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Retardatários

por Fernando Zocca, em 26.06.15

 

 

 

 

 

Muitas coisas, mas muitas coisas mesmo, mudaram de uns tempos pra cá.
Esse fenômeno é comum, natural; esquisito seria se isso não acontecesse.
Por exemplo: há algum anos passados não era admissível a permanencia dos cães nas ruas. Quando a administração percebia, fazia entrar em ação a temível "carrocinha" capturadora dos animais.
As crianças que deixavam seus cachorros pelas calçadas desesperavam-se e, esgoelando, corriam atrás dos capturadores, objetivando a soltura dos bichos.
Muitas vezes não tinha choro, nem vela. A cachorrada virava sabão. E o fato servia de lição para os que quisessem ter animais de estima, não se importando, entretanto, em deixá-los abandonados nas vias.
O tempo passou e hoje os cachorros dominam os quarteirões. Há quem mantenha ração e água defronte suas casas para o sustento dos bichos que, inclusive, dormem ao relento.
O pedestre precisa ter o cuidado para não ser atacado pelas feras e também ser delicado ao afastar as investidas, porque pode vir a se complicar sob o pretexto dos maus tratos aos animais.
Outra novidade, que encontra resistência no entendimento de algumas pessoas, é a validade dos alimentos.
O pessoal mais antigo, quando notava carunchos no arroz ou feijão, expunha-os ao sol depois do quê julgavam bons para o consumo.
Mas a mudança mais sensível foi a da não permissão do trabalho infantil.
Indignados com o que veem hoje muita gente exclama: "imagine só... No meu tempo de criança eu tinha de trabalhar pra ajudar em casa... Hoje essa criançada vive pelas praças sem fazer nada, cometendo barbaridades contra os outros..."
Se esse pessoal tem dificuldade para perceber, aceitar e adotar as mudanças comportamentais, imagina o grau de estranheza que causaria a visão da utilidade dos computadores, telefones celulares e tablets.
A indignação dos retardatários da compreensão não impedirá o avanço das mudanças.

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publicado às 13:15

Os bicudos emplumados

por Fernando Zocca, em 16.10.14

 

Em 1962 meu pai associou-se ao Clube de Regatas de Piracicaba, que tinha sua sede principal na esquina da Rua Morais Barros com a Avenida Beira Rio.

O clube tinha um pequeno campo de areia, quatro quadras de basquete/Volei/Futebol de Salão, uma piscina de 25 metros de cumprimento (a parte menos rasa tinha três metros de profundidade), outra - piscina - bem menor para crianças, dois vestiários com chuveiros, armários, uma sede administrativa, um departamento de remo, composto com vários barcos de competição, de recreação, uma marcenaria equipadíssima, um salão de festas, e uma academia de musculação.

Os estatutos da entidade não permitiam a venda, o empréstimo, o comodato ou qualquer outro negócio que significasse a alienação do patrimônio, tanto físico quanto cultural do clube.
Alguns anos mais tarde, por volta de 1965, o Regatas iniciou a construção de um anexo (que nunca foi concluído), e comprou uma pequena chácara no bairro Ipanema.

A chacarazinha tinha dois campos gramados de futebol, um vestiário para dois times, uma pequena piscina, uma sede onde morava o caseiro, várias mangueiras, jabuticabeiras e goiabeiras.

É claro que, por fazer parte do patrimônio do clube, a administração desta área estava sob as normas estatutárias da entidade.

Passados mais alguns anos, isto é, por volta do final dos anos 70, o Clube de Regatas de Piracicaba teve todas as suas instalações físicas e culturais alienadas ao Clube Palmeiras (Palmeirinha).
Este clube, o Palmeirinha, também iniciou obras que até hoje não foram concluídas.

Quem passa pela Rua São José, esquina com a Bernardino de Campos, vê um enorme esqueleto feio, da tal obra inacabada.

Mas, além desses problemas advindos dos equívocos (ou má-fé) administrativos, o Palmeiras alienou, para empreiteiras (propriedade dos bancos financiadores das campanhas tucanas na cidade), a chácara localizada no jardim Ipanema.

Mais alguns anos depois os sócios do então Clube de Regatas de Piracicaba puderam observar, boquiabertos, o surgimento de um enorme condomínio de casas luxuosas, caríssimas, onde antes era a chacarazinha da entidade.

A sede do clube, na Rua Morais Barros, esquina com a Avenida Beira Rio, foi vendida para um grupo milionário que hoje a explora comercialmente.

O Clube Palmeiras situado na Rua Bernardino de Campos, 835 cidade alta, há algum tempo, foi açambarcado pela prefeitura municipal.

Alguns eleitores questionam se o que teria feito a prefeitura com o Palmeiras/Regatas não foi semelhante ao que fez o então presidente do Esporte Clube XV de Novembro, Romeu Ítalo Rípoli, que pagou salários atrasados, bichos e contas sem fim do time, obtendo anos depois, em pagamento, o campo da agremiação, situado na Rua Regente Feijó, entre as Ruas Governador Pedro de Toledo e Santo Antônio. 

No local, onde antes era o campo do XV, hoje há o supermercado Extra. 

Há quem diga que, na espera do momento eleitoral oportuno, os 10 mil metros quadrados de área central (100m x 100m), um quarteirão inteiro, transformar-se-ão, sob o domínio das empreiteiras, sócias dos bancos, financiadores das campanhas, num complexo e luxuoso condomínio que, comercializado a peso de ouro, fará retornar aos cofres dos banqueiros, a dinheirama toda empregada nas campanhas dos tais bicudos emplumados. 

Há ainda quem garanta que a área do Parque do Piracicamirim seja equivalente à área da chácara do Regatas, alienada pelo Palmeirinha. O que havia naquela há nesta. Ou quase.

Só faltou a piscina.

Em assim sendo, seria esta obra do Piracicamirim uma ação para desencargo de consciência? Quem sabe?

É preciso muita inteligência, esperteza e tino comercial para ganhar dinheiro desta forma, durante tanto tempo. Certos negócios não são tão simples quanto a apropriação de heranças, ou para serem realizados por amadores.

(Texto aumentado e revisado).

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publicado às 17:56

É chegada a hora

por Fernando Zocca, em 23.04.14

 

 

 

 

 

Você já pensou como pode ser absurdo um dos herdeiros avançar sobre a herança da viúva, pedindo-lhe parte do dinheiro do espólio, a fim de comprar um carro, com a justificativa de que alguém, a qualquer momento, poderia precisar do transporte de emergência?

O espertinho só conseguiria sucesso, no seu intento, se a viúva não soubesse responder que, em caso da precisão de um transporte urgente, poderia valer-se das ambulâncias dos serviços de saúde da sua cidade.

Se o aproveitador obtiver antecipadamente o dinheiro (que deveria ser dividido num processo de inventário ou arrolamento), estará "ligando" a numerosa turma do "eu também quero".

Ai, meu amigo, o roteiro segue conforme diz o ditado: "onde passa um boi, passa uma boiada"; e lá se vão mais fundos para o outro apressado com a justificativa de que o seu negócio de torrefação de café precisa de reforço, de capital de giro.

As lorotas enrolativas são tão convincentes que nem mesmo as notícias de que o tal "empresário" perdeu seu dinheiro nas mesas de carteado, impedem mais um desfalque contra os bens deixados pelo defunto.

O próximo da fila, a valer-se da caridade da viúva, obtendo a permissão para ocupar, com sua mulher e o filho, um imóvel do monte-mor, não poderia imaginar que seus descendentes sofreriam perseguições implacáveis dos outros que não tiveram a mesma sorte.

Perceba que a impossibilidade para descontar nos adultos, supostamente causadores dos males materiais, conduziria os prejudicados a praticarem, veladamente, maldades contra quem não pode se defender: as crianças.

Então aquele "tiozão" neurótico, bêbado e bastante infeliz com o seu casamento, pode atribuir seus fracassos todos à ausência do aporte do dinheiro, imobilizado com o "invasor".

E creia, não haveria melhor catarse para as tais "neuras", do que pegar um dos filhos do parente e "descarregar" nele os ódios todos acumulados. 

Veja a importância que o rancor tem no desenvolvimento das crianças indefesas. 

Você consegue pensar e meditar no poder maléfico que alguém teria sobre outra pessoa; entretanto pondere nos malefícios que a maldade, dentre elas a ganância, exerce sobre populações inteiras.

Imagine o quanto os habitantes das grandes cidades economizariam ao pagar seus impostos, no caso da ocorrência da lisura nas licitações, para a construção dos metrôs e trens. 

É claro que tudo seria mais barato. Entretanto as diferenças todas que saíram dos cofres públicos, hoje, fazem parte da fortuna particular dos responsáveis diretos por aquelas obras.

Então mansões, iates, aviões, carros importados, viagens, apartamentos luxuosos, compõem o rol dos bens dos que ainda não foram atingidos pela lei. 

É ingenuidade não acreditar que o enriquecimento de alguns não representa a ruína de centenas de milhares.

Seria equivocado dizer que a economia de bilhões de dólares, pelo poder público, não serviria para atender as necessidades de infraestrutura dos locais habitados por pessoas mais pobres?

É chegada a hora em que o povo deve reivindicar as suas riquezas, injustamente apropriadas, por quem não poderia fazê-lo. 

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publicado às 20:13

É o jogo

por Fernando Zocca, em 21.03.14

 

 

Eu sabia que era impossível a inexistência de uma "treta” tão grande, grave e riquíssima, por trás daquele zunzunzum inquietante.

O PSDB é a cristalização da chamada livre iniciativa, do empreendedorismo, das ações que formam grandes latifúndios, fazendas e empresas particulares.

Durante a vigência do estado de exceção, quando os militares assumiram o governo central, a ideologia tucana era expressa pela sigla ARENA que significava Ação Renovadora Nacional.

Contrapondo-se aos proprietários empreendedores, há os trabalhadores que nada mais teriam do que a força do trabalho. 

Estas duas vertentes sociais estão no poder há algum tempo. Os trabalhadores, representados pelo PT, ocupam o governo central, enquanto que  o partido dos patrões governa São Paulo há décadas.

Contra os trabalhadores houve a comprovação de crimes em desfavor da administração pública. Punições exemplares foram executadas e os culpados sofrem as consequências. 

Mas, como ninguém é perfeito, surgem agora revelações na Europa e também para as autoridades judiciais brasileiras, sobre a existência de crimes de formação de cartel e outras irregularidades nas licitações para a construção de metrôs e trens de várias cidades brasileiras. 

Todos os crimes cometidos durante a administração do PSDB, e que lesaram os cofres públicos em bilhões de dólares, saciaram a poucos, bem poucos, empobrecendo, por outro lado, milhões de brasileiros. 

Corrupção semelhante você, meu querido leitor, pode notar no governo deposto da Ucrânia. Lá Viktor Yanukovich e seu gabinete, com tendências pró-Rússia, enriqueceu empobrecendo o povo, até o momento em que  este reagiu depondo-o.

Viktor Yanukovich pediu ajuda à Moscou e Putin, presidente Russo, invadiu com suas tropas a Criméia, parte do território ucraniano. 

O presidente norte-americano Barack Obama e os representantes da União Europeia, aparentemente derrotados neste cabo de guerra, não puderam impedir a grave perda de território, sofrida pela Ucrânia.

Perceba que a perda do domínio sobre uma vasta extensão de terras está relacionada à corrupção de um grupo de traidores.

Viktor Yanukovich, sua quadrilha e o governo Russo gozarão as delícias das riquezas roubadas, enquanto que o povo ucraniano sentirá na pele, durante longos anos, os gravames da escassez.

Tanto aqui no Brasil, quanto lá, na Ucrânia, as coisas são parecidas. 

É o jogo.   

 

 

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publicado às 14:47

Cunhados

por Fernando Zocca, em 10.02.14

 

 

 

O profeta João Batista foi decapitado, a mando de Herodes, porque o denunciava por relacionar-se ilegitimamente com a sua cunhada, a bela Herodíades. 

 

Herodíades era casada com Filipe, irmão de Herodes, e tinha uma filha lindíssima, certamente desejada pelo tio.

 

Então Herodes pediu para a sobrinha que, numa festa concorridíssima, dançasse para ele; em troca lhe daria qualquer coisa que ela quisesse, inclusive até metade do seu reino.

 

Então a menina, diante da centena de convidados, dançou. 

 

Em seguida a moça aproximou-se da mãe (Herodíades) e perguntou o que ela deveria pedir em troca, ao rei.

 

Herodíades, que também estava chateada com as acusações verdadeiras de João Batista, mandou que a menina pedisse ao tio a cabeça do profeta, já preso.

 

Realmente, Herodes mandou um guarda à prisão e este consumou o crime.

 

Relacionamentos entre cunhados não são infrequentes. Na história recente da política brasileira, houve o caso de um ex-presidente que se engraçou pros lados da lindíssima esposa do seu irmão.

 

Irritadíssimo com os avanços, o marido foi a público e denunciou os esquemas financeiros fraudulentos que, comprovados, resultaram no impeachment do mandatário presidencial.

 

A mãe do presidente deposto, em decorrência da repercussão dos fatos na sociedade brasileira, sofreu um AVC (acidente vascular cerebral), vindo a falecer um ano depois da instalação da doença.

 

O próprio irmão do deposto, marido da mulher cobiçada, também sofreu um ictus, falecendo em pouco tempo.

 

Não se enganaria quem dissesse que o causador de todos esses transtornos foi o ciúme.

 

Esse assunto, ciúme, vem sendo um dos temas centrais da novela Em Família do dramaturgo Manoel Carlos.

 

Então você pode perceber como Helena (Bruna Marquezine) transtorma a cabeça do Laerte (Guilherme Leican), provocando nele a ebulição do ciúme. 

 

Laerte não se controla, e isso serve de reforço para Helena, que vê nos problemas criados pelo ciumento - brigas e ataques de fúria - uma fonte de prazer.

 

Assim como na vida real e na dramaturgia,  esse tipo de interação, de ação e reação, pode acabar mal. Os dois lados envolvidos carecem de moderação: a manipuladora precisa conter-se, torturando menos o cara que a ama. E ele deve no mínimo, ao ser provocado, não dar tanta relevância às insinuações.

 

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publicado às 18:23

São Paulo e os trens

por Fernando Zocca, em 16.10.13

 



Em julho de 1983 a Revolução Constitucionalista, que levou São Paulo a bater-se contra o Brasil, completava 51 anos.
A geração nascida em 1951 surgia à luz depois de passados 19 anos do fim daquele embate, no qual o Estado Paulista, sofreu a mais vergonhosa derrota militar de toda sua história.

 
Mas, - perguntaria meu nobilíssimo leitor - a causa dessa revolta frustrada teria sido uma ocupação irregular das terras alheias como aconteceu em 1948, quando Israel apropriou-se, com o apoio do governo norte-americano, da parte do território palestino?


Não. A causa da insurreição paulista deu-se pela preterição do candidato do Estado de São Paulo à ocupação da presidência da República. 


Todos nós sabemos, ou quase todos, que a República foi proclamada no dia 15 de Novembro de 1889. Desta data até 1930 o cargo de presidente era ocupado alternativamente por políticos paulistas, representantes dos latifundiários produtores de café, e dos mineiros, representantes dos fazendeiros, produtores de leite.


Esse "esquemão" conhecido como política do "café com leite" que continha fraudes eleitorais grosseiras, foi interrompido a "Manu militari" por Getúlio Vargas em 1930, quando a vez de ocupar a presidência e gozar de todos os seus privilégios, era dos paulistas.

 
A indignação da classe dirigente frustrada, por meio das rádios, dos jornais e outras formas usuais de comunicação, fez a opinião pública acreditar, que o Estado de São Paulo se bateria por uma causa nacional justa que seria a obtenção da Constituição da República.


Fazia parte do arsenal dos paulistas um trem considerado imbatível, pois podia transitar por quase todo o estado, armado com canhões, transportando carros, caminhões e tropas.
Acontece que, em sendo a teoria na prática, outra coisa bem diversa, deu-se muito mal o Estado de São Paulo, no confronto com o Exército Brasileiro, formado por contingente maior e mais bem equipado.


Parece que o trem, que outrora fora esperança de vitória dos políticos paulistas, volta agora para demonstrar que os fatos não são como aparentam ser e que há algo de bem podre na suposta solidez do governo PSDB do Estado de São Paulo.


Desde 1932 o Brasil não elege um candidato paulista a presidente da República.

 
Diante dos fatos, e ao que tudo indica, se depender dos senhores Antônio Carlos Mendes Thame, Barjas Negri, Geraldo Alckmin e muitos assemelhados, o Estado de São Paulo passará outros 82 anos sem ter um filho seu eleito presidente da República.

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publicado às 14:04

Promessa é dívida

por Fernando Zocca, em 03.10.13

 

 

Hoje em dia está difícil "botar fé" nas pessoas. As promessas saem fáceis, mas o cumprimento delas, se não anda dificultoso mostra-se impossível.


As pessoas prometem talvez para se livrar das situações desconfortáveis, mas certamente marcam muito mais pela frustração que deixam, quando não atendem as expectativas.


Não é, portanto à toa, que surgem os contratos. Por meio deles, o prometido pode muito bem ser exigido.


Por meio da avença escrita, se o promitente (aquele que promete) não cumprir o combinado pode e deve sofrer as penalidades previstas ali naquela espécie de lei entre as partes.


A promessa dita, falada, sem um comprovante táctil, concreto, onde se descreve os sujeitos, direitos e obrigações, torna-se difícil de ser cobrada.  Existe, é claro, a opinião de que apesar das dificuldades, a cobrança não seja impossível.


A situação fica muito pior quando você, acreditando naquelas promessas verbais feitas por alguém, comunica o fato às pessoas do seu convívio.


Então, não é uma situação terrível, desgastante, quando muita gente espera, te cobrando, por aquele fato que você (baseado naquela promessa recebida), disse que aconteceria, e ele simplesmente não acontece?


Como você se sente tendo que explicar milhares de vezes que o dito antes não vai mais acontecer, não por você não querer, mas por causas independentes da sua vontade?


Na verdade o que está em jogo é a credibilidade. Note que sem ela nem dinheiro emprestado pelos bancos você consegue.


Como já disse, há quem entenda, entretanto, que a promessa não escrita, feita na base do fio de bigode, é dívida moral e se não for paga pode trazer sérias consequências para o promitente.


Mesmo assim, nada como um bom e velho contrato escrito e registrado no cartório, para a segurança e tranquilidade da família.


Não é mesmo?

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publicado às 19:44

O Metrô e o Trem

por Fernando Zocca, em 09.09.13

 

 

Você já percebeu como aumentaram as notícias sobre os crimes contra o patrimônio?


Pode reparar, ao navegar pela internet, ler os jornais, ver a TV e participar dos bate-papos das reuniões festivas, que os furtos, os roubos, e até mesmo as depredações, sofreram um considerável acréscimo nos espaços das mídias.


Atribuir esse fenômeno a um só fator seria limitar o  conhecimento público sobre as causas da inflação desses crimes.


Sem dúvida que a impunidade é um reforçador importante para as decisões que levam ao crime.


A gente nota também que grande parte das sentenças condenatórias referem-se a réus pobres, marginalizados e sem a suficiente defesa nos processos.


Por outro lado você vê, constantemente, os chamados criminosos de “colarinho branco”, isto é, aqueles que cometem crimes sem praticamente deixar rastros - crimes burocráticos - pavoneando-se folgadamente, na cidade ou no exterior, com os produtos dos seus deslizes.


As licitações públicas são alguns dos campos onde determinados senhores de “colarinho branco” conseguem fazer o pé-de-meia deles e até das futuras gerações da família.


Então o empresário que financia a campanha de determinado candidato a emprego público eletivo, quando vê seu escolhido abençoado com a vitória, sabe que, no mínimo, ganhará tantas licitações quantas forem necessárias para a recuperação, com juros e correção monetária, de todas aquelas importâncias emprestadas ao cidadão eleito.


Nesse jogo de faz de conta, que é a licitação pública, vale até combinar, entre todas as empresas participantes, que mesmo as perdedoras terão direito de auferir lucros ao atuarem como terceirizadas.


Quando uma financiadora, de determinado candidato, contrata as demais, para agirem também nos serviços, evita a interposição de processos judiciais que anulariam as concorrências.


Percebe-se então a praticamente inutilidade da lei que normatiza a escolha das empresas particulares pelo poder público.


Então você, meu arguto leitor pergunta: mas o que tem a ver o ladrão que furta ou rouba um estabelecimento comercial ou bancário, com o prefeito, o vereador, o deputado federal que subtrai para si, o numerário do povo, por meio dos superfaturamentos decorrentes das licitações viciadas?


É que os crimes praticados, tanto pelos ladrões comuns, quando por aqueles que gerem a cidade são os mesmos.

 

Uma das diferenças entre os ladrões "pés-de-chinelo" e os de "colarinho branco", geralmente, está na impunidade destes últimos.


Daí você, meu querido leitor, que ainda não captou a motivação dessas manifestações populares nas ruas, ocorridas nestes últimos tempos, não pode, a partir de agora, alegar ignorância.


O povo quer ver os culpados pelos crimes contra os cofres públicos exemplarmente punidos. Sejam eles mensaleiros ou privatizadores tucanos.

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publicado às 17:29

As Gazelas Assustadas

por Fernando Zocca, em 16.01.13


 

A ignorância, a má educação, a grosseria e a incivilidade são sempre os resultados de alguma coisa. E esta não poderia ser outra do que a politica vigente numa localidade.


Se os mesmos políticos, dedicados há décadas, a desenvolver planos, traçarem metas e a dirigir os destinos das pessoas, numa determinada região, estão atentos única e exclusivamente às questões relativas às obras que envolvem o cimento, o tijolo, a areia, e o concreto, com certeza neste local, não haverá bons modos e nem tantas gentilezas.


E onde impera a estupidez, o turista geralmente, não é bem recebido. Pode ter a certeza.


Veja então que se o tal gabinete se dedica a atender aos usuários dos transportes individuais, gastando o tempo, o dinheiro e a paciência do cidadão com asfalto, pontes, viadutos e prédios voluptuosos, não poderá satisfazer as demais necessidades da população, relacionadas aos transportes públicos, à segurança, à saúde, e nem mesmo à educação.


Desta forma a selvageria, a incivilidade e a estupidez, tornam-se notáveis características, que destacam grande parte da fauna da região.


Estudos psicológicos apontam que a incivilidade e a grosseria, além de serem manifestações do inculto, teriam por base a personalidade frágil, sensível e bastante medrosa.


E essas reações animalescas, bem selvagens mesmo, nada mais seriam do que os jeitos próprios de se defender, daqueles muito delicados, que se sentiriam ameaçados.


E não deixa de haver quem creia e diga que, debaixo da pele de todo machão amedrontador, existe sempre uma gazela assustada.


É impossível não relacionar a incivilidade com a deficiência intelectual, e esta, com as más formações genéticas, resultados dos cruzamentos consanguíneos.


É certo que se pode muito bem civilizar idiotas. Educá-los. Mas se os governos só gastam dinheiro com pontes, viadutos e concreto isso é praticamente impossível.


Piracicaba que o diga.

 

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publicado às 19:33

A Ideologia do Patronato

por Fernando Zocca, em 01.08.12

 

 

Nunca antes na história desta cidade a ideologia política dominante foi tão longe na direção errada.


Esculhambando com o respeito que o governante sério deve ter com o cidadão, esse pessoal do executivo simplesmente arruinou o possível crédito que ainda poderia ter com o eleitor.


Na ânsia louca de tornarem-se perenes, lançaram-se doidamente na construção de pontes, edifícios suntuosos e obras desnecessárias.


Enquanto isso o atendimento nos postos de saúde, nas escolas municipais e nas creches minou-se de tal forma que quase ninguém consegue ser bem atendido.


Verbas imensas são gastas na divulgação dessa política desinteressada no bem estar do eleitor. A promoção pessoal do senhor agente político tem prioridade quando, diante de uma escolha entre beneficiar os moradores de uma periferia ou a imagem própria, escolhe-se o pódio com os flashes da promoção própria.


As manobras eleitoreiras destrutivas, antes usadas com maestria pelos senhores antigos coronéis do engenho, hoje em dia, no tempo da internet, já não teriam o efeito tão avassalador.


O tempo passa muito rápido e com ele, todas as técnicas administrativas da opressão vil, mostram-se cada vez mais ineficazes.


Pode parecer que não, mas a religião é ainda usada, em muitos rincões, na defesa de certas correntes politicas melhor remunerantes.


E veja que a inabilidade patente, na composição dos conflitos sociais no município, teria sem sombra de dúvidas, componentes fortíssimos de desprezo, desdém e preconceito.

  

O administrador não consegue sair da sua redoma de vidro, deixar o alto do seu pedestal, para saber pessoalmente sobre as causas que lhe corroem as bases do poder que ruirá.


A mentalidade muito antiga, já não permitiria a adaptação aos novos tempos e isso redundaria no fracasso de todas as tentativas de manter-se no topo das preferências populares.


A atenção gasta com a segurança pública nos bairros é tão vergonhosa que as desordens provocadas pelo uso do álcool e drogas ilícitas, são mais frequentes do que se imagina.


De todo o tempo em que essa ideologia do patronato esteve no comando, só nos restou uma certeza: isso não poderia mesmo prestar.


31/07/12

 

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publicado às 13:47






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