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O saguizinho bigodudo

por Fernando Zocca, em 17.07.14

 

 

Muita gente considera as reeleições sucessivas - às vezes cinco ou seis - dessa gente habituada a usufruir os bônus dos cargos públicos, como resultado das fraudes magistrais. 

No passado não muito distante, da história brasileira, houveram até revoluções onde muitos pereceram, ou foram mutilados, quando da preterição dos seus direitos às sinecuras centenárias. 

Há quem agradeça, entretanto, a redução sensível, do nível da violência empregada usualmente nesta área da atividade humana.

O chavão "manda quem pode, obedece quem tem juízo" usado durante séculos pelos coronéis do sertão e interior do Brasil, expressa a realidade inegável do uso da força bruta para a manutenção do poder. 

As mudanças tecnológicas, de certa forma, proporcionaram a troca gradativa do uso das pancadas, lesões corporais e até das mortes, por satisfações emocionais (e libidinais) frenadoras das oposições ferrenhas. 

Os anticoncepcionais, as camisinhas e a miríade de opções do arsenal farmacológico, a disposição do controle das doenças venéreas, vieram facilitar as estratégias de apaziguamento dos inconformados. 

Hoje, faz-se mais amor do que guerra. Isso é bom pelo fato de também alavancar tudo o que envolve as situações. A mídia se farta com os assuntos, a indústria de cosméticos vende horrores, viagens realizam-se facilmente, conceitos e opiniões pululam nos meios de comunicação, roupas e modas reformulam-se desenvolvendo as atividades construtivas. 

E o nosso saguizinho bigodudo ainda continua lá, na cadeira da presidência, por mais quatro anos e seus 48 salários.

A carência da vocação para safadezas é, de certa forma, um óbice à candidatura de gente que gostaria de vivenciar esse lado profissional da arte de ganhar muito dinheiro e não fazer nada. 

O cidadão comum levanta cedo, toma um café chinfrim, espera durante horas o ônibus, sacoleja-se durante outras horas sofridas no trajeto para chegar ao trabalho, produz bens de consumo palpáveis e, no fim do dia submete-se à mesma rotina torturante em troca de, no final do mês, um salário risível. 

O nosso homem político, ao contrário, com as verbas de gabinete, salários e falcatruas mil, que recebe em troca dos lero-leros parlamentares, pavoneia-se, exibe-se, humilha o povo, faz e desfaz.

Você já imaginou quanta incivilidade poder-se-ia reduzir usando os salários de um deputado federal ou senador?

O dinheiro usado para pagar esses políticos profissionais é muito mal empregado pela sociedade brasileira. Se fosse utilizado para melhorar os salários dos professores responsáveis pela educação e civilização das crianças, excepcionais ou não, o sucesso do Brasil seria mais louvável. 

Ou seja, um senador ou deputado federal ganha muito pra não fazer nada ou fazer menos do que faria o professor responsável pelo polimento das crianças.

Civilidade, bons modos, respeito aos mais velhos, às mulheres, às crianças, são mais indispensáveis à coesão social, do que um senador ou deputado federal. 

 

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publicado às 12:31

O Querelante Obstinado

por Fernando Zocca, em 26.09.12

Do jeito que a coisa vai indo é previsível que o tal transforme-se em lobisomem dentro de pouco tempo.

E esse prêmio aconteceria, é claro, em decorrência das atitudes dele, muito mais apegado às alegrias que lhe dão os transtornos causados aos outros.

O sujeito achou que deveria inovar a escrita comum. Então ao invés de seguir o preceito "se não ajudar, pelo menos não atrapalhe", o odiento decidiu não auxiliar, e ainda por cima, embaraçar o contexto da situação.

Avisado ele foi. Talvez quisesse reinventar a roda ou redescobrir o fogo. E as consequências não deixariam de ser outras.

Da mesma forma que o trabalhador aprende a usar o martelo sofrendo pancadas nos dedos, o tal só daria valor aos bons ensinamentos, depois que passasse alguns anos insones, com o corpo coberto por tufos e tufos de pêlos, a perambular pelas ruas, uivando nas noites de lua cheia.

Mas faz parte do progresso pessoal o aprendizado de que é desejando o bem, evitando as crueldades, que receberá dos outros, os benefícios dessas atitudes.

Quem vive a plantar ventos, não pode colher outra coisa que não seja tempestade.

Mas não é?

A ausência de compaixão não deixa de ser, para os especialistas, um sinal de que a tal personalidade seria bastante insensível; que o bem-estar, a saúde e o sossego alheios, não são muito importantes para ele.

O retorno a um estágio mais primitivo, talvez fosse indispensável ao querelante obstinado, para que aprendesse a valorar a pessoa dos próximos.

 

 

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publicado às 19:57

Rosas para Ana

por Fernando Zocca, em 18.01.11

 

 

                  Quem não se lembra desse livro publicado por mim em 1982? Era um romance e deu um bafafá dos infernos. Teve marido que pensou logo na possível cornitude própria.

                            As reações foram tão sérias que o ciumento arregimentou parentes, vizinhos e os colegas de copo, pra confabular sobre as prováveis intenções adúlteras deste autor que vos fala.

                            Do boteco de periferia você sabe que nascem planos pra tudo: desde assaltos a banco, invasões de residências, furtos, assassinatos, estelionatos mil e até motins de rua.

                            Eu vendia bem o tal livrinho. Caminhava pelas ruas do centro de Piracicaba, com um pacote de vinte ou trinta exemplares e ao encontrar colegas, amigos, conhecidos e pessoas desconhecidas, oferecia o meu trabalho, obtendo assim grande, como direi, “fluxo de caixa”.

                            Cheguei a fazer uma poupança substanciosa com os recursos provenientes das vendas.

                            Mas você sabe como é: ninguém tirava da cabeça do travesso que a Ana do livro não era a mulher dele. O pior ainda acontecia quando o tal entrava nos botecos e era zoado pela torcida sobre a iminente eclosão dos chavelhos.

                            O cara não sossegou enquanto não obteve a satisfação íntima de que o escritor não passava de um zé-ninguém, um ingênuo do qual tiravam o que quisessem.

                            Pois foi o que aconteceu. Um advogado e corretor de imóveis, parente desse nosso homem que suspeitava, induziu clientes seus a nos procurar e desenvolver uma história pungente de abandono, separação, doença e morte.

                            Os homens se aproximaram de mim quando eu saia da Caixa Econômica do Estado, depois de efetuar mais um depósito na minha já gorducha conta corrente.

                            Conversa vai, conversa vem, os bons cidadãos disseram que me conheciam e que tinham um negócio muito bom pra mim.

                            Então falaram de uma pobre velhinha que não se dava bem com os vizinhos, que não bebia água, mas só refrigerantes, que estivera muito doente, acometida por diabetes e que viera a falecer deixando um imóvel numa localidade rural da cidade.

                            Esses generosos homens se propunham a ceder seus direitos hereditários sobre a referida propriedade, desde que recebessem o preço que julgavam justo.

                            Você não vai acreditar, mas o valor solicitado era o mesmo que havia na minha caderneta. E não é que a besta aqui, sem nem ao menos visitar o tal imóvel – apenas possuído pela compaixão - acabou adquirindo os direitos sobre ele?

                            Houve até escritura de cessão de direitos hereditários. Bom, isso era o que faltava para o suposto futuro traído acalmar a ebulição da alma que a tal hipotética cornitude provocava.

                            Logo depois foi a vez desse nosso querido quase atraiçoado nos mandar rosa. Era uma de carne e osso, idosa, tinha ascendência italiana, andava pelas ruas em andrajos e dizia ser proprietária de cinco imóveis em Piracicaba.

                            Mas isso, meu amigo, é outra história.

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publicado às 20:28

Analfabetos e bêbados

por Fernando Zocca, em 27.07.10

                                         Um dos significados da palavra louco é extravagante, que está fora do contexto em que vive. Nesse sentido Jesus Cristo seria um deles.

 

                    Não é preciso explicar que Jesus era Judeu, e que o judaísmo, daquele tempo, além de remir os pecados dos seus adeptos, com o sacrifício de quem não tinha nada a ver com os nós, favorecia a política dos dominadores vindos de fora.

 

                    Jesus, seguindo os preceitos há muito tempo escritos, nos livros do velho testamento, mudou tudo isso, mostrando que seria ele quem carregaria todos os pecados do mundo, sendo dessa forma ressuscitado por Deus.

 

                    Num bairro onde há o predomínio de bêbados e analfabetos, o sujeito que tem um pouco de leitura seria o extravagante; o que destoa.

 

                    Então da mesma forma, esse pobre leitor de jornais pode ser perseguido, difamado, ter a água do seu reservatório envenenada e seu carro sofrer sabotagens que o levariam à ruína.

 

                    Tudo se complicaria para o extravagante se as “autoridades religiosas” que dariam suporte ao poder político na cidade, dirigissem o seu apoio, não ao perseguido, mas aos perseguidores.

 

                    E perceba que isso não é raro. Aliás, é mais comum do que pode imaginar a nossa mísera filosofia provinciana.

 

                    Uma das formas de realçar o tal poder político usuário da força, dominador, perseguidor e crucificador, seria impedir a exposição, nos prédios públicos da cidade, do símbolo evocador do amor demonstrado por Jesus Cristo.

 

                    Outra artimanha muito comum, nesse grande prêmio da vida, é tentar usar os ensinamentos de Jesus – os sentimentos cristãos – como inspiradores dos comportamentos conducentes às derrotas.

 

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publicado às 15:07

Os xerifes do quarteirão

por Fernando Zocca, em 30.06.10

                Quando um quarteirão está sob as influências malignas daquelas pessoas que se sentem os xerifes do lugar, podemos presenciar alguns frutos das suas ações: calçadas sujas, árvores podadas ou mortas, muros queimados, pixados e provocações inúmeras.

 

            Percebe-se também, nos vizinhos de boa índole, a incidência de doenças tais como a depressão, o câncer e as cardíacas.

 

            Os chamados xerifes do quarteirão, não chegam a distinguir os comportamentos dos seus contíguos. Ou seja, a implicância com alguém ocorre não por ser ele (esse alguém) muito mau ou prejudicial à coletividade.

 

             A implicância  nasce por diferenças de costumes. Por exemplo: se os xerifes do lugar que têm o hábito de beber, fumar e consumir drogas reunidos defronte suas casas, não forem imitados por algum desavisado que chegou ao trecho, instala-se contra ele uma verdadeira campanha expurgatória.

 

            Os xerifes podem até ter parentes frequentadores das igrejas e por isso mesmo, se não houver atenção, a boataria defenestrante pode recrudescer. Geralmente os xerifes cruéis de um lugar não crêem em Deus.

 

            Os malignos podem até freqüentar os cultos e celebrações, mas nota-se que logo reiniciam suas arengas hostis contra quem não conseguem nutrir simpatia. É uma questão de química. Os semelhantes se atraem. Ou melhor: os pássaros de penas iguais andam juntos.

 

            Portanto para que não haja tanta discórdia você deveria participar das rodas de bebedores, fumar sua maconhazinha de vez em quando e, tragar mostrando satisfação no seu rosto, a fumaça cinza daquele cigarro paraguaio que podem lhe oferecer.

 

            Então só assim, digamos “vibrando na mesma freqüência” haveria mais aceitação e menos embates entre as preferências.

 

            É conhecidíssima a noção de que “pau que nasce torto, morre torto”, ou em outros termos, que os maldosos seguem com suas maldades até o final. De que adianta você banhar o porco, preocupando-se com a sua higiene? Ele não retornaria logo para a lama?

 

            Quem poderia impedir os cães de voltarem para os seus próprios vômitos? É assim com o bêbado, com o usuário de drogas.

 

            Você pode não se preocupar em tirá-lo da imundície na qual se encontra. Mas com muita certeza, ele se preocupará em trazer você para o lado promíscuo em que se acha.

 

            Para você entender alguém, saber realmente quem ele é basta ver o que ele faz ou diz. Pode uma árvore ruim dar bons frutos? Se o quarteirão vive sujo, as pessoas ao redor estão doentes, a conclusão sobre as influências dos xerifes no trecho podem não ser das melhores.

 

            Em alguns quarteirões a maioria da violência que se pratica é a verbal. São raras as hostilizações físicas tais como espancamentos cometidos por famílias inteiras e até apedrejamento. Quando isso ocorre você pode concluir que os agressores agem assim por não dispor de qualquer outro argumento que possa defender as posições condenáveis.

 

            Uma cidade só será próspera e feliz quando os xerifes cruéis dos quarteirões tiverem suas ações malignas, praticadas nas trevas, conhecidas pela sociedade toda. É bom relembrar que os políticos insensatos que protegem os agressores morais terão a mesma sorte que eles.

 

            Se Deus é amor, podemos concluir que os xerifes prezadores do assédio moral não conseguiram ainda chegar até Ele e, que as influências no quarteirão são mesmo feitas pelos tais adoradores das trevas.

 

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publicado às 16:50