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Caminhando pelas ruas de Piracicaba você percebe um mau humor fora do comum. A frustração, o desgosto, o desprazer e eu diria até, que uma revolta está presente nas vibrações do ar.
O descontentamento atinge funcionários de instituições públicas, das empresas particulares e até da dona de casa.
O desânimo, a ausência de objetivos, parece patente e inegável. O marasmo, nos parece, toma conta de tudo. Haveria uma desorientação geral? Ausência de esperança?
E pelas pontes e viadutos construídos pela atual administração , passam céleres os bólidos conduzidos por neuróticos, estressados e desprovidos de satisfação.
Eu diria que Piracicaba atravessa uma crise jamais vista em toda a sua história. E veja que não tem como negar a responsabilidade desse pessoal que ocupa, a peso de ouro, os cargos administrativos, existentes para a manutenção da ordem e do progresso.
As autoridades se omitem. Talvez não consigam entender que a paz social se consegue também com ações políticas positivas além das promovidas pelas religiões.
Esse mau período haverá de passar, talvez, com a troca total dos ocupantes dos cargos públicos eletivos. A certeza é de que os políticos que hoje estão nos cargos de comando são incapazes de promover a paz social no município.
Não é, e nunca será, com ações que objetivem o confronto, o litígio e a intranquilidade, que essas pessoas hoje no comando, conseguirão proporcionar o progresso e a evolução dos cidadãos.
Político que não sabe tranquilizar, sem a destruição, não serve para o governo.
Esses que pensam assim, e que ainda estão nas cadeiras públicas, haverão de sair; aqueles que pretendem chegar lá com intenções danosas não terão sucesso.
Piracicaba sempre foi uma cidade feliz. Não é o mau humor e a frustração dos incompetentes que a manterá para sempre nesta situação.
Sentado sozinho a uma mesa isolada do bar, Van Grogue comia pastel com sorvete.
- Ficou maluco? Ô Grogue, que mistura é essa? - Indagou irônico o Adan Molly que chegava bem entusiasmado ao botequim.
Van levantou a cabeça e, envergonhado respondeu:
- Você também vai ralhar comigo?
Molly voltou-se para o Maçarico que, alisando o tampo do balcão com um guardanapo, e apontando o Grogue com o queixo, girou o indicador da mão direita na altura da fronte. Quando Molly se aproximou o dono do boteco sussurrou-lhe:
- Depois que disseram que o bilau dele parece sorvete, que quando esquenta amolece, ele ficou assim, meio jururu.
- Que mico hein Maça? - gracejou o Adan.
- Uma verdadeira estilingada no bom-senso.
Adan Molly pegou a garrafa de cerveja e o copo que lhe dera o Maçarico e caminhou em direção à mesa do Grogue perturbado.
- É verdade que te internaram num manicômio Van?
- Hã hã. - respondeu, envergonhadíssimo, o mais famoso pingueiro de Tupinambicas das Linhas. Então ele continuou:
- Tinha um enfermeiro lá dizendo que ia injetar gás na minha cabeça só pra tirar um raio X. É mole? Ele era malvado. Amarrava-me na cama e punha um soro no meu braço que me fazia sofrer muito.
- Mas por que ele faria mal pra você? - Quis saber o Adan Molly.
- Vingança. Eu fiquei devendo alguns meses de aluguel para outro enfermeiro que era primo dele.
- Nossa! Impressionante. Como é que você descobriu isso tudo?
- Sabe aquela borracha que se usa pra amarrar o braço quando se tira a pressão da pessoa? - continuou o Van choroso.
- A tripa de mico?
- É essa mesmo. Então… O cara esticava e soltava a borracha contra os meus braços e as minhas costas; era cada borrachada que eu vou te contar; doía tanto que eu tinha de sair correndo.
- Mas quem era o enfermeiro? - perguntou Adan Molly bebendo com satisfação a cerveja geladíssima.
- O que me agrediu eu não conhecia. Mas aquele de quem aluguei a casa tinha sido condenado por homicídio. O cara ficou preso durante dois anos. Ele fez um aborto numa empregada doméstica que morreu.
- Mas por que você alugou a casa justamente do assassino? - indagou Adan Mollly.
- Porque eu não sabia.
- E essa história do bilau?
- É brincadeira. Sou macho pra caramba.
- Será?
Depois que tomou o sorvete, comeu o pastel e ouviu do Maçarico a resposta negativa, para a sua indagação sobre a existência de peixe frito pra vender, Van pagou a conta e saiu do bar.
Ele permaneceu parado no ponto de ônibus por pouco tempo. Grogue entrou no coletivo, pagou a passagem e preguntou ao cobrador se aquele carro passaria defronte ao zoológico.
- Pergunte para o motorista. - respondeu com rudeza, o cobrador.
Grogue então, por causa do ruído do motor, falando em voz alta ao motorista, quis saber se ele pararia perto de um ponto, próximo ao zoológico.
Van desceu e andando duas centenas de metros chegou ao jardim zoológico onde viu a águia, o leão, e o burro.
Depois, caminhando de volta ao ponto de ônibus, viu de longe, que já havia um parado ali.
Ao entrar no coletivo ele notou um pedaço de papelão deixado sobre o primeiro degrau. Não muito distante o motorista falava ao celular:
- Gritou sim. Gritou feio com um colega nosso.
Van desconfiou que aquilo não deixava de ser mais uma trança que se formava à sua passagem.
28/08/2012
Van Grogue entrou lentamente no bar do Maçarico naquela manhã de quinta-feira e disse em alto e bom som:
- Parei de beber. Hoje completam 30 dias que deixei de lado esse vício do inferno.
Billy Rubina, Célio Justinho, Donizete Pimenta, Pery Kitto e Zé Cílio Demorais paralisaram-se, depois de fitarem o afobado que chegava.
Van aproximou-se do grupo reunido e, num gesto heroico, aspirou desafiadoramente os vapores do álcool que, tal qual uma nuvem densa, envolvia os amigos assustadíssimos com a bravata.
- Quero comunicar a todos que não faço mais parte desse time e que me considero livre desse tormento. Hoje, exatamente hoje, completam trinta dias que estou sem beber nada dessa coisa vergonhosa que vocês põem na boca.
Célio Justinho não acreditando no que ouvia, tratou logo de menosprezar o parceiro de copo, que já tentara deixar o hábito, muitas e muitas vezes sem, no entanto obter sucesso.
- Conversa fiada. Parar de beber é para os fracos. Macho que é macho não tem medo de alucinação.
- Mas já estava mesmo na hora de você parar seu Grogue. - sentenciou Billy Rubina. - Ninguém aguentava mais as suas trapalhadas.
- Isso sem falar nos prejuízos para a família toda, da aposentadoria compulsória, dos desentendimentos com os filhos e a mulher, que de vez em sempre, levavam umas porradas. - Completou Zé Cílio Demorais.
- Imagine você que esse retardado, no estado em que estava, num dia, apareceu por aqui reclamando das dores nos joanetes. - relatou Pery Kitto - Ele disse que sentia muito incômodo e que por causa disso tinha até que usar uma bengala pra andar. Mas quando olhei pros pés dele vi que a besta estava com o sapato do pé direito no esquerdo e o do esquerdo no direito.
Diante da gargalhada que irrompeu no grupo, Pery Kitto arrematou:
- E já fazia uns 15 dias que ele andava assim. O "mental" tinha acabado de comprar os sapatos e gostou tanto deles que não tirava nem pra dormir.
Sentindo-se muito envergonhado Van Grogue tentou frear a gozação dizendo num tom sério, grave, que remetia a muita responsabilidade e importância.
- É minha gente... Eu parei mesmo com isso tudo. Não quero mais saber dessa vida. Queiram vocês saber que uma decisão dessas, igual a minha só é possível para poucos e bons.
Outra onda de gargalhada explodiu fazendo com que Maçarico se preocupasse com as possíveis queixas dos vizinhos que já davam sinais de mobilização, contra as 'gandaias' frequentes no boteco.
Van preparava-se para sair quando entrou a professora Dina Mitt. Ela trazia dois sacos de estopa que colocou cuidadosamente no chão logo depois que pediu uma cerveja.
- E aí Dina? Tudo certinho? - perguntou Donizete Pimenta. Vai tomar aquela cerveja esperta?
- Ninguém é de ferro, né meu filho? - respondeu a mestra, ajeitando com cuidado, os sacos que estavam no chão.
- Você já sabe da novidade? - indagou Pery Kitto.
- Que novidade? - Quis saber a mulher que recebia a garrafa de cerveja servida por Maçarico.
- O Van Grogue parou de beber.
- Verdade Van? - Perguntou Dina Mitt espantadíssima.
- Exatamente. Hoje faz 30 dias que parei com a esbórnia.
- Muito bem seu Van, mas eu só acredito vendo. Para ter a certeza de que você não pertence mais a essa nossa turma quero que passe uma semana comigo lá no meu rancho. Nós vamos pescar andar a cavalo e nos divertir muito. Estou saindo daqui a pouco. - desafiou Dina. - Topa?
Diante do pessoal todo que, em silêncio, o olhava, aguardando uma resposta, Van respondeu:
- Ah, vamos sim. Por que não?
Logo depois que Dina Mitt terminou de beber a cerveja, pagou a conta e, pegando os dois sacos com muito cuidado, pediu ao Grogue que a acompanhasse até o carro.
- O que é que tem nesses sacos dona Dina? - quis saber o Zé Cílio.
- Nesse aqui tem um garrafão de pinga. - garantiu a mulher levantando, com cuidado, um dos sacos.
- Mas pra quê? - indagou ingenuamente o Pery Kitto.
- É que lá tem muita cobra. E no caso de picada a gente cura com pinga. Você entende? - respondeu a mestra.
- Ah, bom. - Disse em uníssono o pessoal, já preocupado com o Van.
- Mas e no outro saco? O que é que tem? - inquiriu curiosíssimo o Donizete Pimenta.
- É uma cobra. Vai que a gente chegue lá e não tenha nenhuma, não é verdade?
Boquiabertos os amigos viram o Grogue entrar na velha Rural Willis da professora que, sem vacilar, pisou fundo no acelerador.
É muito triste não conseguir identificar, na agressão ao monsenhor Jamil Nassif Abib, a ausência da educação, do descaso com a saúde e a deficiência na segurança pública.
Esses valores não são prioridade no município. Aqui o que vale, como todo mundo sabe, é a fábrica de automóveis, o presídio novo, as pontes, viadutos, asfaltamento de ruas já pavimentadas e a magnificência de alguns prédios públicos.
Enquanto isso o salário do funcionalismo desacorçoa os que o recebem e desestimula a quem deseja tornar-se um servidor municipal.
Achei muito esquisito, quando diante da quantidade de analfabetos e analfabetos funcionais na cidade, um professor justificou dizendo que "os alunos não querem aprender".
Daí surge a questão: os discentes não desejam aprender ou haveria a acentuada inabilidade na transmissão do conhecimento? A maior preocupação dos professores, hoje em dia, é o salário.
Com uma situação dessas quem é que consegue pensar em socializar eficientemente?
Sem os bons princípios que a escola pública não transmite a saúde também não teria tanta importância. O uso de drogas e a negligência no trato do próprio corpo, não resultariam em situações muito benignas, inclusive para as pessoas ao redor.
Diante de uma legião de desempregados, moradores de rua drogados e violentos, a cidade que não fortalecer o seu sistema público defensivo, porá em risco a integridade moral, física e patrimonial dos que pagam em dia os seus impostos.
Acontece, meu querido leitor, já dissemos e tornamos a repetir, que o que notabiliza os senhores governantes atualmente, aqui em Piracicaba, não é a saúde, a educação e a segurança públicas, mas sim a fábrica de automóveis, as pontes, os viadutos e os edifícios luxuosos.
Então alguém tem que pagar por isso. Infelizmente o monsenhor Jamil Nassif Adib foi o primeiro a sofrer as consequências dessa tal política soberba e insensível.
É bom rezarmos para que os ânimos mais irascíveis se contenham adaptando-se às modernidades.
Quando falamos que a política dominante em Piracicaba está, há dezenas de anos equivocada, alguns respondem que haveria exagero na assertiva.
Não tem como negar que a destinação dos recursos financeiros para a construção de pontes, viadutos e asfaltamento das ruas já pavimentadas, desguarnecem alguns setores vitais da sociedade.
O número de moradores de rua, desempregados, pessoas viciadas em drogas, em álcool, e doentes que permanecem atualmente dia e noite na Praça José Bonifácio, nunca foi tão significativo.
No ataque ao monsenhor Jamil Nassif Abib, de 72 anos, quando celebrava a missa de domingo à noite (19), na Catedral de Piracicaba, é inegável a existência de alguns elementos frutos dessa orientação politica, interessada só nas obras de concreto.
Perceba meu querido leitor, que a ausência da sanidade, da educação e também da segurança pública, não deixa de ser um dos componentes notáveis desse ato criminoso e covarde.
Por que a politica do PSDB em Piracicaba, durante essas décadas todas em que ocupa o poder, haveria de se preocupar com a boa educação, o cuidado com a saúde e a segurança, se o que mais notabilizaria os seus dirigentes seria a fábrica de automóveis, o presídio e a suntuosidade do prédio da biblioteca pública?
É claro que alguns pagam caro por isso. Por falhas na educação básica, pessoas de bem sofrem diariamente, nos bairros periféricos, as agressões impunes praticadas por incivilizados, verdadeiros insanos desenfreados. E não tem como negar que essas mentes sejam frutos do descaso da política que não se preocupa com o cidadão comum.
Como é que se deixa de saber que a ausência da repressão ao uso de drogas, é a responsável por tanta loucura e violência contra pessoas e propriedades particulares?
Como não afirmar que as autoridades públicas não desconhecem a existência dos problemas e que simplesmente se omitem em buscar soluções?
Como você não pode afirmar que o cidadão eleito, não pensa em outra coisa que não seja única e exclusivamente nas ações que lhe garanta a permanência perene no cargo?
As pessoas sabem quem são os bandidos de uma rua. Os moradores conhecem quem depreda as casas desocupadas, espalha lixo, destrói os arbustos ornamentais e perturba o sossego público.
No entanto esses senhores, que ainda ocupam o poder, nada fazem alegando não lhes ser da competência, os tais problemas.
E um dos resultados é esse ocorrido com o padre Jamil Nassif Abib. Qual autoridade pública será a próxima vítima dessa sua política tão soberba e insensível?
As maldades que fazem com alguns recém-nascidos não constam de nenhum gibi. Mas os motores das crueldades não deixam de ser a frustração, o ódio e a inveja.
Na maioria dos casos os parentes mais próximos é que se valem desse expediente covarde, para se desonerarem do desconforto causado pela descompensação.
Basta uma vacilada da mamãe e pronto: lá está a tia ou a babá nervosa sozinha com o bebê a dizer-lhe palavrões, rogar-lhe pragas e a machucá-lo fisicamente.
As frustrações com os filhos, com o marido, com a mãe já idosa, com o irmão pinguço que não sai do bar, podem conduzir o espírito de bruxa a descontar, no pequeno ser vulnerabilíssimo, as mágoas todas.
A titia, ou a babá rancorosa, troca o seu mal estar pelo sofrimento do infante. Veja que a visão do neném chorando, desesperado, com dores, agoniado, dar-lhe-iam satisfação e muito prazer.
Até mesmo a esperança de que aquele seu objeto de vingança venha a ser destruído, pervertido ou danado, pode tranquilizar momentaneamente a titia portadora do intenso ódio secreto.
Repreender o bebê como se repreendesse o pai ou a mãe dele, saciaria a tal personalidade covarde e simuladora.
Quando não há crianças na família ou na vizinhança, a perversidade busca nas maternidades, os seus alvos indispensáveis.
Perceba que a incapacidade para conversar, solucionar as dúvidas, apaziguar os tormentos, são importantes na composição dessa aberração, desse desvio doentio de conduta.
Os impasses nas questões de herança, a escassez do dinheiro e a ansiedade, diante dos vencimentos das contas, conduzem sem dúvida nenhuma, as tais almas desajuizadas à atormentação do bebê ainda no berço.
As crianças agredidas vivem momentos pré-verbais, isto é, não falam. A área de abrangência da sua visão é limitada. As impressões que lhes provocam as atitudes agressivas, bastante desconfortáveis, são associadas ao que ela pode ver e ouvir nos momentos de violência.
Os nenês são passíveis de agressões físicas, morais, ou ambas simultaneamente, durante a alimentação, a troca de fraldas, o banho e o sono.
Não haveria dúvidas de que os comportamentos inexplicáveis, de alguns adultos, teriam origem nestes instantes da vida do bebê.
Babá agride criança
Veja no vídeo abaixo alguns momentos em que uma babá agride covardemente uma criança indefesa.
O que mais poderia parecer esquisitíssimo do que um sujeito muito nervoso parar um carro velho branco, defronte sua casa e de forma imperativa, tentar vender-lhe um frasco de mel?
- Boa tarde. Fique com esse mel. Só R$20. - ordena o camarada agitadíssimo, colocando a embalagem plástica com o conteúdo suspeito, sobre o portão.
- Não obrigado. – digo-lhe esquivando-me; busco dispensar o chato rapidamente e voltar pra dentro de casa.
- É pra ajudar. Só R$20. Me ajude a comprar um marmitex. Vendi 43 até agora. - insiste o pegajoso num tom de quem ordena.
- Muito obrigado. Não posso comer muito doce. Me faz mal. - defendo-me.
- Só R$20. É pra ajudar a comprar o almoço de hoje. Seu vizinho já comprou. - garante o homem apontando, com o frasco, a casa ao lado.
- Não. Não estou interessado.
A rejeição ao invés de esmorecer o chatoso, incita-o a insistir cada vez mais e mais veementemente. Seu rosto intumescido demonstra que ele pode estar irado, pronto para uma possível agressão.
- Experimente um pouco. Tem 45% de sais minerais e vitaminas essenciais ao organismo. O senhor vai gostar. Abra a mão! - comanda o homem tirando a tampa laranja do vaso.
Constrangido, sem ter mais o que dizer, estendo a mão; ele despeja uma quantidade pequena do líquido viscoso e marrom sobre a palma. Levo à boca e ele então arremata:
- Faço por R$12! Ajude a comprar o meu marmitex de hoje.
Faz parte, há muito tempo, do rol dos meus argumentos finais a alegação da escassez monetária. Então eu mando ver com uma expressão entristecida no rosto:
- No momento estou sem dinheiro.
- Eu deixo por R$10, só pra ajudar. Vai!!!
- Não, muito obrigado. - recuso mais uma vez.
- Pode ficar. É um produto bom. Eu colhi hoje mesmo. - insiste o impertinente. - É só R$10.
- Um momento, por favor. - digo-lhe entrando pra dentro de casa.
- Viu? Faço por R$10 pra você. - matraqueia o camarada às minhas costas enquanto caminho apressado.
Sem me voltar transponho a porta e, na cozinha, encontro a patroa que, assustada, indaga sobre o significado daquele debate, quase duelo, à tardezinha, no interior da garagem.
- O cara quer me vender mel. Você tem R$10? - pergunto.
- Vai comprar mel? Você sabe o que tem no meio daquilo?
- É só pra dispensar o cara. - argumento.
- Deixa comigo. - diz a patroa indo em direção ao teimoso.
Passados alguns minutos a mulher volta com uma expressão de serenidade no rosto.
- E aí? - pergunto.
- Mandei embora. - responde ela com segurança.
- Como você fez? - indago buscando descobrir o segredo.
- Eu disse não. Você tem que aprender a dizer não.
- Aprender a dizer não? - resmungo incrédulo, num tom quase inaudível. - Como é que se faz isso?
Quando você está cercado por idiotas hostis, se não tiver algum cuidado, pode se complicar e muito.
Sua integridade física e até mental está ameaçada se da personalidade, dos morfologicamente prejudicados, fizer parte o analfabetismo, associado ao uso das drogas lícitas e ilícitas.
E não adianta reclamar contra a opressão, pois a turba pode ter simpatizantes na igreja, na câmara de vereadores, na prefeitura e em muitos outros lugares da cidade.
O importante é manter a calma diante das provocações diuturnas. Os idiotas hostis utilizam as mais variadas maneiras pra tirar, a quem não simpatizam, do sério: furtam-lhe o lixo, jogando-o depois defronte a sua casa; espalham boatos e mentiras a seu respeito nos bares; provocam ruídos e contaminação do ar, durante os horários das refeições; buscam prejudicar-lhe o sono incitando cães a ladrar durante horas e horas seguidas, e por ai vai.
Uma das características dos portadores desse tipo de má formação genética é a conhecida fala automática em que o deficiente repete, incansavelmente, durante muito e muito tempo, estereotipias com as quais julga maltratar seus vizinhos.
A dinâmica de que se valem os boçais é semelhante à praticada nos jogos de futebol: provocam, de forma bastante velada, a um determinado jogador até que ele reaja com faltas.
No quarteirão onde os idiotas predominam há invariavelmente muita sujeira; os arbustos ornamentais são sempre danificados, as casas vazias, donde se mudaram os moradores, são muitas vezes invadidas, depredadas e até postas abaixo.
Não há quem ouse meter-se contra os idiotas hostis. As autoridades religiosas e civis, não se sabe se por impotência ou ignorância, buscam mais "passar a mão na cabeça" dos transgressores do que ensiná-los a se comportar civilizadamente.
Nos Estados Unidos algumas reações a esses tipos de provocações geralmente não terminam muito bem.
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