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Deficiência e Educação

por Fernando Zocca, em 04.09.12

 

 

A língua descontrolada não deixa de ser uma tremenda chateação. E tudo fica mais angustiante ainda quando o portador dessa característica é analfabeto e crente nas superstições.

Há quem entenda o fenômeno como transtorno obsessivo compulsivo, hiperatividade ou que haja a ocorrência de lesão significativa na região do cérebro responsável pela fala.

Quando o paciente tem o vocabulário limitado, por desconhecer o alfabeto, ele repete as mesmas palavras da mesma forma que a impressora de uma gráfica, repete os impressos ao longo do tempo.

Há os que defendem e mistifiquem os portadores, bem como a própria anomalia.   

O obsessor, falador compulsivo, busca o controle numa interação, não havendo lógica no seu "discurso"; o alívio da possível tensão minimizar-se-ia com a abstenção da ingesta do álcool, do tabaco e dos estimulantes. 

Perceba que o ciúme, atuando como combustível, do portador da doença, torna-o cruel, maldoso e totalmente desprovido de compaixão. 

Note que o paciente possuidor dessa afecção, objetivando impressionar as pessoas do seu convívio, controlando-as e obtendo delas o respeito, procura "influenciar" e "dominar" os vizinhos.

Não se pode deixar de admitir que os portadores desse tipo de transtorno sejam deficientes muito mal educados.

Não é incomum, de forma alguma, o aproveitamento dessas situações anômalas por políticos desprovidos de boas intenções. Geralmente as omissões na área da saúde pública e prevenção, ocorrem como retaliação à discordância das opiniões que interessam a eles.

O auxílio de especialistas pode trazer mais conforto para o doente e as pessoas que o circundam.

 

 

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publicado às 13:10

As Tranças

por Fernando Zocca, em 28.08.12

 

Sentado sozinho a uma mesa isolada do bar, Van Grogue comia pastel com sorvete.

- Ficou maluco? Ô Grogue, que mistura é essa? - Indagou irônico o Adan Molly que chegava bem entusiasmado ao botequim.

Van  levantou a cabeça e, envergonhado respondeu:

- Você também vai ralhar comigo?

Molly voltou-se para o Maçarico que, alisando o tampo do balcão com um guardanapo, e apontando o Grogue com o queixo, girou o indicador da mão direita na altura da fronte. Quando Molly se aproximou o dono do boteco sussurrou-lhe:

- Depois que disseram que o bilau dele parece sorvete, que quando esquenta amolece, ele ficou assim, meio jururu.

- Que mico hein Maça? - gracejou o Adan.

- Uma verdadeira estilingada no bom-senso.

Adan Molly pegou a garrafa de cerveja e o copo que lhe dera o  Maçarico e caminhou em direção à mesa do Grogue perturbado.

- É verdade que te internaram num manicômio Van?

- Hã hã. - respondeu, envergonhadíssimo, o mais famoso pingueiro de Tupinambicas das Linhas. Então ele continuou:

- Tinha um enfermeiro lá dizendo que ia injetar gás na minha cabeça só pra tirar um raio X. É mole? Ele era malvado. Amarrava-me na cama e punha um soro no meu braço que me fazia sofrer muito.

- Mas por que ele faria mal pra você? - Quis saber o Adan Molly.

- Vingança. Eu fiquei devendo alguns meses de aluguel para outro enfermeiro que era primo dele.

- Nossa! Impressionante. Como é que você descobriu isso tudo?

- Sabe aquela borracha que se usa pra amarrar o braço quando se tira a pressão da pessoa? - continuou o Van choroso.

- A tripa de mico?

- É essa mesmo. Então… O cara esticava e soltava a borracha contra os meus braços e as minhas costas; era cada borrachada que eu vou te contar; doía tanto que eu tinha de sair correndo.

- Mas quem era o enfermeiro? - perguntou Adan Molly bebendo com satisfação a cerveja geladíssima.

- O que me agrediu eu não conhecia. Mas aquele de quem aluguei a casa tinha sido condenado por homicídio. O cara ficou preso durante dois anos. Ele fez um aborto numa empregada doméstica que morreu.   

- Mas por que você alugou a casa justamente do assassino? - indagou Adan Mollly.

- Porque eu não sabia.

- E essa história do bilau?

- É brincadeira. Sou macho pra caramba.

- Será?

Depois que tomou o sorvete, comeu o pastel e ouviu do Maçarico a resposta negativa, para a sua indagação sobre a existência de peixe frito pra vender, Van pagou a conta e saiu do bar.

Ele permaneceu parado no ponto de ônibus por pouco tempo. Grogue entrou no coletivo, pagou a passagem e preguntou ao cobrador se aquele carro passaria defronte ao zoológico.

- Pergunte para o motorista. - respondeu com rudeza, o cobrador.

Grogue então, por causa do ruído do motor, falando em voz alta ao motorista, quis saber se ele pararia perto de um ponto, próximo ao zoológico.

Van desceu e andando duas centenas de metros chegou ao jardim zoológico onde viu a águia, o leão, e o burro.

Depois, caminhando de volta ao ponto de ônibus, viu de longe, que já havia um parado ali.

Ao entrar no coletivo ele notou um pedaço de papelão deixado sobre o primeiro degrau. Não muito distante o motorista falava ao celular:

- Gritou sim. Gritou feio com um colega nosso.

Van desconfiou que aquilo não deixava de ser mais uma trança que se formava à sua passagem.


28/08/2012

 

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publicado às 12:53

Moço Bonito

por Fernando Zocca, em 18.07.12

 

 

Muitas coisas podem proporcionar satisfação efêmera, que no entanto, produzirão arrependimento para o resto da vida.

Maria da Graça Xuxa Meneguel estrelou, em 1979, o famoso filme Amor Estranho Amor, considerado na época como alternativa para impulsionar-lhe a carreira que principiava a decolar.

Hoje, passados tantos anos e depois de ter amadurecido bastante, ter tido uma filha maravilhosa, ter-se dedicado de corpo e alma a benemerência, ela não deixa de tentar impedir, nos tribunais, que a tal produção seja exibida ou divulgada.

Se por um lado os motivos, que a levaram a participar do filme, eram muito fortes e prementes, hoje a tal obra, indiscutivelmente deporia contra ela e a todos os seus próximos.

Lutando contra uma espécie de "teu passado te condena" Xuxa e os demais que praticaram atos, hoje considerados constrangedores, vêem-se desgastados, tentando apagar ou suprimir aquilo que lhes deu muito prazer.

Teria sido necessário e prazeroso posar nua para fotos e participar de filmes considerados eróticos ou pornográficos?

É claro que a resposta positiva e todas as consequências posteriores não podem agora simplesmente desaparecer do passado.

Tudo bem que se deve esquecer as coisas de outrora e partir para as conquistas futuras, mas será que todas as demais pessoas envolvidas naqueles projetos salvadores, também pensariam assim?

Não é à toa que a sensatez, a boa moral, prega a digamos... santificação, das pessoas. Mas por quê esse interesse?

Não se pode negar que as atitudes condenáveis tornariam os sujeitos vulneráveis, e quando menos esperassem seriam invariavelmente fustigados a não mais poder.

E perceba o desgaste.

Então você poderia notar, nesses momentos, a veracidade da assertiva "o pecado escraviza". Mas não é?

Na verdade o sujeito estaria criando um "telhado de vidro" pra si mesmo. E a consequência é que isso o limitaria muito. Você com certeza não poderia mais "jogar pedras" no telhado alheio, sem sofrer revides devastadores.

"Amarrando-se" ou tendo o "rabo preso", muito pouco o sujeito poderia fazer ou ter do que participar.

Veja o vídeo em que Xuxa fala sobre o filme Amor estranho amor.

 

 

 

Leia também A História do Pato.

Clique aqui.

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publicado às 18:58