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O jogador de baralho e a professora

por Fernando Zocca, em 06.05.14

 

 

Você já pôde notar a existência daquele tipo de personalidade que se faz de vítima. 

É um jeito de ser que atribui a alguém, ou a situações especiais, os seus sofrimentos intermináveis.

Entretanto não deixa de ter certa razão o adulto que passou a infância "triturado" pelo ressentimento dos tios e primos mais velhos. 

Ponha-se na situação de quem precisava muito do dinheiro para custear estudos em outras cidades, fazer frente às despesas comuns do dia-a-dia ou pagar dívidas de jogo, e não podia recebê-lo em decorrência de estar ele na posse de um...digamos usurpador.

Você já percebeu que todos os males do mundo teriam como fonte única o safadista desjuramentado que, com a mulher e um filho imberbe, se acomodaram na casa que deveria ser dividida entre todos os herdeiros do vovozinho falecido.

Agora, meu querido e paciente leitor, some às agruras dos frustrados o fato de não poderem ter eles mesmos um filho. Não por haver qualquer tipo de impotência sexual do varão, causada pelo tabagismo, alcoolismo e noitadas inteiras na gandaia, na jogatina de baralho, Não. Longe disso. 

Talvez por incompatibilidade sanguínea quis o destino que o casal, formado pelo exímio jogador de cartas e a professora promissora, não pudessem dar ao mundo um descendente legítimo. 

E então? Como fazem os casais que vivem tal vicissitude? 

É comum à essas pessoas, que passam por esse tipo de problema, resolverem-no adotando uma criança.  

Perceba que a frustração causada pela impossibilidade de ter um descendente foi suprida pela adoção, mas a de estar na posse do bem imóvel ficou latente, pulsante, teoricamente embasando, inclusive, as histórias de ninar do infante recém-chegado. 

Como sagaz que é o meu nobilíssimo leitor já pôde vislumbrar a existência dos parentes ascendentes do neném adotado. 

E haveria prazer mais satisfatório do que aquele em que se enreda, calunia e difama (aos familiares-ascendentes do guri)  o tal devedor que não desocupa o bem do espólio?

Não, meu caro, não haveria mesmo. 

E tome lero-lero: "deficientes mentais", "doentes do baço", "racistas", "nazistas" e "encrenqueiros", seriam os adjetivos mais leves dentre todos os impingidos àquela família, espécie de judeus usurpadores dos territórios palestinos do sertão paulista. 

Se a maledicência fosse face a face, até que não causaria tantos males. Mas calúnia à socapa é muito mais eficiente, destrutiva, mortal, tucana e infame.

Essa, meu amigo, leva a morte à cabeceira do leito. 

Deus me livre.  

 

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publicado às 11:40

A importância da Comunicação

por Fernando Zocca, em 18.09.11

 

                      

 

Os cristãos sabem que Jesus tinha uma destinação bíblica: ele seria o cordeiro de Deus que tiraria os pecados do mundo. Durante esse período que transcorreu do início da sua pregação até a crucificação, ele passou por provações terríveis.

                        Dentre elas estava a de não ser aceito nos templos e até a de não poder trabalhar como seu pai que era marceneiro. Os Evangelhos desse domingo (18/09) tratam exatamente disso: dos desempregados que viviam nas praças a espera do patrão que lhes contratasse.

                        Veja que o desemprego não é fenômeno social tão novo assim, coisa desses nossos tempos de tecnologia. Já naqueles momentos históricos, havia os que não tinham nada pra fazer.

                        Não havia indústrias e a produção era artesanal. Ou seja, as roupas eram feitas pelas próprias pessoas, bem como os móveis, os utensílios da casa e as roupas que vestia.

                        O funcionalismo público não era tão estruturado como o é hoje, mas já havia a burocracia que servia para o controle das cobranças dos impostos e também das obras governamentais.

                        Se o sujeito não fosse sacerdote, não tivesse pendor para o direito, a medicina, para as artes bélicas, para a música, a oratória, a escultura ou a pintura, não lhe restariam muitas alternativas do que as do pastoreio e o lavrar a terra.

                        Hoje em dia milhões de pessoas dedicam-se às artes. Veja os destaques na música, na pintura e escultura. Estas são atividades às quais muita gente emprega o tempo desocupado pelo trabalho em algo mais produtivo.

                        Assim surgiram os grandes pintores da antiguidade, da idade média e também os atuais.

                        Aqui em Piracicaba tivemos o João Egydio Adâmoli, mais conhecido como Joca Adâmoli, que por sua forma inusitada de expressar a realidade, que lhe era própria, inaugurou uma nova classe de apaixonados, tendo seguidores nas mais diversas partes do mundo.

                        Tarsila do Amaral também é fruto da região de Piracicaba. Nascida no dia 01 de setembro de 1886, em Capivari, (estudou em Barcelona), falecida em 17 de janeiro de 1973, em São Paulo, desenvolveu uma técnica própria de expressar o seu pensamento, as suas emoções.  

                        Aos artistas cabem também, desde os primórdios da raça humana, o registro dos fatos importantes. Algumas passagens da história do Brasil podem ser revividas pelas obras pictóricas, deixadas por pintores ilustres como Victor Meireles, que idealizou A Batalha Naval do Riachuelo.

                        Da mesma forma na música.  Muitas criações ficaram marcadas, por uma longa data, na memória das pessoas. Tanto as clássicas, quanto as populares tiveram autores e intérpretes memoráveis.

                        Uma das composições do período conhecido como o da Jovem Guarda que fez muito sucesso, foi O Passo do Elefantinho, do Trio Esperança.

                        Veja que tanto na pintura como na música há o elemento comunicação. Assim, da mesma forma que o apóstolo Paulo comunicava, com suas cartas, as boas novas aos coríntios, amestrando-os, os artistas têm também essa característica de expressão, levando ao seu público as mensagens de interesse.

                        A comunicação com o eleitor deve ser prioridade fundamental para o bom político. Se ele por timidez, ideologia, orgulho ou afecção mental, não dirige a palavra aos concidadãos, pode ver a sua popularidade e a possibilidade de reeleição ameaçadas.

 

Relembre o Trio Esperança cantando O Passo do Elefantinho, vendo o vídeo abaixo.


 

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publicado às 19:01

O Museu do Biriba

por Fernando Zocca, em 18.06.11

 

                           Alguns políticos de Piracicaba ou são autistas ou esquizofrênicos. Das duas uma. Ontem no Face Book perguntei ao deputado federal Antônio Carlos Mendes Thame se o PSDB, em virtude das sucessivas derrotas que vem sofrendo, já não é mais aquele.

 

 

                            O legislador nem “tchum” deu. Perguntei também se a coleção das derrotas do partido (só pra presidência da república já são três seguidas) tiraram-no do rol dos vencedores.

 

 

                            Necas de catibiriba. Silêncio total.

 

 

                             Foram à toa aquelas campanhas publicitárias que pediam aos eleitores indagarem aos políticos, que supostamente os representavam, sobre as ações praticadas com o poder recebido pelo voto?

 

 

                            Falando em Mendes Thame lembrei-me do Biriba. Você sabe quem foi o Biriba? Não foi outro senão o glorioso primeiro presidente civil da república eleito pelo voto popular.

 

 

                            Morais Barros nasceu em Itu, mas passou grande parte da sua vida em Piracicaba onde também exerceu a advocacia.

 

 

                            Prudente foi eleito com alguns milhares de votos e durante o seu governo, lá no Rio de Janeiro (onde ficava a capital da república), enfrentou problemas, na sua grande maioria, decorrentes da transição do regime monárquico para o republicano.

 

 

                            Ele era apelidado de Biriba pelos companheiros de partido e segundo consta, algum tempo antes, e até mesmo durante o período eleitoral, entrou na moda, entre as senhoras da elite, o uso de colares finos ornamentados com dentes de feras.

 

 

                            Morais era contrário ao jogo do bicho, mas mesmo assim, não conseguiu extirpá-lo do hábito das pessoas.

 

 

                           Durante a sua gestão ele enviou uma grande parte do exército brasileiro para combater Antônio Conselheiro, um beato que fundou uma comunidade de aproximadamente 5.000 pessoas no sertão nordestino.

 

 

                            Contam que a artilharia, numa ocasião, durante um cerco, bombardeou os beatos por mais de 48 horas seguidas. Era o poder dos canhões contra as orações.

 

 

                            Depois de quatro anos, de muita resistência e sofrimento, o exército eliminou todo mundo. Alguns historiadores atribuem tanta crueldade à crença de que Conselheiro era monarquista e sua comunidade um reduto monárquico.

 

 

                            Prudente não teve um governo muito tranquilo. A assembleia legislativa não o apoiava. Seus correligionários classificavam os deputados oposicionistas como meros repetidores, volúveis e traidores.

 

 

                            A oposição inventou uma série de armadilhas para desestabilizar a sua administração. Entretanto esquivando-se delas todas Prudente chegou ao fim do mandato com muita honra.

 

 

                            Morais sofreu um atentado contra sua vida, mas os agressores foram rapidamente contidos. O autor do ataque conhecido como Marcelino Bispo foi preso e logo depois “se suicidou” na cadeia.  

 

 

                            Prudente de Morais morreu tuberculoso. Em sua memória, a casa (foto) em que ele passou o restante da vida, logo depois de deixar o poder, foi transformada em museu, que fica na esquina das Ruas Treze de Maio e Santo Antônio.

                             

 

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publicado às 03:49






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