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- Van, meu lindinho, cabecinha chata, embarangado, pelancoso e arruinado bêbado, diga-me, aqui e agora, nesta mesa do bar do Bafão: é verdade que você tinha um gatinho que se chamava Noé? - perguntou Luísa Fernanda.
- Sim. É verdade. Noé não me dava sossego. Era sempre assim: Noé mia de manhã, Noé mia de tarde, Noé Mia à noite. Noé mia no quarto, Noé mia na cozinha, Noé mia no banheiro, Noé mia no quintal. Era uma chateação danada - respondeu o ébrio com voz anasalada.
- Por que, meu amado mestre etílico, você deu ao seu gato esse nome: Noé? - quis saber a companheira.
- Ora porque... Noé tinha um barco que se chamava arca, arco... Sei lá... Dentro dele - do barco - Noé fez entrar uma porção de bichos. Tinha mais animal dentro do navio do que fora dele.
- Mas de que jeito era esse barco? Parecia caravela? Sabe aqueles navios grandes do tipo da Santa Maria, Pinta e Nina usados pelo Cris?
- Que mané Cris?
- O Cristóvão Colombo, ora bolas - concluiu Luisa Fernanda.
- Ah, não sei. Só sei que tinha mais bicho do que gente lá dentro, inclusive gatos - afirmou Van Grogue.
- Mas na arca do Noé tinha velas? - quis saber Luisa.
- Acho que não.
- Nas caravelas tinha um monte de velas. E pra segurar aquelas armações todas, veja só que trabalho, tinha muitas cordas, fios e cabos. Você manja de cabos? - explicou Luisa.
- Olha, Luisa, cabo bom pra mim é cabo de caneca de chope. No mais não sei do que se trata - respondeu Van.
- Tanto a tal de arca, quanto as caravelas eram feitas com madeira, paus, tábuas - ensinou Luísa.
- Sim, mas e eu com isso? - Van queria um sentido para aquilo tudo.
- Ora, nas cordas, nos fios das velas, pousavam pássaros, passarinhos. E veja só que perigo: se naqueles mastros enormes pousassem pica-paus e começassem a bicá-los, logo não haveria mais barco nenhum. Morou? - Luisa explicava bem as charadas. Era preciso espantar ou prender os passarinhos.
- Ah, sei... - murmurou o desanimado Grogue.
- E tem mais, viu? Naquelas embarcações havia lugar até para alguns artistas que pintavam telas lindas, memoráveis, eternas.
- Sério? - Van estava curioso.
- É claro, meu burocrático lindinho. Então você não sabia que em determinados navios havia algumas pequenas hortas cuidadas por especialistas agronômicos?
- Sabia disso, não. Pra mim é novidade - duvidou Van.
- É meu amigo. O bagulho era complicado. Tinha até briga em que se disputava o comando da embarcação. Quando mais cruel fosse o capitão, melhor seria.
Van bebeu um gole de cerveja e perguntou:
- É verdade que eles levavam os barcos nos trens?
- Ah, sim. As parcerias eram comuns. Os barquinhos iam e vinham nas carrocerias dos caminhões.
- Me disseram que nas cavernas das embarcações, às vezes, haviam morcegos. Será verdade? - quis saber o curioso Grogue.
- Não dá pra duvidar. Dizem que O Cavaleiro das Trevas... Conhece? Era um morcegão invocado que vivia com a vara na mão passeando de bote, prá lá e prá cá. Ele cavocava o chão com uma enxada buscando minhocas. Ele queria pescar lambaris, cascudos, mandis e outros peixes. Mas quando pegava uma piranha ele ficava temeroso. Ele achava que piranha boa era piranha frita. Para a manutenção e fabricação dos botes, os fabricantes recorriam aos marceneiros que trabalhavam, inclusive, nas fábricas de urnas. Manja urna mortuária?
- Sem chance de prosseguir com essa conversa, minha nobre e querida Luisa Fernanda. Paro por aqui - disse Grogue com firmeza colocando o copo na mesa.
- Ah, mas eu não te contei e, é claro que você não sabe, - continuou Luísa - que na fabricação das caravelas tinha até pedreiro que dava uma força, de vez em quando, pros caras?
- Bafão, manda a conta - finalizou Van Grogue levantando-se e sacando a carteira, recheada com notas graúdas, do bolso traseiro.
Voto obrigatório não é direito é obrigação. A população tem o direito de expressar o que pensa dos políticos, não comparecendo às urnas.
Na verdade a que mais você atribuiria a enorme abstenção, verificada nas eleições passadas, se não fosse à descrença nos chamados homens públicos?
A mídia diária vem repleta de bons motivos para que o eleitor reprove, com a sua ausência, aqueles em quem votou.
Veja que a cada direito corresponde uma obrigação. Se o voto fosse direito, onde estaria a sua obrigação? O candidato tem o direito ao voto, mas tem a obrigação de cumprir os deveres a ele inerentes. E não é isso o que acontece.
O eleitor não deve ter a obrigação de votar, quando os eleitos não cumprem com as suas. Então, meu querido leitor, a população, o eleitorado, deve ter garantida na Constituição Federal, a sua opção de não votar em ninguém.
Se os eleitos não cumprem com as suas obrigações, por que o eleitor cumpriria com a sua?
Perceba que o arbítrio, é assegurado legalmente aos cidadãos nos países mais desenvolvidos culturalmente. Já passou da hora em que a legislação brasileira, relacionada com esse assunto, seja atualizada.
Talvez chegue o tempo em que, motivada pelo bom exemplo, das pessoas que se proponham a seguir a carreira política, a população compareça em massa e espontaneamente às urnas.
Será?
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