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Fios e Fitas

por Fernando Zocca, em 29.07.13



Trava. Bloqueio. Confronto. Flagrante. Esta é a história do gatinho amarelo que, ainda sem juízo, "entrou na conversa" do gatinho cinza e se deu muito mal.

Os fatos ocorreram há algum tempo, numa cidade não tão muito grande, mas bem famosa.

Foi assim:

Numa noite tranquila do interior o gatinho amarelo resolveu passear. Ele percebera que a ausência de movimento ali na sua casa era bastante chata e por isso, depois de lamber as patas dianteiras, pôs-se a caminho da calçada.

Ele andou lentamente pelos lugares conhecidos e, achando que não encontraria nenhuma novidade naquela incursão, parou na esquina, onde estava um outro gatinho. Este era cinza e, sentado sobre as patas traseiras aguardava, há algum tempo, com o olhar sereno, o semelhante que se achegava.

Ao se aproximar o gatinho amarelo informou:

- Que marasmo. Tudo parado, sem novidades. Onde estão as gatas deste lugar?

O gatinho cinzento lambendo a pata dianteira esquerda respondeu:

- Estão todas lá no clube, no centro da cidade.

- Vamos então pra lá - retrucou o gatinho amarelo.

- Imagine! Você sabe quanto custa o ingresso? Só pra entrar é uma nota preta. E depois tem o consumo no bar. Você vai ficar de bobeira com a gata do lado e não vai comer nem beber nada?

- É. Tem que ter algum dinheiro. Eu estou sem nenhum. E você, gato cinza, tem com o que entrar no clube? - quis saber o amarelo.

- Eu não tenho nada. Estou liso feito um sabonete. Mas podemos fazer um serviço que nos renderá algum dinheiro. É meio complicado, mas se der certo a gente vai ver as gatas, na próxima semana.

- Ah, é? Como assim? - interessou-se o gatinho amarelo.

- É o seguinte: está vendo aquele portão marrom ali, bem ao lado daquela sapataria?

- Hã-hã. Quase no meio do quarteirão?

- Exatamente. Lá dentro é uma “auto elétrica”. Sabe esses caras que consertam rádios e toca-fitas dos carros? Então. Lá tem um monte de fios, mas uma montoeira mesmo de fios de todas as cores, enrolados.

- Sim, mas e daí? - quis saber o gatinho amarelo.

- E daí que a gente entra lá, pega os fios, e depois vende no ferro- velho.

- Mas quem vai comprar fio velho?

- Não é o fio velho que vale, mas o cobre com que é feito. A gente pega os fios, queima aquela capinha externa de plástico e vende o cobre que custa uma nota preta - completou o gato cinza.

- Será?

- É verdade. Veja só. A rua está sem movimento. Não tem ninguém olhando. A gente pula o portão marrom e pronto. É nóis na fita, mano. Vamos lá?

O gatinho amarelo sentiu medo. Mas como não via outra forma de conseguir o dinheiro para pagar o ingresso no clube onde as gatinhas famosas e bonitas estavam, aceitou o convite.

Bem devagarinho eles se aproximaram do portão de madeira e viram que a altura seria um problema a ser resolvido. Eles não alcançavam a borda superior.

- Eu te ajudo. Vai você primeiro. - cochichou o cinzento - Olha, suba aqui no apoio. - disse ele fazendo um suporte com as patinhas dianteiras entrelaçadas.

O amarelo então subiu no apoio, alcançou a parte superior do portão e com as patas traseiras manteve-se equilibrado sobre o portão.

- Desce pra dentro - murmurou com voz firme o gato cinzento.

O gatinho amarelo olhou para o chão da oficina e viu que era recoberto com pedrinhas pequenas de cascalho.

- Hum... Isso vai machucar o meu pé - pensou ele antes de pular pra dentro da propriedade.

- Pula sua besta! - estimulou o cinzento - Vai que depois eu vou.

Saltando sobre as pedrinhas, naquela noite quieta o gatinho amarelo percebeu que estava entrando numa "roubada".  Com a subida do gato cinzento sobre o portão, este balançou fazendo bastante ruído.

- Não faz barulho, seu burro. Quer acordar a vizinhança inteira? - reclamou o cinzento para o amarelo acuado.

- Foi você que fez o barulho, seu retardado - defendeu-se o gatinho amarelo.

- Venha, vamos entrando lá pro fundo. É lá que estão os fios pretos. Tem um monte de rolos deles.

- Espera um pouco. Vou fazer xixi. Esse clima me deixou muito nervoso - disse o amarelo.

- Agora não é hora disso cabeça! - reclamou o cinzento valente.

Os dois gatos, caminhando lado a lado, entraram até o local onde o eletricista tinha a bancada. Havia ferramentas, material elétrico, aparelhos de som, rádios, toca-fitas, fitas e um mundão de coisas amontoadas.

- Nossa, que medo! Vou embora. Olha que vem vindo gente - disse desesperado o gatinho amarelo.

- Que nada, seu burro. Fique quieto. Olha quanto fio a gente pode levar. Isso vai dar um bom dinheiro. Vamos pegar e ir embora.

- Nada disso. Eu vou me mandar. Você está louco, cara? Olha, vem vindo alguém - o gatinho amarelo estava mesmo muito nervoso e desorientado. Na verdade ele estava bem tonto.

- Você já veio até aqui. Vamos continuar e terminar o serviço - insistiu  o cinzento.

- Nada. Estou fora - garantiu o gatinho amarelo correndo pelos pedriscos e subindo facilmente sobre o portão.

O gato cinzento vendo que não poderia carregar todos aqueles fios sozinho, foi atrás do amarelo que já estava na rua.

Eles se encontraram defronte ao portão da “auto elétrica”. Conversando baixinho caminharam calmamente até a esquina onde ficaram por alguns momentos.

- Mas, cara, como é que você vai arranjar dinheiro pra entrar no clube e namorar as gatas lindas? - queria saber o cinzento.

- Estou com um medo do caramba. Não posso fazer isso.

- Vamos voltar e fazer a coisa bem feita. Venha que vai dar tudo certo.

Sem poder dizer não e impossibilitado de livrar-se do cinzento catinguento, lá foi o amarelo levado pela conversa do equivocado.

Depois de subirem novamente no portão, de pularem pra dentro da propriedade alheia, de pegarem dois ou três rolos de fios, desceram os dois para a calçada defronte ao estabelecimento.

Mas quando estavam ainda distraídos foram ambos surpreendidos pelo dono da oficina que os flagrou no delito.

O gato cinzento correndo muito conseguiu escapar, não acontecendo o mesmo com o amarelo que, seguro pela vítima do furto, deu-lhe uns tabefes, fazendo-lhe em seguida muitas perguntas sobre quem era, onde morava, quem seriam seus pais e o que faria com o material surrupiado.

Envergonhadíssimo e pedindo muito ao homem que o soltasse, o gatinho amarelo prometeu que nunca mais faria aquilo.

Quando entrou em casa, naquela noite, a mãe do gatinho amarelo, percebendo que algo estranho acontecera com o filhote, disse tranquilamente:

- Diga-me com quem andas, meu filhote, que eu te direi, com muita segurança, quem és.


(Texto revisado). 

29/07/2013

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publicado às 20:38

Aprimoramento Moral

por Fernando Zocca, em 23.07.13

 

 

 

 

Vou logo dizendo que não sou monarquista. Que isso fique bem claro, bem explícito.


Entretanto não posso concordar, de jeito nenhum, com a afirmativa de que toda monarquia termina em anarquia. Se assim o fosse, a Inglaterra, a Espanha, o Japão e dezenas de outros países estariam hoje anárquicos.


Queremos crer que os anarquistas teriam por verdadeira a concepção de que se não houvessem as leis, não haveriam também as violações e os apenamentos consequentes.


Mas é inegável que sem o ordenamento legal não haveria ordem, justiça e progresso. Sabemos que a paz é consequência da Justiça.


Sem as regras, as leis, como dizer o que é certo, o que é errado e aplicar, desta forma, a equidade?


A complacência causa a negligência na apuração dos fatos, na aplicação das penas legais e pode agravar, ainda mais o descrédito, tanto do legislativo quanto do judiciário.


É falsa a noção de que a estrutura legal do país seja impeditiva da ascensão social. Milhares de cursos, financiamentos e oportunidades, para todos, vicejam atualmente no cenário brasileiro.


Perceba que esses mecanismos sociais possibilitam a aquisição do conhecimento educacional necessário à melhoria de vida do cidadão.


Se não for com a aplicação das punições previstas nas leis, como mudar a realidade presente em um bairro que via o pai machão, maluco, doido de pinga, que obtinha o respeito da mulher batendo nos filhos, impondo-se asperamente dentro de casa, e que agora vê o filho dele, fanfarrão, querendo manter a simpatia da amásia, e dos enteados, espancando e humilhando os vizinhos?


Baderneiro, irresponsável, que causa dano material e moral a outrem, deve sofrer as penas socioeducativas. Do contrário não poderá o tal cidadão aprimorar-se moralmente, vindo a ser um dia, mais útil a si próprio e aos que o rodeiam.

   

A alegria da patuleia é ver o mundo sem os blogs. É difícil para ela acreditar que isso não seja possível.


Por enquanto não.

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publicado às 18:51

Para Sempre Seja Louvado

por Fernando Zocca, em 06.07.13
Consta das Escrituras Sagradas que, numa ocasião, os apóstolos pescavam em águas tranquilas, quando de repente, o tempo tornou-se contrário, sobrevindo em seguida, uma tempestade fortíssima com ventos, trovoadas, raios e muita chuva.

Todos que estavam a bordo, e no comando, ficaram com medo e, desesperados, gritavam uns com os outros, buscando algo ou o quê os livrasse de tantos perigos.

Jesus dormia tranquilamente quando foi despertado pelo alvoroço, tanto da tripulação, quando pelos ruídos produzidos pela turbulência inesperada.

Instado pelos pescadores, Jesus primeiramente os censurou dizendo serem eles falhos na fé. Em seguida ordenou aos ventos e à chuva que parassem.

Todos admiraram o gesto do Messias, questionando sobre sua atuação até mesmo nos fenômenos naturais.

Não existe o que não possa ter interferência divina por meio de Jesus. Entretanto, para que isso ocorra, alguns "procedimentos" devem ser observados.

Primeiramente, para o acesso direto com Deus, o criador do universo, deve-se (eu já escrevi sobre isso em artigos anteriores), conhecer a Jesus Cristo.

No entanto, a fim de contactar-se com o Rei dos reis, necessita-se antes, achegar-se aos Apóstolos Lucas, Matheus, João, Marcos e ao missivista Paulo.

Obtendo a metanóia, isto é, a transformação, ninguém poderá negar o conseguimento do rumo certo conducente aos seus objetivos legítimos.

Isso aplica-se, veja bem, a todas as atividades da nossa vida. É dedicando-se àquele que veio para que todos tenham vida, que chegaremos, sãos e salvos, ao tão esperado porto. 

É por isso, meu amigo, minha amiga, que não deixamos nunca de reconhecer e dizer:
 
- Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

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publicado às 01:37

Bulindo com o silêncio alheio

por Fernando Zocca, em 02.07.13
Balanços parados. Foto: Monitornews.blog





Em meados da década de 1960 quando frequentávamos as aulas do antigo curso ginasial, no Jerônimo Gallo, na Vila Rezende, íamos e vínhamos de ônibus.
 
Para isso, quando era possível, recebíamos uma cartela de passes comprada mensalmente e que garantia o transporte diário, sem o uso direto do dinheiro.

Esse passe economizava muito tempo eis que não era necessário parar na catraca, efetuar o pagamento ao cobrador e esperar pelo troco.

A tecnologia avançou tanto que, hoje em dia, você utiliza os ônibus e ao passar pela catraca, o faz sem a intervenção do cobrador. Os cartões magnéticos substituem o dinheiro.

Antes as empresas de transporte coletivo empregavam dois funcionários por ônibus. Hoje empregam somente um.
 
Mas chegará o tempo em que os veículos utilizados no transporte de pessoas se movimentarão automaticamente, controlados à distância, com o auxílio de computadores.

Essa tecnologia já existe, empregada nos aviões não tripulados, e avança rapidamente para a adaptação aos carros e demais veículos terrestres.

A economia conseguida, queremos crer, reverterá para o barateamento das tarifas e quem sabe, até na sua supressão.
 
A substituição gradativa do emprego da mão de obra e força muscular é tão notória que só não vê quem não quer. Ou não pode. 

Quem imaginaria, há alguns anos antes, que máquinas venderiam refrigerantes, jornais e atuariam nos bancos, substituindo caixas bancários?

As pessoas não precisam temer o desemprego. Devem antes habilitar-se como empresários.
 
O cidadão empreendedor, que obseva as normas de segurança, as técnicas corretas da sua atividade comercial ou de prestador de serviço, não encontrará muitos dissabores pela frente.

Mas os que não estão aptos ao exercício das atividades lucrativas, sem dúvida, mexerão inadivertidamente com silêncios fundamentais. E aquela máxima "Não bula com o silêncio alheio se não puder com o barulho dele" tem tudo a ver.
 
O empreendedorismo é fundamental para o capitalismo. Mas as regras estabelecidas pela sociedade via câmara dos vereadores, dos deputados estaduais, federais e senado, devem ser obedecidas.

Se assim não o for instala-se a balburdia e aì, meu amigo, salve-se quem puder.
 
Sem as regras, as normas, as leis e a observância delas todas, não é possível organizar-se como Estado, como empresa, como família. Quase ninguém desconhece isso.
 
Ao poder executivo cabe, indiscutivelmente, a função de fiscalizar e fazer cumprir as leis em vigor. A omissão  sujeita o incumbente às penas da lei.
 
Nem duvide. 

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publicado às 13:30






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