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- Mas... E aquele voo de ontem a noite? Me conta, como foi? - indagava Dina Mitt ao atordoado Silly Kone.
- Eu já disse. Foi rápido, mas foi bom.
- Entre a decolagem e o pouso demorou quanto? Tipo 10 minutos?
- Imagina! Nem isso. Foi assim vupt.
- Mas e o preço da passagem? - indagava a curiosa Dina.
- Olha... Não é barato, não. Foi Caro, muito caro.
- Valeu a pena? Quis saber Dina.
- Você sabe... Quem não tem seus momentos de fraqueza?
- De otário, você quis dizer... - abusou a mulher.
- É... De otário. Fazer o quê?
- O pessoal anda comentando que até o Jarbas fez a viagem - arriscou Dina.
- Segundo o comentário lá no aeroporto, era o próprio prefeito que pagava os salários do pessoal de bordo. Sabe aquelas arrumações antigas quando o pai, um tio ou um outro parente qualquer, amigo do dono da empresa, combinava com ele a oferta de vaga de trabalho pro protegido, pagando todos os encargos?
- Sei. O dono do negócio tinha só que aguentar a figura por um determinado tempo lá no empreendimento - entendeu a Dina.
- Então... Por ter o Jarbas perdido a reeleição, não pode mais financiar o projeto. Então houve a dispensa. Mas o Tendes Trame se incumbiu dele mesmo arcar com todas as despesas trabalhistas desde que houvesse a continuação dos serviços de gueixa.
- Mas me conta mais. E os trabalhos de bordo? - Dina estava curiosíssima.
- Olha tem muita maquiagem, luzes coloridas, música ambiente, incensos indianos e uma certa ingenuidade - contou Silly.
- E bebida, rola?
- Você acredita que não? - disse o aventureiro - Mas uma coisa me chamou muito a atenção. Sabe coturnos? Há certa fixação por esse tipo de bota.
- Será que é fetiche? - Dina estava interessada.
- Sei lá pode até ser pé chato. Sabe bota ortopédica?
A bordo do carro oficial do poder legislativo, Tendes Trame, a caminho de Tupinambicas das Linhas, vindo de S. Tupinambos falava ao telefone.
- E aí, amansaram a fera? Como assim? Ele apareceu? Foi lá falar com a aeromoça? Não? Você sabe né Fuinho que neste caso, teremos mesmo problemas nas reeleições. O Jarbas já caiu fora. Você e o Zé Lagartto podem preparar a aposentadoria. Não existe competência nossa nem em divertir os descontentes. Assim, meu amigo, assim não dá, assim, não pode.
Ao desligar o celular Tendes Trame percebeu que estava no meio de um engarrafamento quilométrico e que perderia muito tempo parado.
No bar do Bafão Dina Mitt e Silly Kone prosseguiam a conversa.
- Eu saí de lá era bem tarde da noite. Não dormi nada. Muita tensão. Na portaria o zelador me chamou de rato pelas costas. Eu nem liguei. Vou fazer o quê? - choramingava Silly Kone.
- Mas você é um banana mesmo. Onde já se viu gastar uma fortuna daquelas em troca de melar a cara com maquiagem. Você é uma besta mesmo - sentenciou a Dina.
- Ih, por falar em besta, lá vem o Van Grogue.
Van de Oliveira entrou no boteco e foi logo pedindo uma cerveja.
- Mas, olha me dá daquelas que não têm a tampinha enferrujada, por favor, viu seu Bafão?
Indo à mesa onde estavam os colegas Van acomodou-se e foi logo dizendo:
- Vocês sabiam que o Jarbas está com AIDS?
- Hã? Como assim? - quis saber a Dina.
- É verdade. O comentário na rádio e no Diário de Tupinambicas das Linhas é que o ex-prefeito andava com uma sirigaita lá em S. Tupinambos, quando era prefeito e ela estava doente.
Dina Mitt olhando com expressão de compaixão para o Silly Kone disse suspirando.
- É meu amigo, parece que além de gastar o dinheiro, num voo ruim, você vai ter muitos outros problemas com que se preocupar, por muitos e muitos anos.
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