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Cavalgando a Teresa

por Fernando Zocca, em 22.11.15

 

 

 

Você já deve ter lido muitas histórias minhas sobre o Van Grogue. A maioria delas foi publicada, nos blogs que mantenho, e livros que escrevi, retratando os momentos em que o famoso personagem de Tupinambicas das Linhas, se embriaga nos bares da cidade.
Entretanto Grogue não é só um bêbado inconsequente. Quando menino e, vivendo na área rural de uma cidade vizinha, ele, além de ajudar os pais nos serviços domésticos, e da lavoura, também gostava de ler.
Ele era fã de Jorge Amado. Pra quem não sabe Jorge Amado foi um escritor brasileiro, nascido na Bahia, tendo se notabilizado pelas inúmeras obras literárias que se transformaram em filmes e séries para a TV.
Numa ocasião, quando Van se recuperava de um surto meníngico, o pai o presenteou com a novela Teresa Batista cansada de guerra do famoso autor baiano.
Van, depois de muito tempo, recuperou a saúde tendo guardado boas lembranças do Jorge Amado e seus livros, especialmente o Teresa Batista.
Já quase adulto Van de Oliveira ganhou de presente, de um padrinho, uma bela mula. Durante a entrega, numa festa de aniversário, ao passar-lhe as rédeas do animal, o presenteador disse-lhe:
- É um bichinho de estimação. Ela nunca foi montada. Você pode ver: é ainda muito nova e precisa ser domada. O pai dela era um burro orelhudo, cabeçudo, vigoroso, que carregou muita lenha e material de construção pra mim e meus irmãos.
Van recebeu a mula durante o "parabéns pra você" e ouviu a recomentação do padrinho:
- Olha, meu filho, ela adora milho. De vez em quando, pelo menos uma, ou duas vezes por semana, você deve serví-la com milho. Mas, veja bem, tem de ser milho bom. Não me dê desses já passados, amarronzados, que não servem nem pra pipoca. Sabe pipoca, que quando quente, pula insanamente de lá pra cá? Então... Tem de ser milho bom. Entende?
Dona Emiliana, a mãe do Van, curiosa e feliz com o presente do filho perguntou ao padrinho, logo depois do "é pique, é pique; é hora, é hora..."
- Essa mula não tem nome?
Diante da negativa do padrinho Van adiantou-se e, lembrando da bela história do Jorge Amado, disse em alto e bom som:
- Essa mula vai se chamar Teresa Batista.
Depois de algum tempo de treinamento carinhoso, nos arredores da casa sede do sítio, Van de Oliveira e Teresa tornaram-se bons amigos.
E foi assim que Van, numa bela e ensolarada manhã de domingo, um inesquecível nove de janeiro, ao surgir em Tupinambicas das Linhas, montando a Teresa, anunciou à cidade inteira que, uma, duas, ou até mais vezes por semana, cavalgava prazerosamente a inoxidável mula fogosa.

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publicado às 08:50

Destruição

por Fernando Zocca, em 16.11.15

 

 

Não é difícil encontrar componentes comuns entre os ataques ocorridos em Paris no dia 13 de novembro, o desastre em Mariana (MG), e a "pauta-bomba" do Eduardo Cunha.

Todas essas ocorrências ocasionaram grandes prejuízos materiais. Nas duas primeiras houveram mortes.

A causa do morticínio na capital francesa foi a atuação da França no litígio que envolve o governo Sírio.

O maior interessado na manutenção do "status quo" naquele país (Síria) é, sem dúvida, o ditador Bashar Al-Assad e seus apoiadores. 

No caso de Mariana (MG), a empresa Samarco Mineração S.A. - Vale do Rio Doce, de forma negligente, mantinha as barragens contensoras da lama contaminada.

A omissão na execução dos reforços, nas estruturas do represamento, ocasionou o rompimento devastador.

Eduardo Cunha, querendo punir atitudes do executivo federal, consideradas por ele condenáveis, elaborou a "pauta-bomba" cujo objetivo era o de criar, para o governo, obrigações impagáveis.

Pode-se encontrar muita autoafirmação no comportamento dos responsáveis diretos por tanta dor. A manutenção, por meios violentos e injustos, de tantos privilégios, desconsidera qualquer princípio de valoração da vida.

Não deixa de haver muita ingenuidade na crença de que todas essas desgraças tiveram origem na mídia. Há mais rebeldia, revolta, contra as reprovações ao governo Sírio, às ações dos donos da Samarco, e do senhor Eduardo Cunha, do que propriamente quaisquer outros motivos desencadeadores.

Com bastante razão estariam os que aceitam a tese de que todos esses males não passaram de retaliação pelas contrariedades; na verdade uma forma de vingança dos derrotados.

As soluções para esses problemas todos seriam a destituição do governo déspota Sírio, a condenação - na área cível e criminal - dos proprietários da empresa Samarco e a cassação do mandato do deputado Cunha com a consequente repatriação dos dólares recheadores das suas contas na Suíça.

A teimosia, a perseveração, tanto do ditador Sírio, dos donos da Samarco, (que garantiam não haver perigo de rompimento das barragens), quanto do deputado federal Eduardo Cunha, são entidades psiquiátricas, passíveis de atenção especializada.

Chama-se "tiro pela culatra" o fracasso na atribuição, aos outros, da culpa pelos danos causados por si mesmo.

 

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publicado às 20:00






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