria chamada Mycobacterium tuberculosis ou Bacilo de Koch. O doutor ensinou também que antigamente, esse mal era conhecido como peste cinzenta ou tísica pulmonar.


                    Depois de ter chegado em casa, vindo da consulta, Grogue encontrou o roliço irmão Fran que se mostrou desejoso de saber notícias sobre o problema.


                    - Ah, o doutor falou que eu tenho um tal de mico, não sei o que, e isso dá tosse na gente – disse Van.


                    - Então é o mico? – quis saber Fran, o irmão mais fofo.


                    - É. Não sei se é cinzento. Mas é pequeno, tipo bactéria – concluiu Van.


                    - Ah, sei. Pequeno? A gente pode fazer uma simpatia: vamos passar isso pra frente e você sara.


                    No mês seguinte o filho da vizinha, um moleque irrequieto, que não dava sossego pra ninguém, apareceu na cozinha da sua casa, com um mico leão dourado, causando espanto em toda a família.


                    Os pais e demais irmãos, do vizinho agitado, tiveram de comprar telhas, madeiramento e telas para fazer a morada do bichinho.


                    O alvoroço todo provocado foi, por muito tempo, motivo de chacota da doutora Mirthôa e seus irmãos.

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publicado às 16:03

O desenvolvimento econômico e a liberdade

por Fernando Zocca, em 21.03.11

 

 

 

 

                                             O presidente norte-americano Barack Obama, nesta recente visita ao Brasil, fez entender também, dentre outras coisas, que a liberdade não impede o desenvolvimento econômico.

 

                            Nos arquétipos de um sistema secular em que o progresso de alguns significava o sofrimento de milhares, esse lembrete presidencial veio reforçar a noção de que a liberdade não só facilita a expansão da economia, como também a promove.

 

                            A repressão das iniciativas, por outro lado, como ocorre nos países árabes, estimula a estagnação local e também a dependência das ações vindas do exterior. Em qualquer lugar do mundo a miséria é terrível, mas a miséria sem liberdade é bem pior.

 

                            A liberdade é o caminho por onde se aprende a se virar sozinho, e pelo qual também se desatam as amarras do paternalismo governamental.

 

                                Perceba que uma das funções dos poderes políticos capitalistas é a de estimular as iniciativas econômicas individuais e não reprimí-las, por temor de que corrompam as instituições tradicionais.

 

                            Pode até demorar um pouco, mas a mentalidade “o que o estado pode fazer por mim”, arraigada no inconsciente coletivo nacional, será substituída, sem dúvida, pela “o que eu posso fazer pelo estado” que é a ideal.

 

                            Então note que o estado deve ser parceiro nas iniciativas solidárias, filantrópicas e combater, sem dó nem piedade, os que sujeitam, oprimem, humilham e cerceiam os indefesos, em nome das vantagens e privilégios próprios.

 

                            Essa vintena de anos em que a sociedade brasileira viveu sob a censura, deixou resquícios que ainda são identificados no comportamento de alguns senhores políticos mais antigos.

 

                            Uma característica dessa forma de governar era a fala única, o ditado, o falado de cima pra baixo. Não há a possibilidade de contestação, de réplica ou tréplica.

 

                            Nesse contexto cadafiano qualquer sinal de oposição pode significar o ostracismo, a morte. Isso ocorre devido à incapacidade argumentativa dos ocupantes do poder. Da tentativa de nivelar “por baixo” o conhecimento distribuído numa sociedade, surgiriam as omissões que deteriorariam o ensino público.

 

                            A história do Brasil e a dos Estados Unidos assemelham-se em certos pontos e diferem em outros tantos. Ao amenizar as barreiras fiscais aos produtos brasileiros exportados para lá, o governo americano feriria os interesses dos produtores locais. Da mesma forma, quando as normas fiscais facilitam a entrada dos produtos importados, há a deterioração da indústria nacional.

 

                            Portanto, com muito bom senso, equilíbrio e diálogo franco, cada país deve cuidar do seu interesse próprio, em benefício da sua sociedade e instituições.

 

                            Na atual conjuntura os Estados Unidos desejam vender aviões de caça ao Brasil e este, por sua vez, quer o apoio norte-americano para obter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.

 

                            Seriam interesses inconciliáveis?

 

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publicado às 15:28

Bem-aventurado Ambrósio Sansedoni de Sena

por Fernando Zocca, em 18.03.11

 

 20 de março

 

Ambrósio Sansedoni, nasceu no majestoso palácio da sua nobre família, no ano 1220, na cidade de Sena, Itália. Segundo a tradição, parece que ele nasceu disforme, com algumas imperfeições nas pernas e braços, por este motivo foi confiado a uma ama de leite, que o mantinha fora do palácio, pois a família se envergonhava da sua condição. Mas, esta senhora, muito cristã e piedosa, cuidou dele com carinho e afeição. Todos os dias, ela o levava nos braços, cobrindo inclusive o seu rosto, à igreja, onde rezava com fervor, para que o menino fosse curado.

Certa vez, um peregrino disse à ama de leite: "Mulher, não escondas o rosto desta criança, porque será a luz e a glória desta cidade". Não passou muito tempo Ambrósio foi curado milagrosamente. Tinha pouco mais de três anos, quando retornou ao palácio e ao seio da família. Depois, aos dezessete anos, abandonou tudo para ingressar na Ordem dos Padres Predicadores Dominicanos.

 

O noviciado e os primeiros estudos, ele completou em Sena, depois fez o aperfeiçoamento, em 1245, na diocese de Paris e de lá seguiu para a Alemanha, na diocese de Colônia. Teve como professor, o futuro santo, Alberto Magno e como companheiros Pedro de Tarantasia, que mais tarde foi eleito Papa Inocêncio V e Tomás d'Aquino, que a Igreja homenageia com o título de Doutor.

 

Ambrósio foi chamado para ir lecionar em Paris. A partir de então se tornou conhecido, principalmente, pela eficácia de sua pregação na igreja e na praça, entre os salmos e entre os tumultos. Alguns pintores o representaram com o Espírito Santo em forma de pomba branca, que lhe fala ao ouvido.

 

Seus dons excepcionais de convencimento e conciliação, marcaram a história da Igreja e da humanidade. Foi enviado à Alemanha como mediador da paz entre várias famílias em conflito. Regressou a Sena e alcançou do Papa Gregório X a supressão de um interdito que havia recaído sobre a sua cidade. Depois disto, este mesmo pontífice lhe confiou ainda outras missões de paz pela Itália, Hungria, França e novamente Alemanha.

Acusado de impostor e de ambicioso por um poderoso senhor, Ambrósio respondeu-lhe: "Deus se chama Rei da Paz. É por isso que cada um deve desejar a paz com o próximo. Deus não a concede senão aos que a concedem de bom coração aos outros. O que eu faço não é por mim mesmo, mas pela vontade daquele que tem poder sobre mim. Agora, pois, se é por minha causa, se é que vos perturbo, peço-vos perdão ..."

No ano 1270, foi chamado a Roma pelo Papa, para ajudar na restauração dos estudos eclesiásticos. Morreu vítima do seu zelo, no dia 20 de março de 1286, em Sena, durante um sermão. Falou com tamanha veemência contra os usurários, que se romperam várias veias no peito, causando-lhe a morte instantânea. O papa Clemente VIII, em 1597, fez incluir no Calendário da Igreja, o Beato Ambrósio Sansedoni, de Sena, para ser venerado no dia de sua morte.

 

Fonte: site da Diocese de Piracicaba.

 

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publicado às 15:38

O Kadaffi Tupinambiquense

por Fernando Zocca, em 03.03.11

 

                                                Tupinambicas das Linhas, não era a Líbia, mas também tinha o seu Muammar Kadaffi. Era o vereador Fuinho Bigodudo, conhecido como Muar Fuinho Bigodudo.

 

                        Da mesma forma que o ditador Líbio insistia em não deixar o poder, mantido com injustiças e violência, o Muar tupinambiquense também se negava a “largar o osso”, mantido com verbas substanciosas, aos comunicadores dependentes da cidade.

 

                        Mas na manhã de domingo, no bar do Maçarico, quando já degustava a cerveja gelada, com a barriga encostada no balcão, Gelino Embrulhano pôde notar a presença espalhafatosa do Omar Dadde que, vestindo bombacha, chapéu de abas largas, botas de cano longo, camisa azul-pavão e um lenço de cetim amarelo, amarrado no pescoço, entrou em cena declamando:

 

                        - Eu vou/Eu vou/Pra casa agora eu vou... – Dadde mal terminou sua mensagem matinal quando foi interrompido por Gelino Embrulhando, que falou ao Maçarico, em alto e bom som:

 

                        - Pronto! Acabou o sossego! O chato acaba de chegar.

 

                         - Mas, olha... Veja quem está aqui. É o sujeito mais mentiroso, enrolado e falso que a cidade já viu – respondeu Osmar Dadde, olhando irônico pro Maçarico.

 

                        E depois ainda, aproveitando o silêncio que se fez, por alguns segundos no botequim, Dadde continuou:

 

                       - Que mané chato, mano?  Parece que não me conhece.

 

                        Gelino Embrulhando respondendo a pergunta defendeu-se:

 

                        - Onde eu estou você logo vem atrás. Parece boiolagem, tesão de argola, qual é a tua, parceiro?

 

                        - O quê? Tesão de argola? Ocê tá louco Embrulhano? Eu sou é muito macho, meu chapa – indignou-se Osmar Dadde. - A cidade é livre, eu também sou. Por isso vou onde quero.

 

                        - A cidade pode ser livre e seus habitantes também – interveio Maçarico interrompendo a conversa entre os dois fregueses. Ele julgou que a rixa poderia descambar para a agressão física e o quebra-quebra.

  

                        - Ouvi um comentário que esse tal vereador Fuinho Bigodudo fez uma lei que proíbe o funcionamento de todos os bares e restaurantes da cidade, depois das 10 da noite. Ele instituiu o famoso toque de recolher.

 

                        - O quê? Ele fez isso? – perguntaram em uníssono os dois contendores.

 

                        - Fez sim. E se não me engano, o projeto de lei está no gabinete do prefeito Jarbas, pra ser aprovado – completou Maçarico, vendo que os birrentos esqueceram as hostilidades por alguns instantes.

 

                        - Isso quer dizer que ninguém mais poderá tomar seus birinaites nos bares, depois das dez horas da noite? – questionou Embrulhano.

 

                        - Mas isso é um absurdo! Vamos iniciar um abaixo assinado pedindo a cassação desse Fuinho. Ô sujeito maldoso! Votar nele é a mesma coisa que adubar erva daninha – proclamou Osmar Dadde brindando com um copo de cerveja que acabara de encher.

 

                        - Vamos depor esse Kadaffi tupinambiquense! – decretou Gelino Embrulhano.

 

                        A partir daquele momento, Maçarico teve a certeza de que o bar e a sua própria integridade física, estariam assegurados.

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publicado às 13:24






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