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As alcovas e o timão

por Fernando Zocca, em 18.10.14

 

 

Já vai longe o tempo em que o Estado de S. Paulo passou por uma escassez de água tão pungente quanto esta que sofre nos dias de hoje. 

E perceba meu querido leitor, que essa danosidade toda, essa inclemência do tempo, essa crueldade natural veio fustigar o povo paulista justamente sob os governos tucanos sucessivos. 

Pé-frio maior do que o do senhor Geraldo Alckmin, pode não haver.

O sistema de abastecimento de água do Estado de S. Paulo secando inapelavelmente, como um avião descontrolado, rumo ao solo, em tese, não poderia mais negar a sua disfunção, diferente do que acontece em Piracicaba. 

Aqui as autoridades municipais pedem à população que economize água, deixando de lavar calçadas, automóveis, os cães da família, e regar plantas. A ordem é economizar.

Contudo, como toda boa tucana incoerente, a administração municipal vende para o município de Saltinho, aos mesmos preços dos cobrados do eleitor piracicabano, a água que pede pra economizar.

Dessa atitude administrativa tira-se algumas conclusões: 1. Não está faltando água em Piracicaba; 2. Busca-se com o tal negócio mais dinheiro, que teoricamente estaria escasso na autarquia municipal.

Ou seja, o SEMAE quer dinheiro, não importando se a água vendida para a cidade vizinha fará, ou não, falta ao cidadão eleitor piracicabano. 

Não temos nada contra o povo saltinhense. Mas a água produzida no município deve atender antes a população local. Só depois, com o excedente, permitir-se-ia a comercialização. 

Ora, se há o comércio de água, com a cidade vizinha, pode-se concluir que não há falta deste produto em Piracicaba. 

O desonesto é pedir à população que a economize a fim de que o SEMAE venda-a a terceiros.  

Perceba que a longa permanência dos tucanos no poder enseja alguns problemas e complicações bastante significativos ao povo. 

Em Minas Gerais, depois de 12 anos do reinado tucano, o eleitorado assiste, na assembléia legislativa, os discursos demonstradores da real situação calamitosa em que se transformou o estado.

Daí você compara Minas com S. Paulo e nota que além das vicissitudes nas instituições tipo polícia civil, militar, escolas, saúde e cobrança exacerbada nos pedágios, a seca castiga os paulistas, eleitores do Alckmin, com uma punição doloridíssima.  

Não gosto de exagerar, mas não dá pra deixar de deduzir que até a natureza se rebela e protesta, opondo-se a essa política tucana.

Geraldo Alckmin poderia cercar-se de colaboradores capazes de prever esses períodos danosos. Ele e a sua equipe tiveram tempo suficiente para isso. E não fizeram nada que pudesse minorar a calamidade pública. 

Perceba que não criticamos somente pelo prazer de criticar. Se não houvesse causa, não haveria manifestação contrária.

O governo do senhor Geraldo poderia prevenir-se evitando chegar a esse ponto a que chegou.

Qual comandante de navio não observa a rota a ser seguida, olhando o horizonte, as condições do tempo, a temperatura, as nuvens, o vento, as chuvas, o trânsito das demais embarcações e as ondas do mar?

Todos os comandantes responsáveis fazem isso. Menos aqueles que, para impressionar estas ou aquelas, praticam atos temerários durante o percurso, permanecendo mais tempo nas alcovas do que no timão.

 

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publicado às 20:36