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Roubando o fio

por Fernando Zocca, em 10.11.14

 

 

 

Quando começou a II Guerra Mundial, no dia 1º de setembro de 1939, o governo brasileiro nutria tendências e simpatias pela ideologia do III Reich. 

Entretanto logo depois, por volta de 1942, navios cargueiros brasileiros foram atacados e afundados por submarinos alemães, no oceano Atlântico, praticamente na costa brasileira, fazendo com que o ditador Getúlio Vargas revisse a sua posição. 

O lance inicial da guerra foi a invasão da Polônia, pelas tropas alemãs, que utilizaram a estratégia Blitzkrieg, consistente no ataque relâmpago, de surpresa e violento. 

Os alemães tinham como aliados a Itália e o Japão. No curso da guerra, tanto nos Estados Unidos, quanto no Brasil, os descendentes dos italianos e japoneses eram, se não segregados ostensivamente, mantidos sob vigilância acirrada. 

Se hoje, nos tempos de paz, podemos presenciar a crueldade do assédio moral e do bullying, imagine como ela não seria, (inclusive instigada pelas rádios e jornais), naquele período tenso, de escassez absurda de tudo, compreendido entre 1939 a 1945, quando terminou o conflito. 

Você sabe que há quem, quando sob muita pressão, pode reagir de forma condenável, causando danos aos agressores. 

E não era impossível que parentes do agressor, com a finalidade da redenção, tentativa de reparar os danos, pudessem chegar ao extremo de praticar atos como o de adoção de crianças.

Ocorre, meu amigo, que "aqueles a quem você perdoar, serão perdoados; mas aqueles a quem você não perdoar, não serão perdoados", prosseguindo na consecução da vingança, transcendendo a pessoa do suposto ofensor, transmitiam aos descendentes dele, os tais "pecados" condenáveis. 

Em outras palavras, isso não seria nada mais do que a má fama, passada de pai para filho. 

Tudo serviria para alimentar o bullying, o assédio moral. Até mesmo um corte da energia elétrica, discussões entre irmãos ou dificuldades financeiras da família ensejariam comentários danosos e ofensivos.  

A invenção e execução das armadilhas, relacionadas aos temas das dificuldades familiares, seriam a diversão preferida dos perseguidores "justiceiros", vingadores, defensores da boa moral, e da ética provinciana.

Assim, com que ironia, não agiriam os parentes, (ou inimigos) distantes da criança adotada, ao compararem a adoção, com um suposto furto dos fios de uma auto-elétrica?

- Alá, roubaram o "fio" da Benedita. Pode isso, seu doutor? - explicaria para a alegria da rapaziada, o pândego marceneiro de olhos azuis, cabelos já brancos, no boteco do japonês, em que sempre bebia, logo depois de sair da fábrica de barcos, para o almoço.  

Olha, quero que fique bem claro: peço eu a Deus o perdão dos meus pecados, da mesma forma que eu próprio, perdoo a todos aqueles que contra mim pecaram. 

 

 

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publicado às 18:59

Crianças esgoelantes

por Fernando Zocca, em 29.08.14

 

 

O efeito causado foi o de crianças esgoelantes voando escada abaixo e desembestando pelo quintal afora até a rua

 

 

 

 

Eu tinha um primo (Deus o tenha em bom lugar), que gostava de tomar Biotônico Fontoura (quem não se lembra?), fazer exercícios puxando elásticos, e socar a mesa da cozinha, de vez em quando. 

Ele dormia bastante durante o dia. Além de consertar aparelhos de rádio, eletrolas e TVs, o cidadão praticamente não se preocupava com mais nada.

Um dia quando a molecada fazia a maior zoeira na cozinha da casa da minha tia (irmã do meu pai), o primo saiu do quarto vestindo uma camiseta regata branca, short azul e dando um grito tipo "banzai", esmurrou o centro da mesa.

O efeito causado foi o de crianças esgoelantes voando escada abaixo e desembestando pelo quintal afora até a rua.  

Crianças são sugestionáveis e esse gesto foi repetido por mim em algumas ocasiões. O soco na mesa de ping-pong, depois de não se sabe o quê ter acontecido, causou um edema feio na mão direita, havendo a necessidade da imobilização com faixas.

Na segunda ocasião, durante uma aula de processo civil, na universidade, um zunzumzum promovido por tagarelas reunidas e sentadas no corredor, do lado de fora da sala de aulas, obteve uma pancada forte numa das carteiras onde a traquinas chefe zunia.

O susto reduziu o volume da fofoca, possibilitando o entendimento da aula do professor. 

Você sabe que uma batida inesperada na mesa da cozinha acompanhada de um palavrão tipo corno, por exemplo, dito com muita ênfase produz um efeito devastador. Este pode ser mais terrível ainda se a vítima é um parente visitante demonstrando calma, que aguarda a sua presença.

Tudo pode ficar mais chato ainda se esse seu parente tentar, num desdobramento do fato, durante muito e muito tempo, fazer você sentir-se o verdadeiro corno.  

A pancada na mesa de vidro não é producente a não ser que o punho esteja equipado com um machado.  

O gesto de espancar algo pode deixar de ser negativo quando, por exemplo, é usado nos programas de TV, como no The Voice Brasil. 

Lá o cantor experiente, espalmando com certa força o botão, faz voltar a cadeira para o candidato que o agrada.

Legal, né?   

 

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publicado às 02:37