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Do jeito que a coisa vai indo é previsível que o tal transforme-se em lobisomem dentro de pouco tempo.
E esse prêmio aconteceria, é claro, em decorrência das atitudes dele, muito mais apegado às alegrias que lhe dão os transtornos causados aos outros.
O sujeito achou que deveria inovar a escrita comum. Então ao invés de seguir o preceito "se não ajudar, pelo menos não atrapalhe", o odiento decidiu não auxiliar, e ainda por cima, embaraçar o contexto da situação.
Avisado ele foi. Talvez quisesse reinventar a roda ou redescobrir o fogo. E as consequências não deixariam de ser outras.
Da mesma forma que o trabalhador aprende a usar o martelo sofrendo pancadas nos dedos, o tal só daria valor aos bons ensinamentos, depois que passasse alguns anos insones, com o corpo coberto por tufos e tufos de pêlos, a perambular pelas ruas, uivando nas noites de lua cheia.
Mas faz parte do progresso pessoal o aprendizado de que é desejando o bem, evitando as crueldades, que receberá dos outros, os benefícios dessas atitudes.
Quem vive a plantar ventos, não pode colher outra coisa que não seja tempestade.
Mas não é?
A ausência de compaixão não deixa de ser, para os especialistas, um sinal de que a tal personalidade seria bastante insensível; que o bem-estar, a saúde e o sossego alheios, não são muito importantes para ele.
O retorno a um estágio mais primitivo, talvez fosse indispensável ao querelante obstinado, para que aprendesse a valorar a pessoa dos próximos.
É claro que devemos ser gratos a quem nos faz o bem. E se essa gratidão puder ser expressa de forma concreta melhor ainda.
A tendência natural é fazer aos outros tudo o que nos fizeram, mas o ideal é retribuir o bem e também o mal, com o bem.
Pode parecer muito esquisito, mas se você repassa o mal que te fizeram certamente que ele continuará circulando e, não sublimado, voltará novamente.
Então a gente pode perceber que haverá a mudança de degrau, de avanço, digamos espiritual, quando soubermos transformar os malefícios recebidos em benefícios à fonte agressora.
É um exercício dificílimo, mas quando apreendido, torna o predomínio do bem-estar, mais presente em nossas vidas.
Às vezes recebemos repreensões cujo objetivo é modificar a conduta, e se nos rebelamos contra elas, veremos que a permanência nos equívocos seria inegável.
Pode parecer estranho, mas a admoestação seria semelhante às marteladas com a marreta, numa placa de metal, que se quer moldar.
A resistência oposta a elas teria como fundamento a sensação de injustiça e o desejo enorme de não submeter-se. Entretanto a vida vai nos mostrando que, às vezes, é necessário dar uma parada, refletir e, não repercutindo os mal-estares das repreensões, transformar tudo em carinho.
Há quem diga que isso só seria possível com a idade. Pode até ser, mas tem muita alma antiga que ainda repassa o mal que recebe.
Na verdade o espírito agressor estaria tão mal e desconfortável, que, à semelhança da erupção de um vulcão, movimentar-se-ia causando uma devastação no ambiente.
Faz parte da nossa existência a submissão aos bons conselhos. A aceitação das correções que nos impõe o bom senso garantiria um viver com melhor qualidade.
Com muito amor aceita-se as regras que conduzem á socialização.
- Fecha a minha conta. Quero pagar tudo e encerrar essa novela por aqui. - Afirmou, com muita segurança, o Van Grogue ao Maçarico que o olhava espantadíssimo.
O dono do botequim abriu uma gaveta sob o tampo do balcão, pegou um caderno surrado, cuspiu nas pontas do polegar e indicador da mão direita, localizou as anotações sobre o freguês e tirando um lápis que mantinha equilibrado sobre a orelha direita, iniciou a contagem.
- Hã-hã, vezes quatro... Mais 250... Hã... Noves fora... Mais tanto de cerveja, pinga... Nem se fale... Bom... Certo... Seu Van, o senhor me deve exatos R$924.
Grogue espantou-se. Boquiaberto e tentando manter a lucidez que ainda lhe restava ele indagou:
- Mas... Caramba. Eu não devia só R$273 ???
- Não, não. Esses R$273 são de uma conta antiga. Quem me devia isso e, aliás, já pagou no dia 23 de agosto, foi o seu pai. Você me deve só R$924.
- Então está bem. Você tem uma caneta? - Van sacou do bolso traseiro um talão de cheques e preenchendo o documento disse:
- Olha, seu Maçarico, o senhor deposita esse cheque depois de amanhã. Entendeu?
A longa experiência com esse tipo de situação despertou no dono do botequim uma sensação bem conhecida. Algo lhe dizia que a coisa não findaria conforme o costume.
Grogue terminou o preenchimento do título e assinando-o com muita pose, destacou-o do talão entregando-o ao credor.
Maçarico anotou, com o lápis, a data em que o documento deveria ser apresentado ao banco. Depois ele riscou as anotações do débito do cliente no caderno puído.
Quando Grogue saia, Maçarico chamou-o dando-lhe uma latinha de cerveja.
- Leva essa. Mas olha... Não é pra beber. Entendeu?
- Uma lata de cerveja e não posso beber? - inquiriu o Van arregalando os olhos.
- Vai na boa!!! - disse Maçarico num tom de quem encerrava a conversa.
Depois de uma semana Van Grogue ligou para o dono do estabelecimento dizendo:
- Maça, meu querido. Tive um contratempo e não pude cobrir o cheque que lhe dei na semana passada. Você segura ele ai pra mim que quando tiver o "cacau" eu passo pra pegar.
- Sem problemas. - respondeu Maçarico num tom de voz suave o suficiente para disfarçar o ódio que sentia.
No dia seguinte Van apareceu no boteco.
- Ainda não consegui o dinheiro. Mas tenha um pouco de paciência que eu logo lhe pago. Me dê uma cerveja. Não esqueça o meu aditivo. Você sabe... Sou viciado nessa pinga.
Maçarico serviu o freguês e tirando da gaveta o cheque devolvido pelo banco mostrou-o ao devedor.
- Olha você não precisa me pagar. Está tudo certo.
Van não acreditou no que ouvia. Ansioso, o perdoado levou a mão em direção ao cheque tentando agarrá-lo.
- Mas espera só um momento. - Disse Maçarico pegando uma régua e colocando-a sobre a parte superior do documento, onde havia a inscrição dos numerais indicativos do banco, agência e conta do cliente. Com habilidade o perdoador destacou aquela parte do cheque devolvendo o restante ao perdoado.
Sem entender as intenções do proprietário do botequim, Van Grogue pagou a cerveja e o “aditivo” que consumiu naquele momento deixando o boteco.
- Quando você beber aquela cerveja que eu lhe dei sua história nunca mais será a mesma. - resmungou Maçarico contendo a raiva enorme que sentia.
Dizem que os momentos antecedentes de uma festa, nos quais se prepara tudo, seriam melhores do que os festejos em si. Alguns ciclistas consideram o percurso, entre dois pontos, muito mais prazeroso até do que a chegada no final.
Há quem diga que a viagem, entre duas cidades, daria mais satisfação, exatamente naqueles instantes em que ocorre o deslocamento.
Nesses três exemplos vemos uma coisa em comum: a partida e a chegada.
Na existência também podemos observar duas ocasiões importantíssimas, que são o nascimento e a morte.
Entre o berço e a sepultura, há um "caminho"; existe o viver. A permanência entre esses dois polos pode ser bem breve ou longa, dependendo da providência divina e também do que nos dispomos a fazer.
É mais do que sabido que o estilo de vida contribui, em muito, para uma realidade longeva; assim o uso imoderado do álcool, do tabaco e outras drogas, levariam às conturbações danosas ao bem-estar, tornando consequentemente, sofrida a vivência do cotidiano.
Perceba que as discussões intermináveis, as agressões contra as pessoas mais jovens, violência contra os mais velhos, e a total incapacidade para adaptar-se, às novas circunstâncias, fariam do indivíduo um sofredor incurável, que por sua vez, faria padecer aqueles que o rodeiam.
O sujeito perturbado, querelante, reivindicativo, obstinado e cultivador do ódio, tem muito mais chances de sofrer acidentes vasculares cerebrais (AVC), infartos do miocárdio e esgotamento nervoso, do que aqueles que se ocupam em louvar o sagrado e observar as leis, tanto dos homens quanto as da natureza.
A agitação, o agir atabalhoadamente, além de não beneficiar a si próprio, lesaria a outras pessoas. Os desencantos todos contribuiriam, num verdadeiro círculo vicioso, para o desconforto ainda maior do desorientado.
Fazer o bem, evitar o mal, seria um bom princípio para o estilo de vida mais inteligente e saudável.
Os acidentes ocorridos recentemente com dois trabalhadores da construção civil, no Rio de Janeiro, nos fazem pensar que algumas coisas não estariam bem corretas e precisariam de revisão.
A primeira delas é a de que os operários têm descuidado da própria segurança.
O uso dos equipamentos protetores tais como capacete, luvas, botas e óculos, podem não estar a contento, e isso, sem dúvida nenhuma, propiciaria a ocorrência dos acidentes no trabalho.
A segunda é a de que as ações do trabalhador, no local do trabalho, careceriam de maior cuidado e mais atenção.
No caso do pedreiro Eduardo, que teve o crânio transpassado por um vergalhão de ferro, talvez fosse possível evitar o mal, se houvesse mais zelo na amarração dos vergalhões no feixe que seria içado.
Na ocorrência mais recente, em que o trabalhador caiu sobre uma ponta de ferro, que lhe atravessou o pescoço, pode-se inferir que a ausência do equilíbrio, foi sem dúvida, o elemento causador do resultado do acidente.
Trabalhar em estado de sobriedade e com os equipamentos recomendados, favoreceriam, em muito, a redução dos imprevistos lesadores na construção civil.
A terceira coisa que nos leva a pensar o infortúnio desses trabalhadores, é que eles tiveram uma sorte terrível. Apesar da gravidade dos ferimentos, eles permaneceram vivos.
A ocorrência de sequelas, decorrentes das lesões no cérebro e no pescoço, dependerão de como foram atendidos pelos socorristas, bem como pelo estilo de vida que levarão daqui pra frente.
O quarto fator que se depreende, com esses acidentes, é de que o atendimento médico, que eles tiveram, teria sido fundamental para a recuperação deles.
É bom não abusar da sorte. Prevenir antes ainda é melhor do que remediar depois.
Em cidade pequena quase todos se conhecem, pelo menos de vista. Essa familiaridade implica em conhecimento dos hábitos relacionados a tudo.
Dessa forma não é exagero afirmar que as preferências alimentares, e as reações a determinados estímulos, não sejam do saber dos vizinhos.
Se você está em Roma deve agir como os romanos. Mas se você está num bairro cercado por idiotas, o não comportar-se como tal, pode distingui-lo, e isso gera, inclusive, bastante ciúme.
Então, as atitudes hostis prevalecerão no entorno do menos estúpido, com o objetivo de afastá-lo do lugar.
A concentração do lúmpen torna o quarteirão bastante sujo, com a qualidade do ar comprometida, depredações, pichações, furtos e agressões.
A incapacidade dos vereadores, prefeitos e demais autoridades em revitalizar certas áreas, faz com que a deterioração se alastre pelo bairro todo, tornando a qualidade de vida bem medíocre.
Na verdade não há interesse dos políticos, que vivem do superfaturamento das obras públicas, em melhorar o nível de vida das pessoas, nos bairro periféricos. Isso não lhes daria visibilidade e por consequência não lhes traria votos.
Para essas pessoas que enriquecem com o dinheiro destinado a pontes, viadutos e edifícios públicos, quanto menos instrução e informação o eleitor tiver mais facilidade haveria para a permanência dos modos de vida oportunistas.
Então, numa sociedade que tem líderes obscurantistas, dizer que "despertadores matam sonhos", não teria outro significado que não fosse "a instrução pode acabar com a alegria dos corruptos", aliás, há décadas no poder.
Os antigos senhores de engenho, escravocratas, hoje nos mais altos postos governamentais de Piracicaba, podem até tolerar a presença de todos, desde que sejam concordes com tudo o que lhes é dito.
Entretanto a partir do momento que que há discordância, o autoritarismo entra em ação objetivando o abafamento das opiniões contrárias.
Nesse contexto julgo que a cordialidade, a boa educação e o respeito entre as pessoas devem ser muito mais importantes do que qualquer obra pública.
É o que eu tenho dito.
Pegando o Ônibus Errado
Tirando o fato de que lá em cima, no cocuruto do ônibus urbano, há uma inscrição do destino, mas que depois ele segue por caminhos diversos, estaria tudo mais ou menos, com esse tipo de transporte em Piracicaba.
Esperei durante 45 minutos um coletivo no ponto da Avenida Armando Salles de Oliveira, entre as Ruas São José e a Prudente de Morais, onde ali por perto, há muitos e muitos anos, havia a sede de um Consórcio. Se não me engano era o Garavelo.
Meu destino era a Vila Independência, portanto eu deveria tomar o Panorâmica. E realmente, depois daquele tempão de espera, lá veio o tal, com essa inscrição, no local onde é costume haver.
Dentro do veículo, que estava razoavelmente limpo, dirigido por uma motorista simpaticíssima, havia muitos bancos ocupados e por causa disso fui parar num dos de trás, onde me sentei ao lado de uma simpática moça.
Na minha concepção eu estava a caminho da Vila Independência, mas quando passamos do local onde o ônibus deveria seguir pra chegar naquele bairro, eu percebi que a história era outra.
É claro que não demonstrei, à jovem ao lado, a minha surpresa sobre os caminhos que o transporte tomava. Ela certamente sabia pra onde ia. Por isso iniciei a conversa falando sobre o tempo.
Ela concordou pronta e timidamente que a temperatura havia aumentado; que os dias estavam bem quentes.
Nos assentos mais afastados, perto da porta de saída, havia duas mulheres maduras conversando sobre o que aconteceu enquanto esperavam o ônibus.
- O cara perguntou se naquele ponto parava o coletivo que ia pra Charqueada. Eu falei que não; que ali não parava nenhum que ia pra lá. - Disse uma delas.
- Eu vi que você mandou ele duzentos metros pra frente. – Respondeu a outra.
- Mas não é? Pra mim ali nunca parou ônibus pra Charqueada.
- Eu ia falar que ponto é ponto e que qualquer ônibus para nos pontos, sejam eles quais forem, mas achei melhor não contrariar a comadre.
- Então... Está vendo?
Assim transcorreu o percurso sem incidentes até a Balbo.
Quando o ônibus chegou ao ponto final, naquele bairro, todos os passageiros já haviam descido. Inclusive a moça simpática.
A motorista manteve o veículo com o motor desligado por uns 10 minutos durante os quais entrou um homem já bem idoso.
- Esse tempo está desequilibrado. Muito desequilibrado. Se fosse andar de bicicleta já tinha caído. – disse ele sentando-se num dos bancos perto de mim.
Falando que tinha sido professor e que era agora pastor, o velho disse que precisava andar a pé por ordem médica, mas que não tinha coragem pra fazer isso.
A conversa seguiu nesse tom até o local onde eu havia pegado aquele ônibus. E foi ali mesmo que eu desci, pra chegar a pé, e muito mais rapidamente, à minha casa.
A língua descontrolada não deixa de ser uma tremenda chateação. E tudo fica mais angustiante ainda quando o portador dessa característica é analfabeto e crente nas superstições.
Há quem entenda o fenômeno como transtorno obsessivo compulsivo, hiperatividade ou que haja a ocorrência de lesão significativa na região do cérebro responsável pela fala.
Quando o paciente tem o vocabulário limitado, por desconhecer o alfabeto, ele repete as mesmas palavras da mesma forma que a impressora de uma gráfica, repete os impressos ao longo do tempo.
Há os que defendem e mistifiquem os portadores, bem como a própria anomalia.
O obsessor, falador compulsivo, busca o controle numa interação, não havendo lógica no seu "discurso"; o alívio da possível tensão minimizar-se-ia com a abstenção da ingesta do álcool, do tabaco e dos estimulantes.
Perceba que o ciúme, atuando como combustível, do portador da doença, torna-o cruel, maldoso e totalmente desprovido de compaixão.
Note que o paciente possuidor dessa afecção, objetivando impressionar as pessoas do seu convívio, controlando-as e obtendo delas o respeito, procura "influenciar" e "dominar" os vizinhos.
Não se pode deixar de admitir que os portadores desse tipo de transtorno sejam deficientes muito mal educados.
Não é incomum, de forma alguma, o aproveitamento dessas situações anômalas por políticos desprovidos de boas intenções. Geralmente as omissões na área da saúde pública e prevenção, ocorrem como retaliação à discordância das opiniões que interessam a eles.
O auxílio de especialistas pode trazer mais conforto para o doente e as pessoas que o circundam.
Na manhã de terça-feira Janaína sentiu a necessidade de caminhar um pouco a fim de arejar as ideias, e livrar-se do incomodo que lhe dava o tédio.
Ela então, resolvendo sair sozinha, embarcou no Sandero GT Line vermelho e, com muita atenção ao trânsito, dirigiu-se ao Shopping que sempre lhe garantia bons momentos de satisfação.
Sentindo que seu carro estaria bem protegido, no estacionamento imenso, daquele novo centro comercial, ela bem à vontade, pôs-se a caminhar sobre o piso reluzente, ornado com figuras de traços finos.
Janaína andava lentamente, desfrutando o prazer que sentia ao observar as vitrines das lojas, especialmente preparadas para atrair e satisfazer os consumidores.
No final de uma caminhada longa ela entrou numa loja e, com o senso estético bastante apurado, comprou três blusas e duas calças jeans.
Ao sair a jovem encontrou-se com a velha e querida amiga Marie de Lurdes a moça alta, loura, cabelos cacheados, que trajava, naquele momento, um vestido verde leve, com alças estreitas e decote generoso.
- Vi você na praia ontem. Eu te chamei, gritei seu nome, mas você não me ouviu. – Disse Marie beijando a amiga.
- E por que não foi falar comigo?
- Estava com pressa. Tinha hora marcada com o advogado. Você sabe não é? Eu me separei do Gaby.
- Eu não sabia. Não deu mesmo pra segurar a onda? – interessou-se Janaina ajeitando as sacolas que trazia na mão.
- Não. O cara ficava cada dia mais violento. As crianças não podiam nem brincar que ele agredia todo mundo. Estava cada vez mais louco. – Marie ao falar sentiu seu rosto avermelhar-se.
- É verdade mesmo que Gaby tem problemas neurológicos? – quis saber Janaina.
- Você sabe não é? O pai dele já não era flor que se cheirasse. Tinha uma genética ruim e ainda por cima não parava com o uísque. Eu pedia, a toda hora, que ele deixasse o maldito vício, mas não tinha jeito.
- Ele não combinava com o Marcelo, seu filho mais velho? – Indagou Janaina.
- Você sabe que o Marcelo é enteado do Gaby, não é? O pai do Marcelo é o Messias, aquele frouxo que não serve nem pra pagar a pensão alimentícia em dia.
- Eu sei. Sei também que eles nunca se deram bem. O Gaby odeia o Marcelo. Mas é verdade que agora estavam se espancando?
- Sim. É verdade. – confirmou Marie. – Não sabia mais o que fazer ou a quem recorrer até que me orientaram a procurar um advogado e foi o que fiz. O Gaby não queria a separação. Mas eu sai de casa e fui morar com a minha mãe. Enquanto isso o doutor fez um processo litigioso. Saímos da audiência lá do Fórum separados.
- Desejo boa sorte pra você Marie. Tomara que agora você encontre alguém que te faça feliz. – disse Janaina afetuosamente beijando a amiga.
- Tudo de bom pra você também, amiga. Acho que agora teremos paz. – Marie sentiu um aperto esquisito no peito e lágrimas escorreram-lhe pela face.
Segurando com firmeza suas sacolas Janaina caminhou durante alguns minutos entrando na área do estacionamento; ao aproximar-se do seu carro notou que a roda traseira direita fora furtada.
Muito Indignada ela ligou para o marido, contando o acontecido.
- Não saia dai. Estou chegando daqui a pouco. – Vociferou Perez ao telefone.
Perez chegou depois de uma hora encontrou-se com a esposa, e foram conduzidos, por um dos seguranças do estacionamento, á presença do gerente que se negava a reconhecer a responsabilidade pelo furto bem como a obrigação de indenizar o cliente.
Enquanto discutiam Janaina esperava ansiosa e cansada.
- Sinto muito seu Perez, mas não podemos pagar por uma coisa que não fizemos. Temos avisos por toda a área do estacionamento informando que não nos responsabilizamos por furtos ou danos que possam ocorrer nos carros.
- Bastante estressado Perez resolveu discutir o problema no judiciário. Chamando Janaina eles iniciaram a caminhada até onde parara seu carro.
- Vou chamar o guincho pra levar o seu, Janaina. – disse Perez acionando o celular.
Satisfeito por se ver livre momentaneamente do problema, o gerente horrorizou-se ao perceber que um odor fortíssimo de gás emanava das aberturas e frestas do chão do corredor todo, onde se localizava a gerência.
Enquanto corria desesperadamente pelos corredores do shopping, agitando os braços acima da cabeça, o gerente esgoelava:
- Seu Perez, dona Janaina, pelo amor de Deus. Vamos resolver logo esse assunto. Ligo agora mesmo para a concessionária mandando vir a roda que sumiu.
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