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O tempo que a população humilde perde nas salas de espera dos serviços públicos odontológicos de Piracicaba é irrecuperável.
Não é porque o pobre não tenha outra escolha que o atendimento não deva ser melhorado.
Quando o cidadão chega ao balcão de atendimento do CRAB do Piracicamirim, na Rua Gonçalves Dias, não sabe se deve retirar uma das várias senhas ali expostas ou perguntar, a qualquer das atendentes, o que deve fazer.
Geralmente, após esperar numa pequena fila, e ser informado qual tipo de senha ele deve ter em mãos, o eleitor precisa aguardar até que seu número seja chamado.
Se ele já é cadastrado no sistema do SUS - depois de obter aquele cartãozinho azul, no Poupa Tempo Municipal, situado na Avenida Armando de Salles Oliveira - terá seu cadastro acessado facilmente pela funcionária que o atenderá.
Então mesmo após a espera, por duas ou três horas, sentadinho, comportadinho, humildemente ciente de que o pagamento das suas obrigações tributárias foram suficientes somente para a conquista daquela situação toda, o eleitor poderá ser agraciado com a designação de uma outra data qualquer, em outro local bem distante.
Mas se depois da espera de horas, seu número foi chamado num volume de voz inaudível, até mesmo por quem estava pertinho da atendente, e você, descobrindo que foi preterido, poderá, humildemente se aproximar da ilustre senhora, dizendo-lhe das suas necessidades dentárias especiais.
E se por um acaso, descuido do destino, você eleitor, pagador de impostos, disser que esqueceu o bendito cartãozinho azul e apresentar o seu RG, poderá ter a má surpresa de ouvir que o seu cadastro não pode ser acessado com o tal documento federal.
Mas se você tem a consciência de que os cadastros podem sim ser acessados com o RG, recebendo as anotações, não evitará a conclusão de que houve e há, muita má-fé nos atendimentos.
Tenho dito, e desde há muito, que a hegemonia politica do PSDB em Piracicaba, - depois de tanto tempo no poder - não resultou em quase nada mais do que na criação de situações desrespeitosíssimas para com o seu público.
Será que pedir atendimentos mais humanizados é exagero?
Tem governo que não é o Estado Islâmico, mas age como se fosse.
Não é difícil de acreditar na existência de alguns detentores do poder de plantão que, em se vendo contrariadíssimos com as opiniões expressas na mídia, resolvessem punir alguns responsáveis, a título de exemplo.
Então você veria situações como aquela em que o chefe do executivo municipal mandou cegar um jornalista, desafiando-o depois a continuar escrevendo.
Ou aquela em que além de cegar outro discordante, dos métodos burocráticos obsoletos, ordenou que lhe arrancassem também os dentes, apostando depois, com os parceiros do partido, que o tal, ainda assim, comeria algumas goiabas.
A miséria, a pobreza, faz do miserável, do pobre, o refém ideal dos audazes.
E não é novidade nenhuma dizer que em algumas localidades o comando político esteja intimamente relacionado com o empobrecimento, ou a manutenção da população na pobreza, a fim de eternizar a hegemonia política.
Quanto tempo pode uma administração municipal conservar sob seu jugo, usando a perfídia, todos os dependentes dos serviços que presta, na área da saúde?
A resposta é: o tempo que ela quiser, e que for necessário, para obter respostas positivas nas negociatas ou nos seus pleitos, mesmo que injustos.
Então quando você vê um governo federal agindo com a intenção de apoderar o pobre, erradicar a miséria, nota também ondas e ondas de indignação da elite arrepiadíssima com a audácia.
As reações observáveis vão além das de procura de pelo em ovo, ou de chifre na cabeça de cavalo.
Governo municipal bom, decente, digno, não precisa sujeitar dolosamente, com a má-fé costumeira, os dependente dos seus serviços de saúde.
Facilitar a apuração dos mal feitos, os julgamentos com o direito à ampla defesa, a condenação dos culpados e, finalmente, o cumprimento das penas é o caminho mais seguro para o governo popular e democrático chegar ao bom termo.
Não considero boa resolução o distanciar-se da família por causa das dificuldades no local de origem.
Mas para os que não pensam assim, as viagens de longa distância não deixam de ser parte das honrosas tentativas da solução dos problemas.
E se o viajante puder tirar dos seus deslocamentos o sustento das próprias despesas e os da família, por que não concordar com essa forma de proceder?
É claro que a chegada a esse tipo de resposta, para as questões vitais, depende da formação também da personalidade da pessoa.
A criança com muitos irmãos, habituada ao convívio de muita gente ao redor, não sente dificuldades para, ainda muito jovem, relacionar-se com outros, nos locais de trabalho, mesmo daqueles que oferecem ocupações bem simples.
Acontece que nem sempre o menor, com a personalidade ainda em formação, consegue livrar-se dos conselhos ou orientações que levam às condutas desrespeitadoras das leis ou dos bons costumes.
Então não é muito raro ver adolescentes infringindo normas legais simplesmente por "cair na conversa" do parceiro mal intencionado, ou também desconhecedor das consequências dos atos infracionais.
O pequeno ser, agora rotulado, marcadíssimo, entra num grupo condenável, fazendo a alegria dos seus perseguidores ou dos odientos, rancorosos inimigos dos seus pais.
Desse momento, para os subsequentes, como os da escolha da namorada, do cônjuge, haveria uma passagem com aquelas cargas bem desvantajosas.
Então os dramas vividos por pessoas próximas dos seus irmãos podem repetir-se trazendo muita satisfação àqueles que se julgaram prejudicados por atitudes parentais passadas.
Decisões tomadas no calor dos acontecimentos não seriam as melhores. O estresse, a má alimentação, a insônia e a necessidade premente de ganhar o sustento, não raramente conduzem a pessoa a situações bastante prejudiciais.
Então, o descumprimento dos contratos ou acordos, infração às leis do trânsito, descuido na manutenção dos pertences, e até mesmo tentativa de suicídio comporiam o agir do desgarrado.
A pertinácia e as maldades dos que se sentem justa ou injustamente prejudicados poderiam ser arrefecidas com a louvação do sagrado.
Ela queria um namorado só pra chamar de corno. Na verdade e no fundo, bem no fundo, ela repetia a história da própria mãe que, por apanhar quase todos os dias do marido bêbado, vingava-se dele enfeitando-lhe a cabeça com enormes chifres vistosos.
Ele, por sua vez, depois de anos de casado, não via mais na mulher, os atrativos iniciadores da saciação daquela torturante paixão carnal.
Eles passaram a se encontrar às escondidas; o assunto ficou tão sério que tempos depois resolveram alugar uma casa só deles, longe e protegida dos mexericos da vizinhança enxerida.
Todos os dias ele saia bem cedo dizendo que ia trabalhar, mas antes de chegar à loja, onde vendia peças para motores de automóvel, passava na casa da musa satisfatória dos tais clamores libidinais.
O camarada tinha de se desdobrar, ganhar dinheiro como nunca fizera antes, pra pagar as prestações do magazine onde comprara TV, geladeira, móveis de quarto, de cozinha e uma infinidade de pequenos bens componentes do seu antro de amor.
A matriz, esposa primeira e original, coitada, nem desconfiava que seu velhote se pirulitava saltitante, todas as manhãs para o lar da paixão, antes de pegar pesado no batente diário.
O vigor físico dava ao amante o destaque buscado pela mulher jovem que, esperando-o sempre, obtinha nos momentos do amor, a saciação daquela luxúria incontida.
Mas você sabe que a vida a dois não é feita só de flores e perfumes. Os momentos de tensão, tristeza, também fazem parte.
E foi num período desses, de rusgas, ressentimentos, que ela, a que maltratava, a princípio, só mentalmente aquela sua fonte primeira de satisfação, passou a diluir suas frustrações nos aconchegos com o síndico do prédio vizinho.
Você sabe também que quando isso acontece, pode-se ouvir o burburinho incessante da torcida fofoqueira ligada nos fatos.
O nosso velhote pampeiro, ficou muito bravo. Afinal, onde já se viu alguém fazer desfeitas tão grandes, depois de obter carinhos e uma casa toda mobiliada com objetos ainda nem pagos totalmente?
É claro que a esposa verdadeira desconfiava, há muito do marido, cujo comportamento estranho, só podia indicar mal feitos amorosos ocultos.
Um dia, depois de sair da loja onde não vendera quase nada, o amante traído, tendo comprado antes uma faca enorme, usada em churrascos, foi à casa que ele considerava mais sua do que de qualquer outra pessoa.
Mal recebido pela amante que nem lhe abriu totalmente a porta da rua, ele com um chute forte entrou e, sem dizer qualquer palavra desferiu um golpe violento atingindo-a na virilha.
Preso, julgado, condenado por homicídio e ainda cumprindo pena no presídio recém-inaugurado na cidade, ele soube que a mulher primeira, esposa original, verdadeira, solicitou o divórcio.
Depois de cumprida parte da pena o amante, já desfigurado pelo sofrimento e a velhice, não tinha outro lugar para morar que não fosse a rua.
Então quem passasse pela região central da cidade, perto da Igreja matriz, da livraria famosa, podia ver, numa espécie de cabana de papelão, o indigente que, ao puxar sua carroça de lixo reciclável, fazia os circundantes ouvirem, do rádio que trazia, as chorosas canções de amor.
Não é fácil ser pobre. Não é à toa que quando os caras metidos com a politica têm oportunidade - tipo Metrô, Trens, Mensalão, Petrobras - metem a mão mesmo.
Ser pobre, isto é, ter menos do que o suficiente para sobreviver, significa dentre outras coisas, depender dos serviços públicos de saúde, segurança e escolar, por exemplo.
E a característica básica que os deficientes monetários encontram no atendimento nestas áreas é, via de regra, o descaso total.
Não que a disfunção dos serviços seja completa, inoperante. Mas a dinâmica poderia ser, na área da saúde, melhorada e muito.
Por exemplo: por que o cidadão, que necessita do atendimento odontológico, tem de consultar antes o clínico geral? O mesmo sucede com quem precisa dos cuidados do oculista. Por que cargas d`água ele deve passar pelo generalista?
Então veja como é bem complicada a perda de tempo para o miserável que se vale do poder público: ele tem de esperar a consulta com o geralista, depois então, de encaminhado ao especialista, deve aguardar a data para outra consulta.
Longe de nós sugerir a supressão de cargos ou empregos. Mas me diga: quem procura por atendimento ginecológico no dentista?
É mesmo preciso ter alguém para indicar a especialidade? Se o cidadão comparece ao posto de saúde do bairro dele queixando-se de males indefinidos, é claro que neste caso, só o clínico geral poderia identificar quem estaria habilitado a tratar as causas das queixas.
Mas se o camarada surge, depois dos trãmite burocráticos, para conseguir o cartão de atendimento, no posto de saúde com sinais de câncer de pele, como não encaminhá-lo ao oncologista?
Veja quanto tempo se perde nas designações - dispensáveis - de datas para as consultas com o clínico geral.
Será que o direito dos cidadãos aos serviços públicos de saúde - e dever do poder público de prestá-los -, não teria prioridade sobre o inusitado da manutenção de um clínico geral atendendo também no balcão do posto?
Há quem creia que a expressão “casa de esquina, triste sina” tenha feito muita gente optar por construir casas comerciais, ou prestadoras de serviços, do que residenciais, nestes ângulos de rua.
E dentre as edificações de comércio, nos tais lotes de canto, nota-se a prevalência dos bares.
Não sou contra esse tipo de estabelecimento, e muito menos oposto à indústria de bebidas.
Mas não podemos deixar de ver que são nestes locais – bares -que se juntam as piores intenções danosas contra os bens, a integridade física, e as vidas alheias.
E quando nesses ambientes, as personalidades menos favorecidas, pelas circunstâncias morfológicas, se agregam com finalidades hostis, não há quem possa deixar de sentir medo.
Contribuem para a desestabilização da paz, num quarteirão, por exemplo, a junção de vários fatores negativos. Dentre eles podemos citar 1. A escolaridade reduzida (fruto da impermeabilidade espiritual, causada pela genética especial); 2. Uso dos estupefacientes, dentre eles o álcool e o tabaco; 3. Impossibilidade do poder público em apurar e reprimir os delitos contra a propriedade, a integridade moral e física das vítimas.
São nestas camadas mais suscetíveis, das periferias, que medram também as crendices e superstições geradoras de situações tais como esta: Num final de semana, logo depois da janta, a mãe que amamentava sua filha de colo, tendo também na sua companhia um outro filho de aproximadamente cinco anos, sentou-se confortavelmente no quintal da sua casa.
Enquanto ela dava o seio ao neném de colo, o menino inquieto transitava pelo local; num determinado momento, apontando com o indicador da mão esquerda para o céu, ele perguntou para a mãe o que seria aquilo prateado brilhando lá no alto.
A mãe horrorizada deu um tapa violento na mão do garoto dizendo que “não prestava” apontar o dedo assim daquele jeito lá pra cima porque “deus” castigava.
Aquela repreensão causou profundo sofrimento no guri; quando ele já era adolescente, meteu-se com mecanismos perigosos quando então, realmente, a predição da mãe “pegou”. O menino perdeu, a partir da falange, parte do indicador da mão esquerda .
Sem a falanginha e a falangeta, do indicador, o menino passou a ser alvo da curiosidade e dos comentários maldosos dos coleguinhas na escola.
A importância e a relevância da educação, numa sociedade, podem ser medidas também pelo desenvolvimento do povo.
Diretores de escola e professores bem preparados repassarão conhecimentos úteis para a vida dos alunos que, sem dúvida nenhuma se transformarão, no futuro, em cidadãos responsáveis pelo progresso da nação brasileira.
O que você faria, meu querido leitor, se estivesse na sala de espera do atendimento odontológico e testemunhasse uma jovem grávida de seis meses, com um outro filho (de mais ou menos um ano), no colo, tendo ainda na sua companhia, outra menina de aproximadamente 15 anos, furtando as páginas de receitas gastronômicas das revistas?
Você, que assiste diariamente as publicações das descobertas dos crimes, especialmente comettidos por políticos, contra a administração pública, chamaria a atenção da ladra, ou abrangido pelo clima de medo, que envolve os moradores das áreas de risco, dominadas por delinquentes, ficaria quieto, na sua?
Pesaria na sua decisão, por um lado, o fato da moça (revoltadíssima), chegar reclamando muito da ausência do pronto atendimento, que julgava ter direito, por ter - para chegar ali - de tomar dois ônibus, estar com fome, sede, e muito calor.
Do outro lado, estaria a certeza de que as regras devem ser seguidas, especialmente aquela de ter prioridade quem chega em primeiro lugar, ou a que determina o horário do almoço dos funcionários.
Se do seu entendimento faz parte a noção do conjunto, da unidade, da familiaridade, de tudo o que seja de uso comum, público, pertencente a todos, componente do seu bairro, sua cidade, seu estado e seu país, que deve ser respeitado e mantido, então aquela sensação de Judas Iscariotes ou Joaquim Silvério dos Reis, não preponderará.
Mas, se você optar por não admoestar a ladra, estará permitindo que seu exemplo seja observado também pelos filhos dela, que com certeza, terão a mesma conduta.
Entretanto onde ficariam a compaixão, os ensinamentos de que você deve dar também, além do que o ladrão te leva, algo mais que ele nem cogitava roubar?
A omissão é também um delito. Se os bandidos da sua rua atormentam diuturnamente a região e você não se importa com isso, estará sendo conivente, isto é, contribuindo para a manutenção da desordem, desassossego e mal-estar geral.
No mínimo, cabe ao cidadão comum, a obrigação de levar ao conhecimento das autoridades, da Igreja, da sociedade toda, os fatos contribuintes da desagregação.
Se as autoridades, especialmente o judiciário, não forem suficientes para o estabelecimento da paz, então meu amigo, não podemos avaliar desarrazoados todos aqueles que consideram o exercício arbitrário das próprias razões como a forma mais correta de proceder.
- Van, meu lindinho, cabecinha de corruíra pousada no fio telefônico do poste de ferro, diga-me aqui e agora, nestas filas paralelas pra pegar os ônibus, que nos levarão, a mim pra Vila Mariana e a você para Itaquera: é verdade que perdes os amigos mas não a piada? – questionou a sapiente Ana Menese.
– Sim, minha querida. É verdade.
– Então me conta: por quê você manca desse jeito, me olha só com um olho, e tapa a boca quando sorri?
– É que minha sorte tem me ensinado sobre a paciência. Veja você que quando caminhava, da minha casa até o bar do Bafão, no domingo passado, pela manhã, não percebi que uma das lentes dos meus óculos se desprendeu e desapareceu na calçada. Eu, quando percebi, busquei por ela, mas, é claro, sem a tal, não poderia enxergar quase nada. O resultado é que estou, até hoje, sem ver direito.
– E a história do pé? – Ana, que tinha o rosto maquiado, fazendo biquinho com os lábios, olhava o parceiro por cima das lentes dos seus óculos escuros.
– É o seguinte: durante uma das minhas caminhadas noturnas, depois de perder a lente e só ver com um olho, dei uma topada terrível num tijolo que esqueceram na calçada. O machucado infeccionou provocando-me dores ao andar.
– Mas e o sorriso? Conta pra mim, pingueiro do inferno – Menese, que manipulava o brinco da orelha direita, estava já cansada.
– Foi quando eu andava de bike. Havia um cara sentado na calçada, conversando com uma menina que tinha acabado de chegar. Ela recolhia material reciclável e parou para conversar com o homem. Ele bebia cerveja e fumava, ali, sentadinho no meio da passagem. Quando eu seguia pela rua, bem devagarinho, pedalando assim, numa boa, surgiu um carro esquisito, em alta velocidade e eu então, precisei subir rapidamente na calçada para não me complicar. Daí, pra não colidir com o camarada, que estava naquele local, onde não era aconselhável estar, freei bruscamente, vindo a cair de boca no chão. Ai você já viu, né? lá se foram os meus dentinhos.
– Mas que barbaridade – comentou Ana, dando um piparote no brinquinho.
– Daí então fui ao dentista da prefeitura de Tupinambicas das Linhas. Dizem que o trabalho do pessoal é muito bom e renomado. Pode até ser, mas que é enrolado, ah, isso é.
– Você diria que o bagulho é complicado porque é gratuito ou gratuito porque é complicado? – quis saber a Menese.
– Olha, eu diria que é coisa de rolo, cilindro, bobina. Você entende? – explicou o Van.
– Bobina? Não entendi.
– É assim: o Fuinho Bigodudo – você conhece, é claro… – Ele é vereador na cidade já faz uns 45 anos; mas antes de ser eleito, trabalhava como empregado doméstico. É isso mesmo: o Fuinho Bigodudo, que já foi até presidente da nossa Câmara Municipal, antes da vida pública, trabalhava como doméstico, fazendo faxina, lavando a louça, lavando e passando as roupas dos patrões até que cansou desse tipo de serviço. Então disseram pra ele que numa empresa precisavam de gente pra enrolar os fios dos motores elétricos. Você manja motor de liquidificador, enceradeira, batedeira de bolos, furadeira, serras? Então… Fuinho passou a enrolador oficial da auto-elétrica, que cuidava também da instalação de som, rádios e toca-fitas nos carros, compreende? Como a vida não estava, já naquele tempo, fácil pra ninguém, o Fuinho percebeu que aquela enrolação de fios de cobre não o tirariam do miserê institucional, característico dele mesmo. Então, junto com um outro sócio do empreendimento, depois de saírem de uma rodada de cerveja, no bar do Japa, resolveram enredar uns moleques que viviam pelas ruas do local. De noite, o sócio do Fuinho chamou um dos meninos e dizendo-lhe que se conseguissem pular aquele portão amarelo, pegariam fios de cobre que venderiam ganhando assim bastante dinheiro. Quando o sócio e o menino entraram no barracão, andaram às escuras, e não distinguiam nada que pudessem furtar. Ao saírem da propriedade, Fuinho apareceu de repente e, conforme o combinado, deu o maior flaga no garoto que, assustadíssimo se molhou todo. Fuinho espancou o moleque, (ele devia ter uns nove ou dez anos), de tal forma que se sentiu aliviado de todas as frustrações que carregava até aquele momento. E foi assim que tudo de ruim que acontecia naquela empresa era considerado culpa do moleque ladrão. O incauto virou um bode expiatório, um saco de pancadas. Você entendeu? A história foi se alastrando, criando marolas tão grandes, causando certas reações (diziam que o menino roubava os “fios” e até as “fias” dos casais). Então, o Fuinho que não era bobo, besta e nem nada, resolveu aproveitar a oportunidade lançando sua candidatura à vereança como o mais notável, eficiente educador, punidor, moralizador, caçador e castrador de meninos maus-elementos da cidade. E o resto da história você conhece: Fuinho já tem mais tempo de Câmara Municipal, do que anos de vida, quando nela entrou pela primeira vez.
– Que história complicada, hein seu Van? – Menese estava boquiaberta, segurando os óculos escuros na ponta do nariz.
– Pois é. O bagulho cresceu, se desenvolveu e ficou tão complicado que, durante um bom tempo, chegou a ser comum ver pares de tênis pendurados nos fios e cabos dos postes.
– É… Pra quem não distingue tênis de pênis… – Ana tinha a expressão de que entendia. – Só mais uma perguntinha – continuou ela – Van… Por acaso, aquele menino… Aquele bodinho expiatório… Era você?
– O pior é que era eu mesmo – respondeu o ébrio enrubescendo.
– Ah, tadinho. Mas, agora esquece isso, meu amigo. A vida continua. Olha… Lá vem o meu ônibus. Tchau. Tudo de bom pra você, viu? – disse ela beijando-o no rosto. Havia um tom de consolo na voz da mulher.
Dois ônibus se aproximaram encostando ao meio fio dos locais onde se formavam as filas.
Quando todos começaram a entrar, depois da saída dos que estavam dentro, Van percebeu que nenhum dos carros seguiria para o local onde ele desejava ir.
– E não é que eu fiquei esse tempo todo – mais de uma hora – na fila errada? – choramingou com a voz quase inaudível.
Nosso amigo tinha como consolo a certeza de que não havia urucubaca interminável e nem regozijo que não tivesse fim.
Quanto a morte de um agente político próximo, diretamente relacionado com Cristina Kirchner, poderia influir no seu governo?
As investigações sobre a autoria do atentado terrorista que, com a explosãio de um carro bomba, destruiu a sede da AMIA (Asociación Mutual Israelita Argentina), na capital portenha, no dia 18 de julho de 1994, vitimando 85 judeus, estariam sendo dificultadas por Cristina Kirchner e seu gabinete.
No dia anterior à apresentação da denúncia, baseada em 10 anos de investigação, o promotor federal Alberto Nisman foi encontrado morto no seu apartamento. A primeira hipótese era de que ele teria cometido o suicídio.
A maior interessada na morte do fiscal, Cristina Kirchner, afirmou, entretanto, que não teria sido o suicídio a causa do falecimento dele.
A presidenta disse, via imprensa, que o agente foi assassinado por adversários políticos dela com a intenção de incriminá-la.
Esses acontecimentos todos surgiram nas proximidades das comemorações dos 70 anos, da chegada das tropas soviéticas libertadoras dos prisioneiros judeus, ao campo de concentração de Auschwitz.
O antissemitismo, preconceito contra os judeus, não é fato novo; e desde os tempos remotos, quando foram retidos no Egito por 400 anos, a perambulação pelo deserto por outros 40, até 1948, quando sob o patrocínio da Organização das Nações Unidas, criou-se o Estado de Israel - em terras árabes - o povo judeu não tinha território.
A instalação do Estado de Israel nunca foi pacífica; destacam-se os atritos frequentes com seus vizinhos; houveram vários momentos em que os desentendimentos recrudesceram.
Na década 1960 um sério conflito armado envolveu israel contra uma frente formada por Egito, Siria, Jordânia e Iraque, apoiados pelo Kuwait, Líbia, Arábia Saudita, Argélia e Sudão.
No episódio denominado A Guerra dos Seis Dias, o exército Israelense, comandado pelo General Moshe Dayan (foto), conquistou o território conhecido como Sinai.
O confliito entre o direito à propriedade, e o da posse de um espaço, onde se pode viver, no Brasil é também muito sério.
De um lado, os proprietários das imensas áreas de terras improdutivas, e do outro as legiões de pessoas sem ter onde morar, encenam esse drama bem atual.
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