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Crianças esgoelantes

por Fernando Zocca, em 29.08.14

 

 

O efeito causado foi o de crianças esgoelantes voando escada abaixo e desembestando pelo quintal afora até a rua

 

 

 

 

Eu tinha um primo (Deus o tenha em bom lugar), que gostava de tomar Biotônico Fontoura (quem não se lembra?), fazer exercícios puxando elásticos, e socar a mesa da cozinha, de vez em quando. 

Ele dormia bastante durante o dia. Além de consertar aparelhos de rádio, eletrolas e TVs, o cidadão praticamente não se preocupava com mais nada.

Um dia quando a molecada fazia a maior zoeira na cozinha da casa da minha tia (irmã do meu pai), o primo saiu do quarto vestindo uma camiseta regata branca, short azul e dando um grito tipo "banzai", esmurrou o centro da mesa.

O efeito causado foi o de crianças esgoelantes voando escada abaixo e desembestando pelo quintal afora até a rua.  

Crianças são sugestionáveis e esse gesto foi repetido por mim em algumas ocasiões. O soco na mesa de ping-pong, depois de não se sabe o quê ter acontecido, causou um edema feio na mão direita, havendo a necessidade da imobilização com faixas.

Na segunda ocasião, durante uma aula de processo civil, na universidade, um zunzumzum promovido por tagarelas reunidas e sentadas no corredor, do lado de fora da sala de aulas, obteve uma pancada forte numa das carteiras onde a traquinas chefe zunia.

O susto reduziu o volume da fofoca, possibilitando o entendimento da aula do professor. 

Você sabe que uma batida inesperada na mesa da cozinha acompanhada de um palavrão tipo corno, por exemplo, dito com muita ênfase produz um efeito devastador. Este pode ser mais terrível ainda se a vítima é um parente visitante demonstrando calma, que aguarda a sua presença.

Tudo pode ficar mais chato ainda se esse seu parente tentar, num desdobramento do fato, durante muito e muito tempo, fazer você sentir-se o verdadeiro corno.  

A pancada na mesa de vidro não é producente a não ser que o punho esteja equipado com um machado.  

O gesto de espancar algo pode deixar de ser negativo quando, por exemplo, é usado nos programas de TV, como no The Voice Brasil. 

Lá o cantor experiente, espalmando com certa força o botão, faz voltar a cadeira para o candidato que o agrada.

Legal, né?   

 

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publicado às 02:37

Educar as crianças para não punir os homens

por Fernando Zocca, em 27.08.14

 

 

A expressão "não dar o braço a torcer" significa a negação do reconhecimento de que certa opinião está correta, e que a defendida é equivocada.

Essa teimosia defende o orgulho ferido, faz parte da ausência da humildade servindo também para manter a rejeição, o assédio moral, a intolerância e o preconceito.  

O "não dar o braço a torcer" isto é, reconhecer que está sem razão, negando inclusive a versão mais verdadeira, daquele com quem antipatizamos, pode representar um obstáculo sério ao progresso pessoal e até familiar. 

Quem se nega a reconhecer a veracidade das observações, constatações dos fatos contrários à comunidade, e também a si mesmo, pode se considerar um terrível autossuficiente negador das evidências.

Para essas personalidades o soldado que marcha com o passo trocado, diferente do batalhão que segue cadenciado, uniforme, está correto. Não dá pra negar que mentes assim consideram estarem elas certas e a Bíblia errada. 

Se não for possível a ocultação dos fatos condenáveis, o que "não dá o braço a torcer", no mínimo, modificará os elementos constituintes do fato aberrante, atenuando as suas aparências e os malefícios produzidos contra a sociedade. 

A exaltação do orgulho, da prepotência, a inadaptabilidade ou a ausência da habitualidade no reconhecimento dos próprios erros, reforçam essa postura do "não dar o braço a torcer".

Quem "não dá o braço a torcer" não admite a "mea culpa". 

Aos reinvidicativos, querelantes e obsessivos, a culpa, o erro, são sempre dos outros. Não é infrequente, nos relatos, a atribuição dos próprios enganos e defeitos de conceituação, aos demais que exigem o bom comportamento na comunidade.

A impenetrabilidade dos bons conceitos nas consciencias concreadas produz o analfabetismo, o uso destrutivo das drogas, e dos condenáveis comportamentos antissociais.

É preciso aplicar as penas da lei já que não se consegue educar as crianças.      

 

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publicado às 20:39

Bar e bicho

por Fernando Zocca, em 26.08.14

Não há nada mais eficiente, para a redução do  peso corporal, do que a prática do ciclismo.  

 

 

 

 

Você sabe amigo leitor que eu adoro pedalar, andar de bicicleta. E esse prazer eu cultivo desde o princípio dos anos 60 quando ganhei, de presente, da minha tia, uma bike Fides preta.

Não tinha os recursos da troca de marchas como as magrelas de hoje; o freio era no pé, ou seja, o ciclista tinha de acionar para trás o pedal pra parar. Ela tinha bagageiro e para-lamas.

Na minha opinião não há nada mais eficiente, para a redução do  peso corporal, do que a prática do ciclismo. 

Mas circular pela cidade, em meio ao trânsito, é muito perigoso. É por isso que eu prefiro sair bem cedo quando ainda não há movimento nas ruas.

Numa dessas ocasiões, fazendo um circuito usual, que dura no mínimo, uma hora e meia, estando eu num bairro distante, logo depois de uma curva, quando encararia uma subida imensa, saiu a corrente das engrenagens do pedal.

Desci da magrela, curvei-me para alcançar o dispositivo e quando já acertava os encaixes, ouvi uma voz que vinha das sombras de um ponto de ônibus.

- Eu também tinha uma dessas daí. Faz tempo. Mas é jóia isso.

Eu olhei para o local donde vinham aquelas observações e vi que se tratava de um homem sentado no banco do ponto; ele estava encolhido, barbado, vestia blusa surrada, cabelos desgrenhados e mantinha uma mochila no chão, entre os pés.

Eu me aproximei e o homem continuou:

- Eu ganhei uma igual a essa do meu pai. Coitado. Ele era alcoólatra, trabalhava na rádio; por sinal era um excelente radialista, mas tinha o vício que o maltratava muito. Ele conhecia alguns donos de bar que eram bicheiros. Você sabe o que é bicheiro, né? Não é o cara que cuida de cachorros, pavões, coelhos e gatos.

- É, eu sei. Esse é o veterinário - respondi-lhe interessado na história.

- Então... Meu pai, por intermédio de um desses profissionais dos números, conheceu um professor, aliás, professor não, era aluno de uma escola, que resolveu dar aulas, formando assim uma espécie de cursinho preparatório. Meu irmão frequentou esse curso e entrou na faculdade. Ele se formou e hoje é vereador. Você acredita?

- É claro que acredito - concordei achando estranho, no entanto, testemunhar a existência e a presença de um parente de alguém supostamente bem de vida, num estado lamentável de penúria. 

- É por isso que eu pinto - disse repentinamente o homem.

- Como assim. Você pinta? Você é pintor? - quis eu saber.

- Sou sim. Pintava paredes. Mas depois passei a pintar quadros. Era tudo meio abstrato. Manja essa história de abstrato? Então. Fiz exposição até no Rio de Janeiro, mas nem assim consegui arrumar casamento. Montei um ateliê num bairro aqui perto, mas a vizinhança não entendeu o espírito da coisa. Havia perturbadores que pichavam os carros das minhas alunas, que estacionavam no local. Pichavam as paredes. Era um inferno. Mas depois abandonei tudo. Fui-me embora pra Saltinho, Rio das Pedras. Só agora estou voltando. Meu irmão é candidato a deputado estadual. Você o conhece?

Tendo eu já colocado a corrente na engrenagem, e tentando limpar a graxa das mãos, disse ao meu interlocutor que já tinha candidato para presidente, deputados e tudo o mais.

- É. Mas toma cuidado com o que você escolhe. A mistura de jogo do bicho com política geralmente não dá coisa boa.

Concordando plenamente com o misterioso cidadão, montei na bike, e fui-me embora pedalando.     

 

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publicado às 11:35

Arde a ardósia

por Fernando Zocca, em 20.08.14

 

 

O pessoal mais antigo, aquele que frequentava os Grupos Escolares lembra-se que os quadros negros ou lousas eram feitas de ardósia.

No primário eu tinha uma professora irritadinha que dava cascudos violentos nos moleques que tinham alguma dificuldade em absorver-lhes as lições.

Numa dessas ocasiões depois de vistoriar o meu caderno e observar que eu copiara erradamente algumas palavras ela deu-me um sonoro corretivo no alto do cocuruto dizendo na sequência:

- Seu burro!!! Aprenda pelo menos a escrever o seu próprio nome, se não você vai puxar carroça.

É claro que eu aprendi rapidinho a escrever o meu nome. Mas tinha garoto muito melhor preparado do que eu naquela sala. Um deles era o Paulo, filho de uma professora que eu achava super linda.

Numa manhã, quando a professorinha brava encheu a lousa com textos imensos o Paulo escreveu: “Arde a ardósia com tanta matéria fumegante”.

Não tinha mesmo talento o Paulo?

Hoje ele é médico. 

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publicado às 14:29

Fezes e urina

por Fernando Zocca, em 18.08.14

Por que o cidadão eleitor contribuiria para o enriquecimento pessoal dessa gente – votando - se não fosse por masoquismo ou obrigação inconsequente?

 

 

 


A população de Piracicaba consome água contaminada por fezes e urina vindas de Americana e Santa Barbara do Oeste. Quem, teoricamente, deveria cuidar desse assunto, encontrando solução não o faz. Os políticos que estão no poder há 20 ou mais anos não fazem nada mais do que enriquecerem a si e aos seus familiares. Enquanto isso o povo bebe dejetos.


Quem deveria fazer não o faz.


É vergonhosa a atuação política dessas pessoas que ocupam cargos públicos na cidade de Piracicaba. É tempo de eleição: os sujeitos estão novamente a pedir votos. Querem o aval da população para continuar com as terríveis injustiças.

Com os votos ocupam os cargos que lhes rendem salários imensos e vantagens inimagináveis para o cidadão comum.

Essas pessoas que ocupam hoje o cargo de prefeito, vereador, deputado estadual ou federal não pensam em outra coisa que não seja o bem-estar próprio.

Por que o cidadão eleitor contribuiria para o enriquecimento pessoal dessa gente – votando - se não fosse por masoquismo ou obrigação inconsequente?

Basta de reeleger pessoas que enriquecerão a custa do povo. Se o cidadão comum não puder participar ativamente como candidato aos cargos das mamatas municipais, estaduais e federais, que não seja conivente com os crimes que certamente cometerão os tais pedintes de votos.

Beber ponte, viaduto, automóveis, prédios públicos suntuosos não parece ser prático nessas horas. 

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publicado às 14:14

A cobra verde

por Fernando Zocca, em 11.08.14

 

As crianças das cidades litorâneas brincam mais nas praias sentindo os ventos vindos do mar, pisando na areia, bebendo água de côco e fartando-se com as brincadeiras possíveis no ambiente.

Já as crianças do interior relacionam-se com as coisas existentes no mundo ao redor. Por exemplo: aqui em Piracicaba, no início da década dos anos de 1960, além de quadrar a Praça José Bonifácio, assistir aos filmes dos cines Politeama, Palácio, Broadway, Colonial ou Paulistinha, ouvir os programas de rádio, pouca diversão a mais havia. 

A não ser, é claro, para aqueles cujos pais eram proprietários, ou tinham amigos que possuíssem ranchos de pescaria. Aí sim a diversão estaria mais do que completa.  

Contudo, no rancho a pessoa tem de aprender a se virar sozinha. Deve preparar - na ausência do encarregado que o faça - as próprias refeições, lavar a louça, higienizar o ambiente e, para os que ficam mais tempo, lavar as roupas.

Mas aos adolescentes que, num domingo, ficassem nesses locais de lazer, na companhia dos pais, dos tios ou dos avós, os trabalhos - é claro - não seriam tão obrigatórios. 

Entretanto, adolescente, sem ter o que fazer, - você sabe - logo busca alternativa pra não ficar parado.    

Foi o que aconteceu numa tarde de domingo, há muito e muito tempo atrás. Reunidos na bela construção, à beira do rio Piracicaba, logo depois da foz do Corumbataí, os pais, os avós e os tios de três adolescentes, procuravam passar as horas prazerosas cada um a sua maneira.

Enquanto os casais dormiam nos seus quartos, e os avós conversavam na varanda, os moleques tomando o bote, equipado com um poderoso motor de popa Mercury, saíram velozes rio acima, explorando as novidades. 

Nesses dias de seca incomum, na opinião de alguns, o rio Piracicaba não passa de um escoadouro de água impura, mas durante o tempo das chuvas o rio avoluma, e suas águas ficam bem perigosas. 

A correnteza é bastante forte e, mesmo para os melhores nadadores, não é fácil permanecer confortável, por muito tempo sobre ela. 

Naquela ocasião estavam os três garotos num bote velocíssimo navegando sobre as águas barrentas, contra a corrente, quando ao se aproximarem das estruturas da ponte do Caixão - que naquela época estava sendo construída - avistaram umas manilhas de concreto postadas ao longo das margens. Algumas estavam ilhadas. 

Fazendo uma curva fechadíssima para a direita, o piloto comandou a embarcação para o tubo cinzento ali jacente.

Reduzindo sensivelmente a aceleração do motor, deixando o bote deslizar calmamente, o piloto mandou aquele que estava mais próximo da proa tocar na manilha, suavizando, desta forma, o contato do barco com o objeto.

Dois garotos subiram na manilha. Ao olharem para dentro dela avistaram uma pimenteira vicejante ao lado de uma vara bem grossa que, tocando o fundo úmido, permanecia com a outra ponta, encostada numa das paredes internas. 

Isso tudo não teria nada de excepcional se não fosse por um detalhe inesperado: é que, enroscada na vara, havia uma cobra verde aparentemente dormitando. 

A partir daquele momento então a prioridade dos garotos era a de pegar a tal cobra. Mas como fazer isso? Um deles sugeriu que puxando devagar o pau, que há tempos estava ali, traria com ele, a cobra preguiçosa. 

E não deu outra. Devagarinho, o mais taludo foi tirando o bordão e, com muita delicadeza, pegou a cobra verde pelo pescoço.

A primeira frase que se ouviu depois da captura foi: 

- Vamos levar para o vovô!!

O bote, zunindo, agora a favor da corrente, chegou rapidinho ao rancho onde o pessoal estava ou tocando violão, ou dormindo na rede ou jogando conversa fora. 

A cobrinha foi apresentada ao vovô que, notando estar ela morta, devido à pressão exercida sobre o seu gorgomilo, mandou que alguém lhe trouxesse uma tesoura. 

Com a posse do instrumento o avô mostrou aos moleques que ela tinha alguma coisa na barriga. Devia ser a refeição que fizera há algum tempo. 

Usando muita delicadeza o vovozinho abriu o ventre da cobrinha verde, donde saiu um pequeno sapo já metabolizado.

Naquele bucólico final de tarde, junto com os oprimidos que sempre se queixam dizendo "pimenta no olho alheio é refresco", não tiveram também muita sorte, nem o sapinho, e nem a cobrinha verde.  

 

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publicado às 03:47

Ao Deputado Federal Antônio Carlos Mendes Thame

por Fernando Zocca, em 03.08.14



Nós e outras centenas, ou até milhares de eleitores, talvez considerem já ser chegada a hora de Vossa Excelência apropriando-se do "semancol público", "se tocasse", e ponderasse estar ocupando esse cargo público há tanto e tanto tempo, que poderia julgar não ser tão indispensável à administração, e que fosse o único a ter as soluções para o Brasil. 
Vossa Excelência foi professor de cursinho, catedrático da ESALQ, da qual recebe proventos sem contraprestação, foi secretário municipal, prefeito e deputado federal. 
Em tendo já o seu futuro, e até de algumas gerações de parentes seus garantidíssimos, não acha que já seria chegada a bendita hora de "pedir o boné", "pendurar as chuteiras" e permitir a ocupação da vaga por aqueles que ainda teriam muito a dizer?
Vossa Excelência é useira e vezeira em não responder aos questionamentos dos seus eleitores ou de cidadãos portadores de dúvidas sobre suas atividades parlamentares. 
Tanto é assim que em 17 de junho de 2011 publiquei a matéria O Museu do Biriba, no monitornews.blog. sobre essa sua faceta omissa.
Vossa Excelência quando prefeito teve, como comandante da Guarda Municipal, o saudoso Paulo de Castro que também ministrava aulas de Teosofia num sobrado da Rua Morais Barros, vizinho da Escola Alfredo Cardoso.
Nada contra a sua política frenadora, diluidora de oposições. 
Entretanto, haja por bem, vossa excelência, de usufruir as belezas e prazeres capazes de proporcionar o tão elevado grau, abrangido por vosso progresso, que certamente não se arrependerá.

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publicado às 22:56






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