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Hoje é o dia do Rock. Agora, você já imaginou um roqueiro sem língua? Pois olha que isso é difícil de acontecer. Nos dias atuais nada é impossível.
Quando eu era criança um dos nossos vizinhos, morador do casarão da esquina tinha três filhas que viviam subindo na mangueira e goiabeira do quintal.
Elas não se importavam muito com o que poderia ver o garoto, que ficava em baixo, olhando pra cima enquanto elas, de saia, capturavam as frutas.
Não afirmaríamos que havia nelas a intenção de mostrar as calcinhas, porque quando percebiam que as olhava, com muitíssimo interesse, logo prendiam as vestes entre as pernas.
Mas numa tarde, uma delas subiu na goiabeira e não se sabe de que jeito, caiu lá de cima, batendo o queixo num dos galhos. Como a menina estava com a língua entre os dentes, no choque quase houve a mutilação.
O órgão ficou seguro por um fiozinho que possibilitou a sutura e a total recuperação, meses depois.
A cirurgia foi tão bem feita que era quase imperceptível a cicatriz, mesmo quando olhada de perto, no espelho, que havia sobre a pia do banheiro.
As suspeitas médicas de que a jovem teria contundido o baço ou fraturado a clavícula foram logo afastadas, pois os danos do embate se concentraram na boca.
Além dos cuidados corriqueiros que se deve ter com ferimentos, a moça precisou usar, por algum tempo, uma bolsa de gelo sobre a face.
Quanto ao roqueiro sem língua isso não ocorreria, pois se há transplantes de rosto e também de pernas por que não haveria de línguas?
Meus irmãos, não se façam todos de mestres. Vocês bem sabem que seremos julgados com maior severidade, pois todos nós estamos sujeitos a muitos erros.
Aquele que não comete falta ao falar, é homem perfeito, capaz de pôr freio ao corpo todo. Quando colocamos freio na boca dos cavalos para que nos obedeçam, nós dirigimos todo o corpo deles. Vejam também os navios: são tão grandes e empurrados por fortes ventos! Entretanto, por um pequenino leme são conduzidos para onde o piloto quer levá-los. A mesma coisa acontece com a língua: é um pequeno membro e, no entanto se gaba de grandes coisas.
Observem uma fagulha, como acaba incendiando uma floresta imensa! A língua é um fogo, o mundo da maldade. A língua, colocada entre os nossos membros, contamina o corpo inteiro, incendeia o curso da vida, tirando a sua chama da geena. Qualquer espécie de animais ou de aves, de répteis ou seres marinhos são e foram domados pela raça humana; mas nenhum homem consegue domar a língua. Ela não tem freio e está cheia de veneno mortal. Com ela bendizemos o Senhor e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. Da mesma boca sai a bênção e a maldição. Meus irmãos isso não pode acontecer! Por acaso, a fonte pode fazer jorrar da mesma mina água doce e água salobra? Meus irmãos, por acaso uma figueira pode dar azeitonas, e uma videira pode dar figos? Assim também uma fonte salgada não pode produzir água doce.
Tg 3, 1-12.
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