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A Luz do Sol

por Fernando Zocca, em 10.12.14

 

 

 

Não meu amigo, definitivamente helioterapia não é namorar o tio Hélio. 

Helioterapia, na verdade, significa tratar as doenças pela luz solar. 

Conheci um veterinário que recomendou, à zelosa dona de um gatinho adoentado, a tal terapêutica e, para isso, ela deveria estimulá-lo a permanecer por algum tempo, durante vários dias, sobre os telhados para que pudesse gozar os benefícios da luz e calor do sol.

A área das bordas das piscinas também seria útil, mas como na casa da cliente do veterinário não havia essa comodidade e indispunha de uma chácara ou sítio que pudesse servir para a terapia, os telhados não seriam tão ruins. 

E foi o que aconteceu. O gatinho subia e permanecia sobre as telhas de uma casa da vizinhança, aquecendo-se conforme ensinava a sua proprietária.

Acontece que o dono da casa, um homem irritadiço, não entendeu muito bem a intenção daquele gesto (de ter alguém sobre o seu telhado) e mandou logo, assim de repente, um tiro de revólver, que acertou a coluna do gato.

O bichinho ficou tetraplégico.

A notícia espalhou-se rapidamente no bairro e até mesmo na cidade. O homem malvado, percebendo que cometera um exagero grave tratou logo de reparar o dano.

Ele então providenciou tratamentos especiais para o gatinho que, com adaptações engenhosas, passou a locomover-se usando rodas substitutas das pernas. 

Mas não ficou só nisso; muito comovido com o fato e também pressionado pelo zunzunzum das cercanias, o atirador arrependido, passou a patrocinar a todos os gatinhos deficientes concorrentes às eleições de maior beleza ou eficiência que aconteciam, de tempos em tempos, na cidade. 

É certo que invadir o espaço alheio não deixa de ser crime. Da mesma forma que defender o espaço, fazendo uso de arma ou até mesmo de um pedaço de pau, não infringe a legislação, desde que não extrapole os limites do tolerado, do bom senso.

Inaceitável é o exagero na reprimenda. Assim matar o animal que invade a casa pode não ser condenável, desde que as circunstâncias do caso assim o admitam. 

Mas, mesmo entendendo que não existam condenações morais eternas, as sequelas das agressões permanecerão vivas na vítima e seus parentes. 

Bastante censurável também seria estimular a ocorrência de fatos semelhantes para ter desculpas do próprio erro.  

Cometer crimes de abusos sexuais contra crianças (especialmente parentes próximos) e depois atribuir por insinuação, a culpa a outras pessoas (falso testemunho), não deixa de ser delito gravíssimo.

Olha, na minha opinião, tanto a invasão domiciliar quanto o abuso sexual devem ser levados ao conhecimento das autoridades.

A sociedade espera que cada um cumpra o seu dever. Não é verdade? 

 

 

 

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publicado às 18:06

Corrupto e corruptor

por Fernando Zocca, em 26.01.14

 


Piracicaba (pobre e provinciana cidade) ainda tem, apesar do advento da Internet, alguns "donos da verdade", "proprietários da notícia". Não sobreviveriam sem a subvenção do poder público corruptor e corrupto. Contudo estão aí, apesar de velhos e alquebrados, gordos e luzidios, a palpitar como deve ser a sua vida e a da cidade. 

 

A semelhança entre os grandes e os pequenos ladrões nativos é a de que ambos obtém para si, ou para outrem, coisas alheias móveis.

 

Como exemplo podemos citar os bens de uma herança. A diferença entre as duas categorias de larápios está em que na primeira os prejuízos afetam a uma ou duas vítimas. Já na segunda categoria, na dos grandes ladrões, os prejuízos atingem populações inteiras, como nos casos de superfaturamento das obras públicas.


Ladrão pequeno, de herança, "pé de chinelo", pode até se complicar com a lei. Mas isso não é a regra. Já os grandes ladrões safam-se aumentando a fortuna pessoal e a dos familiares.


Perceba que a corrupção não se limita somente à esfera monetária, financeira. Os dirigentes políticos corruptos, corruptores usam também o afeto, a sexualidade para diluir oposição e fortalecer a ganância espoliativa.

 

Na cidade provinciana, atrasada e inculta, não deixa de existir os que se sentem responsáveis por ela. São os “xerifes” do século XXI, que recebem da população os altos salários, e não dão praticamente nada em troca.

 

Sem justiça, sem esperança, salve-se quem puder na terra que, não demora muito, transforma-se no lugar onde só o mais feroz e desumano sobrevive.

 

 

 

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publicado às 21:04