Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]




O embasamento do machismo

por Fernando Zocca, em 28.09.15

 

Quando existem rusgas entre vizinhos sempre é bom conversar objetivando a conquista do entendimento e a prevalência da paz.
Entretanto não seria de bom senso não esperar atitudes violentas emergidas do clima tenso, bastante hostil.
Desta forma até mesmo os atos exercidos em legitima defesa - que repelem ataques inesperados - seriam no futuro, usados como alimento para o eterno blablablá.
Então imagine a cena: duas mulheres habituam-se, nos finais de semana, a passar durante as madrugadas, momentos prazerosos deitadas, com as pernas abertas, no chão da garagem, da casa de uma delas.
O portão da rua sempre escancarado sobre a calçada, o volume elevado do rádio portátil e a criança, de uma delas, de um ou dois anos, a zanzar pela casa toda acesa, dariam o tom do clima imperante.
Aos vizinhos, - que não foram convidados para as gandaias, a boa educação aconselha que as solicitações das atitudes mais equilibradas sejam adotadas pelos comportamentos descompensados, - devem ser feitas de forma gentil.
Afinal, existem leis municipais que proíbem ruídos depois de determinados horários.
Entretanto as abordagens podem ser repelidas com palavras de baixo calão e ataques físicos da doideira.
Então a rejeição da violência, com alguma outra violência afastaria o ataque injusto, mas alimentaria o zunzunzum interminável das mentes desequilibradas.
E o que é que o pacato cidadão pode fazer? Queixar-se ao Judiciário? Reclamar ao Bispo? Solicitar a presença da polícia? Rogar à imprensa?
Ao Judiciário é bom nem arriscar. Os cartórios estão inundados de processos; as prateleiras, com milhares de volumes, não conseguem ver cumprir os prazos mais elásticos previstos nas leis.
Ao bispo você pode até tentar. Quem sabe? Mas os liames para a acomodação conclamam que toda exclusão deve ser evitada; mesmo daqueles que precisam aprender as mais básicas e primárias noções de cidadania.
A polícia pode atender aos seus inúmeros chamados. Mas os conselhos dados, pelos atendentes das ocorrências, serão no sentido de que as conversações precisam ser estabelecidas com os fazedores das balbúrdias.
A imprensa mostrando os fatos ao bairro todo, à cidade inteira, ao estado, à nação e até mesmo ao mundo interessado, contribuiria para que os senhores politicos responsáveis providenciassem as atitudes necessárias ao suprimento das lacunas na educação e segurança da localidade.
Mas todo cuidado é pouco. Quem negaria que o embasamento do machismo doido seja a deficiência mental, intelectual ou psicopático?

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 14:10

Resmungos madrugadores

por Fernando Zocca, em 12.09.15

 

 

Era na garagem que o titânico, carequíssimo, orgulhoso daquele seu bigodinho fino, se livrava do elmo da hipocrisia.

E de lá, disfarçadamente, observava a babá que, no colo, defronte a casa da patroa, no meio do quarteirão, carregava o neném.

E, já pela manhã, bem sujo de graxa, percebia ele que os resmungos madrugadores, dos neuróticos insones, eram tão importantes, bem necessários, quanto o ensinar os peixes a beberem água.

É claro que o tal não discordava da opinião geral vigente que solicitava muita surra o sujeito que, em processo de desasnamento, insistia nas provocações.

Exato, mas em meio a tantos automóveis e caminhonetes a receberem reparos, nos seus motores, partes elétricas, tinha também o mecânico barrigudo, a tênue noção de que aquela sua filha única careceria de acompanhamento psicológico.

Sim, meu amigo: a vida moderna, agitadíssima, não requeria somente a dedicação às artes plásticas. Haveria a necessidade da atenção de alguém mais experiente, mais escolado. Até a mãe da criança concordava com o projeto.

Além disso tudo, ele sabia, mas o que poderia fazer contra o hábito dos seus empregados mecânicos que, depois do almoço, adentrando, um depois do outro, no baú da caminhonete avariada, sempre presente, entregavam-se à felação exercida pelo ávido gordinho agitado?

Desacorçoado com aquele moleque burrinho, que permanecia inerte e ineficiente no almoxarifado sujo da oficina, o carecoso, sabia que nem a simulação de conversas ao telefone poria jeito na criatura.

Tinha o chefe da empresa a notícia de que o retardadinho, sentando-se frequentemente no sofá, com algumas moças direitas, não usufruía de nem ao menos dos mais ingênuos beijos na boca.

Que lástima. Talvez a vida de mecânico velho, já aposentado, fosse bem melhor.

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 14:24

Quem não ajuda, que não estorve

por Fernando Zocca, em 03.09.15

 

 

 

 

É preciso ter paciência. Afinal, não seria nada sensato jogar fora aquele computador, tão amado, só porque dele emanam os odores do óleo, usado pelo técnico, na recuperação da ventoinha que parara de funcionar.

Da mesma forma acontece com a política. Quando não há o consenso não adianta o uso da força, mas sim o da negociação.

Veja que não é fácil satisfazer a todos os desejos envolvidos na composição do tecido social. O mais importante, às vezes, é identificar as forças que agem totalmente contra os interesses da nação.

Ai, você me pergunta: o que é, e quais são os interesses do povo?

Dos mais elementares a moradia própria, a saúde, a segurança, a educação e os transportes, comporiam o imenso rol dos bens necessários para o desfrute de uma existência digna.

É claro que a satisfação moral e cívica de ser brasileiro estaria dentre os atributos da alma das pessoas nascidas no solo pátrio.

E o que mais, além do esporte, daria tanta felicidade ao povo brasileiro?

Já imaginou como seria a política, a economia, a indústria, o comércio e todas as atividades humanas praticadas no solo nacional, se o Brasil conquistasse a copa do mundo de 2014?

Agora, me diga: a quem interessaria o imenso vexame sofrido pela seleção diante da Alemanha?

Se você imaginar que a conquista de um título desse porte teria o poder de trazer, para os seus organizadores, a satisfação propiciadora da cooperação e do apoio da nação vencedora - do Brasil inteiro -, por muitas e muitas gestões, então poderá concluir que o fracasso desonroso interessaria somente à oposição.

É claro que os alemães, ao virem para o Brasil, perceberam que deveriam aliar-se às forças contrárias ao sucesso do próprio país.

Desembarcaram na Bahia, festejaram com os índios, foram às praias, passearam pelos shoppings, beberam muita cachaça, treinaram como loucos, nos horários mais tórridos, e ainda por cima, no jogo contra o Brasil, usaram um uniforme parecido com o do Flamengo.

Aos resultados da imensa campanha feita pelos espíritos de porco, integrantes dessa oposição insana, que afirmavam que não haveria copa, somou-se a alegria causada pelo fracasso brasileiro e o constrangimento da presidenta do Brasil.

Agora, com um já desgastado cavalo de batalha, chamado “petrolão”, fustigam o governo cujas diretrizes políticas estão voltadas mais para a população vulnerável.

Dá um tempo oposição. Sossega o facho. Quem não ajuda, pelo menos, não estorve.  

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 22:07






subscrever feeds