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Os baques da insônia

por Fernando Zocca, em 05.05.14

 

 

O baque tem tudo a ver com a funilaria, com o funileiro. Sem ele - o choque - não há danos, amassamentos, deformações; portanto, o "martelinho de ouro" pode ser o bálsamo para a alma dos que passaram por esses perrengues. 

Há quem duvide, mas por causa dos tais danos, existem os que “martelam” durante a noite, neste árduo serviço de "endireitar" as latas, os conceitos, reposicionando as direções. 

Para a concorrência não passa mesmo de covardia a intenção de laborar no silêncio das madrugadas, não dando, ao rival, a chance de se defender com mais trabalho nas latas. 

Há os baques causadores da insônia; fazem com que os elementos do entorno, a eles inerentes, sintam os tremores da ocorrência.  

Aos baques, os calmantes, neurolépticos, sedativos e antipsicóticos não seriam desnecessários. 

Tem gente que vai mais longe.  Os que buscam as causas disso tudo não cansam de afirmar que há na composição deste fenômeno o analfabetismo, as deficiências intelectuais, o alcoolismo, e a covardia. 

Então o meu industrioso leitor perguntaria: escola, educação, sensatez, bom senso, amorteceriam os tais baques? 

A resposta é sim. A educação ministrada por psicopedagogos, psiquiatras, psicólogos e assistentes sociais minimizaria os efeitos maléficos e bem deletérios dos baques.

Baque bom é baque manso, sossegado. Mas não há que se confundir: baque é baque; encostamento é encostamento. 

Para os que acham que nos baques há muito de ignorância, de medo e covardia, dizemos que são portadores da mobilidade extrema; eles só cessam depois da parada total.

Há quem creia ser saudável dizer bom-dia, boa-tarde, boa-noite aos baques.

Eu particularmente, por enquanto, prefiro me abster; escolho as superfícies mais lisas, macias, planas, afáveis, amenas e sociáveis.    

 

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publicado às 11:24






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