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Balburdia

por Fernando Zocca, em 11.05.13

 
 - É verdade que fecharam o bar do Maçarico? - perguntou ansioso Van de Oliveira Grogue, ao se aproximar atordoado da Dina Mitt, que saboreava a sua segunda cerveja, no boteco do Bafão.
- Van Grogue, seu focinho de porco desalinhado! Você não é caspa, mas também não sai da minha cabeça. - reagiu a mulher sentindo alegria ao ver o parceiro de copo.
- Eu não acredito que você já se encharcou. Você soube do Maçarico? - quis saber Grogue sedento também de notícias.
- Fecharam a baiuca do cara. Também… Não tinha alvará, não tinha autorização pra nada. Como é que poderia funcionar uma espelunca daquelas sem causar danos às pessoas? - antecipou-se o Bafão adiantando as novidades ao Grogue.
- E depois tem mais: Eu mesma presenciei muita sujeira naquele salão; muita sacanagem e vi até que acendiam velas pro capeta atrás da porta do banheiro. - confirmou a Dina Mitt.
- É sim. Os caras da prefeitura baixaram em peso no boteco mais mal falado do bairro. Maçarico levou cada multa que não sei se ele consegue pagar. - disse Bafão limpando o tampo do balcão com o seu guardanapo alvo.
Grogue fez-lhe o sinal de que queria uma cerveja enquanto dizia:
- É uma vergonha pra comunidade esse tipo de gente. O Maçarico é um mau elemento. Dizem que ele não pagava os funcionários. Que vinha gente de fora pra ajudar no serviço, mas ele não registrava em carteira, não depositava o fundo de garantia e nem recolhia o INSS. Os empregados trabalhavam a troco de pinga, cigarro e cerveja.
- O bairro inteiro esperava essa atitude da prefeitura. Teve gente que foi falar diretamente com o caquético testudo. Apesar de não acreditarem que ele mandaria cumprir a lei, ele mandou o pessoal averiguar e pronto: confirmaram as irregularidades - falou Bafão servindo a cerveja ao Grogue.
- Sabe o que eu ouvi dizer? - indagou Dina - Disseram que o Maçarico e a mulher dele, sabe aquela retardada mental, que catava latinha de cerveja na rua e que depois amigou com ele? Então… Contaram-me que foram reclamar pro bispo que eles eram perseguidos.
- Mas como perseguidos? - quis saber Van de Oliveira Grogue. - Eles devem se adequar à lei. Se a lei manda pagar as multas e os impostos, então devem fazer isso.
- É que eles são ignorantes. Idiotas. E você sabe: gente assim pensa diferente. Pra começar não sabem ler. Como é que a comunidade pode esperar coisa boa de gente que mete os pés pelas mãos? - questionou Dina Mitt.
- É. O Maçarico é bem retardado. Se disserem pra ele que botar fogo no boteco dá direito a seguro, ele é capaz de incendiar tudo.
- Eu sabia que ele era "mental", mas não acredito que ele seja capaz de fazer isso. - duvidou Van de Oliveira Grogue.
- Não duvide. O pai do Maçarico era demente também. Louquinho de pinga. Numa ocasião, no meio da madrugada, ele saiu na rua deserta, e começou a disparar o revólver. Os vizinhos se apavoraram. Mas teve um corajoso que se aproximou, bem devagarzinho, e perguntou ao cara o que estava acontecendo. Sabe o que ele respondeu? Respondeu que tinha um ladrão tentando roubar o carro do vizinho - contou Bafão.
- Mas e daí? - quis saber Van de Oliveira.
- E dai que quando disseram pro maluco que nem o carro e nem o vizinho estavam ali, o demente envergonhou-se parando com a balburdia. Mas voltou pra cama resmungando.
- É só em Tupinambicas das Linhas que isso acontece - definiu Dina Mitt. - Mas vem cá: O Maçarico não tinha uma cadela Poodle que latia a noite inteira infernizando a vizinhança?
- Não. Quem tinha um demônio desse era o Célio Justinho, casado com a Luísa Fernanda, aquela gerente de banco que precisou de treinamento intensivo durante um ano, quando a direção trocou a cor das guias que ela deveria carimbar diariamente.
- Gente… Vocês não sabem o que aconteceu - gritou esbaforido Donizete Pimenta ao entrar correndo no boteco.
- Fala o que aconteceu criatura careca e cabeçuda - exortou a Dina Mitt alarmada.
- A polícia acaba de chegar no bar do Maçarico. Pararam bem na porta e deram voz de prisão pra ele. Quando os homens chegaram ele estava lendo um jornal na porta do estabelecimento. Confirmaram que ele roubava carros no bairro vizinho. - concluiu Pimenta arfante.
- Lugar de bandido é na cadeia - garantiu Van Grogue.
- Bandido bom, é bandido falecido - respondeu Dina Mitt.
Alguém duvidaria?

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publicado às 15:58

É melhor prevenir do que remediar

por Fernando Zocca, em 24.04.13

 

 

O que há de semelhante entre a loja de armarinhos do seu Mané, fechada pelo poder público, e o paraquedista que pula, não encontrando resposta positiva do equipamento?


Ambos, tanto o comércio do seu Mané, quanto o paraquedas, contém irregularidades; seus titulares desejam ardentemente abri-los, se possível, safando-se da situação criada, sem dúvida nenhuma, pela negligência.


O comerciante agindo com inteligência, bons modos e muita educação, pode adequar a pessoa jurídica, do seu estabelecimento, às normas que regulam a matéria.  Se for esperto atentará para as disposições municipais, estaduais e até as federais, pagando as multas, taxas e impostos decorrentes da lei.


Já o paraquedista, que salta sem a observância das normas de segurança, tem poucas chances de uma aterrissagem tranquila.


Às vezes você reclama das tantas e tantas exigências legais que, sem razão, considera descabidas. Mas depois das ponderações, pode concluir que nada é feito sem vários propósitos benignos.


A desatenção com que agiram o seu Mané da loja, e o paraquedista, os levou a situações (a princípio evitáveis) danosas contra eles mesmos.


Perceba que o menosprezo pelas regras de segurança pode causar prejuízos materiais de grande monta, lesões corporais, mortes e muito sofrimento.


Se o seu Mané tivesse mais cuidado, fosse mais zeloso, atencioso, não suportaria os lucros cessantes a que se submete agora.


Tanto a loja do seu Mané quanto o paraquedas do seu João, seus problemas, soluções e benefícios, são questões deles mesmos e por eles devem ser resolvidos.


Mas e o famoso “jeitinho”, perguntaria meu arguto leitor. Não duvide meu nobre, que a somatória de muitos e muitos jeitinhos pode culminar em tragédias terríveis.


Sempre é melhor prevenir do que remediar. Não é verdade?

 

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publicado às 14:20

O Poder das Águas

por Fernando Zocca, em 17.11.11

 

                       

 

                      Imagine você a porção de fumaça tóxica, (fuligem), que é lançada no ar pela queima diuturna do óleo diesel combustível.

             Podemos ter uma ideia observando os ônibus e caminhões que circulam diariamente por nossas ruas e avenidas.

             Agora imagine várias usinas produtoras de energia elétrica, que só funcionam com motores alimentados com o tal óleo diesel.

             Veja que para a produção da energia elétrica, fundamental para o funcionamento dos computadores, lâmpadas, câmeras, TVs, rádios, motores, elevadores, bombas de combustível, e até telefones celulares, há o indispensável uso de um meio.

             Esse meio, de conseguir a eletricidade, pode ser o da usina hidroelétrica que difere da eólica (utiliza os ventos), e da termoelétrica (diesel) por usar o poder das águas.

             A construção de uma usina hidroelétrica depende dos mais variados fatores, pois implica em armazenamento de grande quantidade de água, significando isso a ocupação de áreas extensas de território.

              Bom, a ocupação das terras pelas águas transforma o ambiente, e todos os bichinhos que vivem nas florestas e também os peixes, precisam se adaptar às novas situações, ou serem transferidos para outros locais.

             Como sabemos o progresso de uma nação depende também da indústria, do comércio e da prestação de serviços, que são impossíveis sem a eletricidade.

             Portanto é preferível a modificação positiva do meio ambiente, com o salutar desenvolvimento da população, do que a manutenção da situação primitiva, que não produz nada mais do que vem produzindo durante todo esse tempo.

             Da mesma forma que a extração de petróleo da bacia de Campos beneficiará diretamente os Estados produtores, a implantação da usina de Belo Monte proporcionará o desenvolvimento pleno dos governos e dos cidadãos do Pará.   

 

Mudando de assunto, veja que bacana um voo de balão de ar quente.


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publicado às 18:27