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Pegando o Ônibus Errado
Tirando o fato de que lá em cima, no cocuruto do ônibus urbano, há uma inscrição do destino, mas que depois ele segue por caminhos diversos, estaria tudo mais ou menos, com esse tipo de transporte em Piracicaba.
Esperei durante 45 minutos um coletivo no ponto da Avenida Armando Salles de Oliveira, entre as Ruas São José e a Prudente de Morais, onde ali por perto, há muitos e muitos anos, havia a sede de um Consórcio. Se não me engano era o Garavelo.
Meu destino era a Vila Independência, portanto eu deveria tomar o Panorâmica. E realmente, depois daquele tempão de espera, lá veio o tal, com essa inscrição, no local onde é costume haver.
Dentro do veículo, que estava razoavelmente limpo, dirigido por uma motorista simpaticíssima, havia muitos bancos ocupados e por causa disso fui parar num dos de trás, onde me sentei ao lado de uma simpática moça.
Na minha concepção eu estava a caminho da Vila Independência, mas quando passamos do local onde o ônibus deveria seguir pra chegar naquele bairro, eu percebi que a história era outra.
É claro que não demonstrei, à jovem ao lado, a minha surpresa sobre os caminhos que o transporte tomava. Ela certamente sabia pra onde ia. Por isso iniciei a conversa falando sobre o tempo.
Ela concordou pronta e timidamente que a temperatura havia aumentado; que os dias estavam bem quentes.
Nos assentos mais afastados, perto da porta de saída, havia duas mulheres maduras conversando sobre o que aconteceu enquanto esperavam o ônibus.
- O cara perguntou se naquele ponto parava o coletivo que ia pra Charqueada. Eu falei que não; que ali não parava nenhum que ia pra lá. - Disse uma delas.
- Eu vi que você mandou ele duzentos metros pra frente. – Respondeu a outra.
- Mas não é? Pra mim ali nunca parou ônibus pra Charqueada.
- Eu ia falar que ponto é ponto e que qualquer ônibus para nos pontos, sejam eles quais forem, mas achei melhor não contrariar a comadre.
- Então... Está vendo?
Assim transcorreu o percurso sem incidentes até a Balbo.
Quando o ônibus chegou ao ponto final, naquele bairro, todos os passageiros já haviam descido. Inclusive a moça simpática.
A motorista manteve o veículo com o motor desligado por uns 10 minutos durante os quais entrou um homem já bem idoso.
- Esse tempo está desequilibrado. Muito desequilibrado. Se fosse andar de bicicleta já tinha caído. – disse ele sentando-se num dos bancos perto de mim.
Falando que tinha sido professor e que era agora pastor, o velho disse que precisava andar a pé por ordem médica, mas que não tinha coragem pra fazer isso.
A conversa seguiu nesse tom até o local onde eu havia pegado aquele ônibus. E foi ali mesmo que eu desci, pra chegar a pé, e muito mais rapidamente, à minha casa.
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