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Você já deve ter lido muitas histórias minhas sobre o Van Grogue. A maioria delas foi publicada, nos blogs que mantenho, e livros que escrevi, retratando os momentos em que o famoso personagem de Tupinambicas das Linhas, se embriaga nos bares da cidade.
Entretanto Grogue não é só um bêbado inconsequente. Quando menino e, vivendo na área rural de uma cidade vizinha, ele, além de ajudar os pais nos serviços domésticos, e da lavoura, também gostava de ler.
Ele era fã de Jorge Amado. Pra quem não sabe Jorge Amado foi um escritor brasileiro, nascido na Bahia, tendo se notabilizado pelas inúmeras obras literárias que se transformaram em filmes e séries para a TV.
Numa ocasião, quando Van se recuperava de um surto meníngico, o pai o presenteou com a novela Teresa Batista cansada de guerra do famoso autor baiano.
Van, depois de muito tempo, recuperou a saúde tendo guardado boas lembranças do Jorge Amado e seus livros, especialmente o Teresa Batista.
Já quase adulto Van de Oliveira ganhou de presente, de um padrinho, uma bela mula. Durante a entrega, numa festa de aniversário, ao passar-lhe as rédeas do animal, o presenteador disse-lhe:
- É um bichinho de estimação. Ela nunca foi montada. Você pode ver: é ainda muito nova e precisa ser domada. O pai dela era um burro orelhudo, cabeçudo, vigoroso, que carregou muita lenha e material de construção pra mim e meus irmãos.
Van recebeu a mula durante o "parabéns pra você" e ouviu a recomentação do padrinho:
- Olha, meu filho, ela adora milho. De vez em quando, pelo menos uma, ou duas vezes por semana, você deve serví-la com milho. Mas, veja bem, tem de ser milho bom. Não me dê desses já passados, amarronzados, que não servem nem pra pipoca. Sabe pipoca, que quando quente, pula insanamente de lá pra cá? Então... Tem de ser milho bom. Entende?
Dona Emiliana, a mãe do Van, curiosa e feliz com o presente do filho perguntou ao padrinho, logo depois do "é pique, é pique; é hora, é hora..."
- Essa mula não tem nome?
Diante da negativa do padrinho Van adiantou-se e, lembrando da bela história do Jorge Amado, disse em alto e bom som:
- Essa mula vai se chamar Teresa Batista.
Depois de algum tempo de treinamento carinhoso, nos arredores da casa sede do sítio, Van de Oliveira e Teresa tornaram-se bons amigos.
E foi assim que Van, numa bela e ensolarada manhã de domingo, um inesquecível nove de janeiro, ao surgir em Tupinambicas das Linhas, montando a Teresa, anunciou à cidade inteira que, uma, duas, ou até mais vezes por semana, cavalgava prazerosamente a inoxidável mula fogosa.
Ele era um sujeito explosivo, isto é, "pavio curto", de temperamento conhecido como sanguíneo, pelos psicólogos.
Nas reuniões dos amigos, certos assuntos logo faziam-no perder o controle, partindo então para as altercações.
Havia aquele pessoal que atribuia seu modo de ser ao vocabulário bem limitado, fato que o fazia logo não ter argumentos para justificar suas posições.
Então ele partia, ou para a esculhambação dos argumentos do oponente, do próprio oponente, ou inventava simpatias.
Uma das suas simpatias foi a de deixar crescer o cabelo. Quando lhe perguntavam o porque daquele gesto, nosso amigo, eriçava o dedo indicador direito dizendo em tom de ameaça:
- Não posso contar. Mas vocês vão ver o que vai acontecer...
Os gaiatos de plantão já explicitavam estar aquela nossa amizade ainda no tempo da Jovem Guarda, quando os cantores usavam aqueles cabelões em forma de protesto contra os costumes opressores vigentes.
Bastante nervoso, irritado, com o rosto afogueado e naqueles tons ameaçadores o incansável considerado expectorava:
- "Oceis" vão ver só...
Aqueles seus gestos lembravam uma autoridade brava, nervosa, contrariadíssima com o que presenciava. Outros ainda diziam que ele se parecia com a velha senhora perturbadíssima com as estripulias das crianças que não conseguia controlar.
Notavam os amigos que, além de manter as longas madeixas, o amigo inquieto gostava de se alimentar com muitos vegetais, desde que fossem bem verdes tais como o alface, a couve, e o agrião.
Certo espanto causou, o nosso profeta, quando instigado respondeu, numa reunião informal:
- Eles que dançam, fazem a maior festa, e "é nóis que paga o pato? Isso num tá certo".
Diante desssa problemática toda surgida com as descobertas das sacanagens feitas pelas pessoas encarregadas de gerir o patrimonio público brasileiro, o nosso amigo imaginava que a revivência, dos tempos antigos, poria sossego nas destemperanças todas.
O fato é que aquele cabelo comprido, preso na forma de rabo, mais parecia o trazeiro de um cavalo velho, e que expressava, na verdade, o desejo do seu mantenedor, de ver de volta, no comando do país, os que antes aí estavam prendendo e arrebentando.
Faltou alguém lembrar ao nosso advinho que mesmo naqueles tempos em que os militares governavam o país a gandaia existia. Era mais oculta, opaca, recheada de violência, muita violência e morte.
Meus irmãos, não se façam todos de mestres. Vocês bem sabem que seremos julgados com maior severidade, pois todos nós estamos sujeitos a muitos erros.
Aquele que não comete falta ao falar, é homem perfeito, capaz de pôr freio ao corpo todo. Quando colocamos freio na boca dos cavalos para que nos obedeçam, nós dirigimos todo o corpo deles. Vejam também os navios: são tão grandes e empurrados por fortes ventos! Entretanto, por um pequenino leme são conduzidos para onde o piloto quer levá-los. A mesma coisa acontece com a língua: é um pequeno membro e, no entanto se gaba de grandes coisas.
Observem uma fagulha, como acaba incendiando uma floresta imensa! A língua é um fogo, o mundo da maldade. A língua, colocada entre os nossos membros, contamina o corpo inteiro, incendeia o curso da vida, tirando a sua chama da geena. Qualquer espécie de animais ou de aves, de répteis ou seres marinhos são e foram domados pela raça humana; mas nenhum homem consegue domar a língua. Ela não tem freio e está cheia de veneno mortal. Com ela bendizemos o Senhor e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. Da mesma boca sai a bênção e a maldição. Meus irmãos isso não pode acontecer! Por acaso, a fonte pode fazer jorrar da mesma mina água doce e água salobra? Meus irmãos, por acaso uma figueira pode dar azeitonas, e uma videira pode dar figos? Assim também uma fonte salgada não pode produzir água doce.
Tg 3, 1-12.
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