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O Jantar

por Fernando Zocca, em 27.04.11

 

 

 

 

                    Aquela conversa ali na mesa do restaurante já estava ficando sem graça. Nós chegáramos para jantar num clima tenso e quase não trocamos palavras.

                    Não sei o que perpassava pela cabeça do Oswaldo, mas desconfiava que só podia ser ciúmes. Aquele jeito de quem se mostra contrariado, eu já notava nele, desde o tempo em que dançava na boate.

                    Ele me conheceu durante as minhas apresentações públicas e sabia que as exposições criavam situações suscitantes de ciúmes, portando não podia reclamar. Ele estava sem razão.

                    Mas o clima ruim não passava. Parece que a lasanha não estava saborosa, o vinho não era tão gostoso e a água não tinha a temperatura agradável.

                    O burburinho no ambiente não incomodava, e não houve alteração, quando o Roberto se aproximou.

                    Ele vinha com aquele jeito despretensioso e, sem ser convidado, tomou o assento ao lado do amigo Oswaldo.

                    - Horrível! Horrível! Vocês não imaginam o que o filho do porteiro do prédio fez ontem. – disse o intruso quebrando o silêncio desagradável que pairava entre nós.

                    Notei que o Oswaldo contrariou-se com a presença inoportuna do colega, mas sem dizer nada que o refutasse, deixou que ele prosseguisse.

                    - O adolescente saiu de casa dizendo pra mãe que ia pro estádio ver o jogo do São Paulo. Mas quando chegou no boteco da esquina, parou pra tomar umas e outras com os amigos. Conversa vai, conversa vem, ele e um outro se embriagaram tanto que perderam a noção do tempo. Eles ficaram tão mal que o jogo terminou e nem do bar haviam saído. Então, o filho do porteiro, pra se vingar daquela companhia desagradável, disse que uma tia havia viajado e que estava com a chave da casa, onde poderiam comer alguma coisa e depois ir embora. E lá se foram os dois bêbados. Entraram, comeram, beberam e quando o convidado dormiu depois, de sentar-se no sofá, o filho do porteiro, juntou ali na sala, aos pés do adormecido, todos os objetos de valor da casa. Ele fez uma “montanha” com o DVD, câmera filmadora, máquina fotográfica, TV, micro-ondas, computador, notebook, roupas, bijuterias e outras coisas de valor. Em seguida arrombou a janela do quarto dos fundos. Saiu e trancou, por fora, a porta da rua, chamando a polícia, que ao chegar prendeu o dorminhoco por tentativa de furto. – concluiu Roberto suspirando, na maior serenidade.

                    Bom, eu quase “pirei na batatinha” e pude notar que o Oswaldo engasgou, no final da história, enquanto observava o amigo que se servia alegremente da lasanha.

                    Sem qualquer cerimônia, e no exato momento de pagar a conta, Roberto afirmou ter esquecido a carteira.

                    Olha, eu sei que o tumulto foi notado por muita gente, ali na porta do restaurante, quando em altos brados, tentei dizer ao Oswaldo, que desejava ir embora sozinha. Que não queria mais falar com ele. Eu iria de taxi, mas ele insistiu tanto, que acabamos indo no carro dele. O Roberto veio junto.

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publicado às 18:04

Para os cruéis não existe paz

por Fernando Zocca, em 25.04.11

 

 

                    Cercado de analfabetos por todos os lados a leitura suscita muita inveja. Nesse meio é mais sensato um leitor tornar-se cortador de cana, do que milhares deles tornarem-se leitores.

                    Então, não é a toa que o velho ditado “Em Roma seja como os romanos”, mantenha-se atual e corretíssimo.

                    Já imaginou um torcedor do Corinthians vestindo a camisa 10, esgoelando “aqui tem um bando de loucos” no meio da torcida palmeirense? É conflito na certa.

                    No estádio safanões e sopapos poriam o intruso no seu devido lugar, mas numa comunidade, as sutilezas são mais usadas.

                    O blogueiro que incomoda a vizinhança, suscitando nela o temor do desconhecido, pode ter as estruturas da sua casa totalmente abaladas pelo funcionar, durante horas e horas seguidas, de um compressor de ar comprimido.

                    Ninguém desconhece o fato de que a tal barreira não teria por escopo a atividade econômica, mas sim só o de demover para bem longe, a causa dos sentimentos de inferioridade dos incomodados.

                    O nível cultural de um bairro é amostra eficaz, do desempenho das autoridades públicas, no cumprimento das normas relativas ao ensino.

                    Ou seja, uma multidão de analfabetos comprovaria que professores, diretores e políticas municipais de ensino, estariam totalmente ineficientes.

                    Para as políticas insensíveis, fábricas de automóveis, viadutos e pontes teriam maior relevância do que o próprio bem estar da população.

                     

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publicado às 13:43

A Desagregação do PSDB

por Fernando Zocca, em 19.04.11

 

 

 

                                                  Sempre duvidei que o PSDB pudesse se identificar com as camadas mais populares do eleitorado.

                    Identificar-se é assemelhar-se, e essa parecença inexiste entre o industrial e seus empregados.

                    Como é que podem pensar da mesma maneira o usineiro e o cortador de cana?

                    Como podem ter as mesmas sensações, emoções equivalentes, o banqueiro e o bancário?

                    Só agiria verdadeiramente, minimizando o sofrimento alheio, aquele que sofreu reveses análogos.

                    Equivoca-se muito quem julga poder minorar os tormentos dos pedreiros, por exemplo, estabelecendo normas baseadas nas características próprias dos empreiteiros.

                    Repete-se: as posses, as emoções e os pensamentos, são diferentes nos integrantes das categorias patronais e na dos servidores. É claro.

                    Veja que por permanecer, a maior parte do tempo ausente da empresa, estaria o patrão imune às doenças provocadas pelas atividades insalubres.

                    Em certas situações, os trabalhadores além de não receberem em dia os seus direitos trabalhistas, teriam também de suportar as afecções advindas da negligência patronal, dedicada ao local impróprio de trabalho.

                    A desimportância dada à salubridade do lugar onde se labora é que diferenciaria o empregador do trabalhador. Para aquele teria mais valia, a fábrica, a produção, os produtos e não o trabalhador.

                    Essa situação bastante comum assemelha-se, em muito, a dos antigos senhores de engenho, a quem interessavam mais a produção do açúcar, do aguardente, do álcool, mas não a saúde ou o bem estar dos escravos.

                    Não seria incomum a figura do patrão que age com o empregado, da mesma forma com que cuida dos bovinos.

                    A recente saída de um grupo de vereadores paulistanos do PSDB pode ser o indicador de que essa orientação autoritária, distante, arrogante, alienada e, acima de tudo ineficiente, chega agora a um termo.

19/04/11 

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publicado às 22:54

O Metalúrgico Yuri

por Fernando Zocca, em 13.04.11

 

 

                   Ontem, 12 de abril, comemorou-se o quinquagésimo aniversário da primeira viagem do ser humano ao espaço.

                    O feito foi realizado por Yuri Gagarin da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, no dia 12 de abril de 1961, a bordo do foguete Vostok 1, lançado de Baikonur no Cazaquistão.

                    A nave decolou do cosmódromo às 09H07 (horário de Moscou) e seu voo, ao redor da terra, durou 108 minutos.

                    Yuri era metalúrgico, tendo trabalhado como fundidor. Na fábrica ele foi escolhido para frequentar um curso técnico, equivalente ao nosso antigo ginasial.

                    Depois da formatura, ocorrida em 1955, Gagarin ingressou na Escola de Pilotos de Orenburg, onde conheceu Valentina Goryacheva, com quem se casou em 1957.

                    Ao ser credenciado para pilotar os caça MiG-15, foi enviado para a base aérea de Luostari em Murmansk Oblast, perto da fronteira norueguesa, onde o mau tempo tornava os voos arriscados.

                     Ele foi promovido a tenente da Força Aérea Soviética em cinco de novembro de 1957 e, em seis de novembro de 1959, recebeu a patente de tenente sênior.

                       Em 1960 depois dos difíceis exames físicos e psicológicos de seleção, Gagarin que tinha 1,57 m de altura, foi um dos 20 pilotos seleccionados para o programa espacial soviético.

                       Em 12 de abril de 1961, aos 27 anos de idade, Yuri Gagarin tornou-se o primeiro ser humano a ir ao espaço de onde proferiu a famosa frase “A Terra é azul”.

                      Yuri Gagarin e o instrutor de voo Vladimir Seryogin morreram em 27 de março de 1968, quando pilotavam um MiG-15 num voo de treino de rotina, sobre a localidade de Kirzhach.

                    O MiG-15 foi concebido em 1946 em decorrência da necessidade soviética de um interceptador de grande altitude e capacidade para abater alvos estratégicos. O projeto concebido por Mikoyan Gurevich era de uma aeronave de asa enflechada.

                    Foram construídas 12.000 unidades; o projeto serviu de base para a criação dos MiG 17 usados no confronto com os norte-americanos F-86 Sabre, no Vietnan.

                    Veja no vídeo abaixo uma exibição do F-86 Sabre.

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publicado às 15:42

Batendo em Crianças

por Fernando Zocca, em 12.04.11

 

 

                        Se as autoridades civis e religiosas não interferirem em alguns casos de violência contra crianças, praticadas por familiares, certamente muitas delas não chegarão à idade adulta gozando da plena saúde física e mental.

                        Podemos entender que a não intervenção dos padrinhos, tios, e avós, tanto dos enteados quanto dos padrastos, tenha como fundamento, o desejo de que os problemas surgidos sejam resolvidos por eles mesmos.

                        Os conflitos entre um padrasto adulto e um enteado, com aproximadamente 10 anos, portador de certa deficiência, podem não terminar bem para o menor se o padrasto tiver um nível nulo de escolaridade, fizer uso abusivo do álcool e acreditar que tudo o que está amassado deve ser consertado à marteladas.

                        Os modos grosseiros do padrasto insensível sujeitam o enteado desprotegido, aos terríveis sofrimentos desnecessários. A desculpa de que esse crime de maus tratos é um carma a ser experienciado pela vítima indefesa, serve para manter as testemunhas responsáveis a certa distância.

                        O analfabetismo cerra as luzes morais e religiosas que poderiam amenizar a situação. Tomado pela circunstância na qual o próprio agressor sofreu também na sua infância, a violência do pai bêbado, usa ele agora o mesmo método aprendido.

                        Alguém poderia alegar que um pai alcoólatra batendo na própria filha adolescente, tentando conter nela os impulsos da idade, seria até mais trágico do que o padrasto desejoso de controlar o enteado com a violência moral e pancadas.

                        Em ambos os casos as autoridades e os responsáveis mais próximos deveriam intervir. Tanto na situação horrenda em que o pai espanca a filha e a esposa, quanto na do padrasto que subjuga o enteado.   

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publicado às 16:26

Quem prende ou solta um criminoso é o povo

por Fernando Zocca, em 11.04.11

 

 

 

                                              Algumas mentes não conseguem imaginar que quando um juiz solta um marginal, previamente preso pela polícia, somente o faz em virtude da lei.

                        Esse descompasso com o real, diante do crescimento dos índices de criminalidade, permite que absurdos se criem do tipo: “a polícia prende, mas o advogado solta”.

                        Na verdade quem solta é o juiz, a pedido feito pelo interessado, por meio do advogado. E se a situação do preso não estiver prevista na lei, nem mesmo o juiz poderá soltá-lo.

                        Quem faz a lei é o deputado federal e quem elege o legislador é o povo. Portanto, quem prende e solta um criminoso é o povo.

                        Se as leis existentes são impotentes na contenção dos crimes, elas devem ser mudadas. Então cabem ao Tiririca, ao Romário, ao Bolsonaro e a todos os outros componentes das esferas legislativas, as articulações que visem proteger o eleitorado.

                        Essas leis que tratam dos direitos individuais (relativos a tudo quanto se refere à dignidade da pessoa humana, tal como a vida, a liberdade, a segurança, e a propriedade), só podem ser modificadas pela câmara dos deputados (federais) e o senado.

                        Portando não adianta você reclamar com o deputado estadual e muito menos com o vereador da sua cidade.

                        Se você ainda acha que o Brasil está perdido porque o advogado solta o bandido preso pela polícia, deve reclamar com aquele velho deputado federal, que há décadas, (quatro ou cinco gestões), recebe milhões e milhões de reais, para cuidar disso.

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publicado às 16:13

Atirador Invade Escola e Mata Crianças

por Fernando Zocca, em 07.04.11

 

 

 

 

 

 

                 Wellington Menezes de Oliveira, 23 anos, (foto) vestindo uma camisa verde, calça e botas pretas, dizendo que daria uma palestra, entrou hoje, por volta das 08h00min, na Escola Municipal Tasso da Silveira, situada à Rua Bernardino Gomes de Matos, bairro Realengo, zona Oeste do Rio de Janeiro, e disparou mais de uma centena de tiros, matando nove meninas e um menino.

                    A escola passa por um período de comemoração dos seus 40 anos de existência, atendendo deficientes auditivos e visuais, na faixa etária entre os nove e 14 anos.

                    Wellington, que foi aluno da escola, portava dois revólveres calibre 38 e um cinturão carregado com munição sobressalente.

                    Logo depois do início do tiroteio dois meninos e uma professora conseguiram correr para a rua onde comunicaram a ocorrência ao 3º Sargento Alves, da Polícia Militar do Rio de Janeiro, que fazia um patrulhamento de transito com sua equipe, no quarteirão próximo.

                    Os policiais entraram na escola e, no segundo andar, na troca de tiros com Wellington, conseguiram alvejá-lo na perna. Caído na escada o agressor que, deixou uma carta de suicídio, matou-se com um tiro na cabeça.

                    Além das 10 crianças mortas outras 18 pessoas ficaram feridas. Segundo algumas fontes Wellington era filho adotivo, portador de AIDS, perdera a mãe recentemente e morava sozinho.

                    O governador Sérgio Cabral e o prefeito do Rio Eduardo Paes, numa entrevista coletiva à imprensa, na quadra de esportes da escola, garantiram que a entidade não será fechada.

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publicado às 21:09






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