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Resmungos Rejeitativos

por Fernando Zocca, em 28.06.13



A população brasileira carece e precisa de bom atendimento médico.


Entretanto apesar da oferta dos salários invejáveis oferecidos pelas prefeituras e demais entidades públicas de todo o Brasil, ninguém se apresenta.


Não há voluntários suficientes que, em troca do numerário bastante, para o desfrute de uma vida digna, se proponham a exercer os encargos da profissão.


Uma grande maioria dos médicos na ativa diz que a carência, na verdade, não é de profissional em si, mas sim das condições favoráveis para o pleno exercício dos papéis.


A conclusão lógica, no entanto a que nos leva essa situação toda é a de que, realmente o efetivo, isto é, a quantidade de profissionais existentes atualmente no Brasil é insuficiente para suprir a demanda populacional.


O governo federal, sensibilizadíssimo para a questão, tem sugerido algumas alternativas a fim de resolver este problema sério da população.


Uma delas é a da oferta de vários benefícios e vantagens aos estudantes de medicina, em troca do trabalho, durante um tempo determinado, nas regiões mais carentes.


Outra proposta beneficiosa para as pessoas carentes seria a de trazer médicos de Cuba.


A criação de mais vagas, nas escolas de medicina, não deixou de ser cogitada e é objetivo da atual política do Ministério da Saúde.


Note que a implantação de novas faculdades, bem como a apresentação de todas estas outras alternativas causa arrepios e resmungos rejeitativos da classe médica que vê, para a solução deste grave problema nacional, única e exclusivamente, a melhoria dos salários e das chamadas "condições de trabalho".


Os diagnósticos e a terapêutica são diferentes. Enquanto transcorrem as observações do "paciente", a fim de se decidir pelo procedimento a ser adotado, a população vai se virando como pode.


O surgimento das práticas terapêuticas alternativas e a emergência de curandeiros e benzedores é consequência natural. Não se pode e nem se deve reclamar disso.


 

 


 

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publicado às 22:03

Rasgando duplicatas e promissórias

por Fernando Zocca, em 21.06.13


Na sala de aulas lotada com alunos de sete anos.
Zezinho levanta o dedinho indicador, da mão direita, e pergunta para a professora, que escrevia na lousa, o texto que copiava de um livro.
Zezinho: Dona, existe o verbo miar?
Professora: (arregalando os olhos azuis, fitando-o por cima dos óculos) Imagina, menino. Quem mia é gato. Que arte é essa? Já pensou em conjugar o verbo miar?
Zezinho: É verdade que a vaca muge? 
Professora (irritada) É verdade. Mas a nossa aula de hoje não é sobre girolanda ou gatos e seus miados. Mas sim de matemática. Presta atenção.
Zezinho: (levantando-se e com o caderno na mão) Dona, quanto é 1 + 7 + 5 + 4?
Professora: (irritadíssima) Cala essa boca menino. Olha que eu mando esse apagador na sua cabeça. 
Zezinho: (sentando-se) E depois a senhora manda tirar um raio-x da minha moleira?
A professora desiste de falar com o menino. Ela volta-se e continua escrevendo a tabuada do 2 no quadro negro.
Zezinho: A senhora tem um fusca?
A mestra coça a cabeça; ajeita os cabelos brancos e os óculos sobre o nariz, mas não responde.
Zezinho: Meu pai comprou um fusca branco. Veio lá de Natal, no Rio Grande do Norte. A senhora já andou de fusca? Minha mãe disse que custou só R$ 1.990. A senhora acredita?
A professora nervosíssima, coloca o livro sobre a mesa, o giz no quadro negro e sai da sala. Quando volta vem acompanhada pelo inspetor. Todos os demais alunos iniciam uma conversa que se generaliza. Burburinho.
Professora: (apontando o Zezinho) É aquele ali.
Inspetor: Vem pra cá moleque. 
Zezinho levanta-se e, com bastante medo, caminha em direção ao funcionário.
Zezinho: (olhando, de baixo para cima, o rosto do homem) O senhor vai morder o meu pescoço que nem o morcego; que nem o Drácula?
Professora: (dirigindo-se ao inspetor) O que é que eu faço com este menino?
Inspetor: Deixa comigo.
O funcionário e o menino saem. Na sala da inspetoria o homem manda o garoto sentar-se na cadeira postada defronte a sua mesa.
Inspetor: O que é que está "pegando", garotinho?
Zezinho: E eu sei lá? É verdade que o Batman é um morcegão dentuço?
Inspetor: Você não para quieto. Vou falar pra sua mãe te levar pra médica. Conhece a Rita?
Zezinho: Que Rita?
Zelador: A Rita Linna. Conhece?
Zezinho: Não. Eu conheço o Billy Rubina e um amigo do meu pai que chama Silly Kone.
Inspetor: (irritado) Olha, vou chamar a sua mãe e pedir que ela, no mínimo, te leve a um psicólogo. 
Zezinho: Minha mãe já me levou, mas ele não quis mais me ver; disse que ficou muito atrapalhado comigo. O senhor é maestro?
Zelador: Que mané maestro, moleque?
Zezinho: Maestro é o que rege a orquestra. O regente. Já ouviu falar?
Inspetor: (carimbando as cadernetas dos alunos) Não tenho nada com maestros, regentes. Fique quietinho. Já vai dar o sinal do fim das aulas. Você já vai embora.
Zezinho: O senhor já andou de ônibus?
Zelador: É claro. 
Zezinho: Minha mãe falou que pegou um ônibus e tinha um morcêgo tipo Drácula lá dentro. O  senhor acredita?
Inspetor: Hã-hã. 
Zezinho: Então... Ela falou que a manicure, que estava com ela, disse que o morcego só andava de ônibus. E que o motorista bateu nele com uma vara de bambu. Sabe aquelas varas de pescar mandi?
Entra uma faxineira varrendo o chão. Passa a vassoura sobre os pés do menino, que se levanta rapidamente. A mulher vê uma moeda de R$1 no chão, abaixa-se, pega-a, certifica-se que os demais não notaram e a guarda no bolso.
Faxineira: (olhando para o forro) Ganhei do meu vizinho.
Zezinho: (apontando a mulher) Ela é uma bruxa? É verdade que o Jonas ficou três dias na barriga da baleia? O senhor conhece o Jonas? É verdade que o Jonas é um ladrão e que por isso fugiu e depois  disse pra mulher que a baleia tinha engolido ele?
A faxineira sai da sala. 
Zezinho: Minha mãe falou que o diretor da escola rasga notas promissórias e duplicatas.
Inspetor: Olha deu o tempo. Terminou. Por hoje chega. Vai. Volta para a tua classe, que já deve estar vazia, pega as tuas coisas e vai para casa.
O menino caminha em direção à porta mas para e volta.
Zezinho: Qual é a diferença entre 100, cem e sem? 
Inspetor: (muito irritado) E eu sei lá moleque?
A professora entra na sala.
Professora: (bem calma; passa a mão na cabeça do menino) E aí garotinho, melhorou? Toma tuas coisas.
Zezinho: (saindo) Melhorei. Meu tio Richard vem me buscar. Conhece o tio Richard?
Inspetor: (desolado e choroso) Minha Nossa Senhora. Que maldade eu fiz pra merecer este castigo?
Professora: Não é brinquedo não. Te cuida linguarudo.
Desce o pano.

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publicado às 12:39

Nepotismo pode!

por Fernando Zocca, em 08.06.13

 

Doutora Lorca. Foto: Internet


Com a rejeição do projeto de lei de autoria do vereador José Antônio Fernandes Paiva (PT) que impede a contratação de parentes, Piracicaba está dizendo sim ao nepotismo.


Nepotismo é a contratação de parentes, feita por quem ocupa cargo na administração como prefeito, presidente da câmara, vereador e secretário municipal.


Contratação cruzada seria a nomeação de um parente por um colega de partido. Por exemplo: o vereador J manda contratar o filho do secretário B, e este, por sua vez, indica um filho do vereador J.


O projeto do vereador Paiva visava inserir na Lei Orgânica do Município, que nada mais é do que a “constituição” da cidade, a proibição deste hábito nocivo existente na política brasileira desde há mito tempo.


Para que houvesse a eliminação deste velho costume seriam necessários 16 votos a favor. Mas votaram contra o projeto os vereadores José Aparecido Longatto, Carlos Gomes da Silva, Matheus Herler, Luis Arruda, Pedro Cruz e Pedro Kawai,


Não votaram os vereadores João Manoel dos Santos, José Benedito Lopes, Márcia Pacheco, Paulo Campos e Paulo Henrique Paranhos.


O projeto reformador tramitava na Câmara de Vereadores desde 2011 e causava polêmica por impedir a manutenção dos tais atos administrativos fundados mais em laços de parentesco e simpatia do que na eficiência profissional dos candidatos à ocupação das vagas de trabalho.


Na verdade, a rejeição deste projeto do vereador Paiva significa a negação do mérito; representa o impedimento da inserção da meritocracia na combalida administração pública.


Pessoas são contratadas não por serem mais eficientes e destacarem-se nas suas áreas de atuação, mas por terem parentes que já ocupam cargos na máquina administrativa.


Com este tipo de postura legislativa, desequilíbrios gravíssimos continuarão ocorrendo na sociedade, gerando sérias consequências sociais e comprometimento do desenvolvimento econômico.


Mais uma vez, Piracicaba perdeu a chance de se destacar, saindo na frente, instaurando ações de uma tendência democrática predominante no mundo civilizado.   

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publicado às 11:21






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