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Domando cavalos

por Fernando Zocca, em 03.12.13

 

 

Ontem logo depois do almoço estive no Juizado Especial Cível; quando cheguei defronte ao balcão deparei-me com uma bela senhora de olhos azuis, que já esperava, há algum tempo, o atendimento.

Nesses encontros, tal como os que ocorrem nos elevadores, os diálogos que se propõem visam a descontração para momentos de mais conforto.

E não há assunto melhor para a "quebra do gelo" do que o tempo. Então, por exemplo, as observações sobre o calor sufocante que tem feito nestes dias, são as de escolha.

Do calor passamos a falar sobre os sorvetes, das suas marcas, dos seus sabores e a propriedade que eles têm de engordar.

Quando minha interlocutora foi informada que não poderia consultar os autos e, ao ser cientificada sobre os próximos atos processuais a serem efetivados, ela conformou-se, fazendo com que a atendente se voltasse para mim.

Ao se afastar em busca do processo que eu lhe pedira, minha nova conhecida segredou-me que "nunca mais entraria com um processo nesse lugar" e que "preferia a morte, do que esperar tanto tempo assim". 

Eu respondi-lhe que é preciso ter muita paciência para lidar com certos assuntos. 

Aproveitando a oportunidade passei a contar-lhe um caso que presenciei quando era adolescente.

Falei-lhe que, há muitos anos, as pessoas eram mais rudes, grossas mesmo. Havia gente que, acostumada a lidar com burros e cavalos, chicoteando-os e os esporeando, tratava do mesmo jeito as pessoas.

Esse tipo de "domador" de animais propunha-se a ensinar com muita estupidez, grosseria e hostilidades, todos aqueles julgados merecedores da aprendizagem condizente com a vida saudável no bairro.

Quando a má educação, os maus tratos são as formas dominantes da expressão das pessoas, pode ter a certeza de que as colaborações, quando necessárias, não estarão presentes.

Geralmente a estupidez é fruto também dos preconceitos e prejulgamentos.

Então aquele dito "a gente não sabe porque batemos, mas ele sabe porque está apanhando", pode ser a regra cruel vigente em determinados grupos. 

Neste caso, como naquele do Fórum, há quem se proponha a, com muita paciência, tentar desatar os nós causadores de tantos mal entendidos, agressões e injustiças.

Sem dúvida nenhuma que as apurações das possíveis infrações aos artigos do Código Penal que tratam da calúnia, difamação e injúria estarão presentes. 

 

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publicado às 03:24