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O que mais poderia parecer esquisitíssimo do que um sujeito muito nervoso parar um carro velho branco, defronte sua casa e de forma imperativa, tentar vender-lhe um frasco de mel?
- Boa tarde. Fique com esse mel. Só R$20. - ordena o camarada agitadíssimo, colocando a embalagem plástica com o conteúdo suspeito, sobre o portão.
- Não obrigado. – digo-lhe esquivando-me; busco dispensar o chato rapidamente e voltar pra dentro de casa.
- É pra ajudar. Só R$20. Me ajude a comprar um marmitex. Vendi 43 até agora. - insiste o pegajoso num tom de quem ordena.
- Muito obrigado. Não posso comer muito doce. Me faz mal. - defendo-me.
- Só R$20. É pra ajudar a comprar o almoço de hoje. Seu vizinho já comprou. - garante o homem apontando, com o frasco, a casa ao lado.
- Não. Não estou interessado.
A rejeição ao invés de esmorecer o chatoso, incita-o a insistir cada vez mais e mais veementemente. Seu rosto intumescido demonstra que ele pode estar irado, pronto para uma possível agressão.
- Experimente um pouco. Tem 45% de sais minerais e vitaminas essenciais ao organismo. O senhor vai gostar. Abra a mão! - comanda o homem tirando a tampa laranja do vaso.
Constrangido, sem ter mais o que dizer, estendo a mão; ele despeja uma quantidade pequena do líquido viscoso e marrom sobre a palma. Levo à boca e ele então arremata:
- Faço por R$12! Ajude a comprar o meu marmitex de hoje.
Faz parte, há muito tempo, do rol dos meus argumentos finais a alegação da escassez monetária. Então eu mando ver com uma expressão entristecida no rosto:
- No momento estou sem dinheiro.
- Eu deixo por R$10, só pra ajudar. Vai!!!
- Não, muito obrigado. - recuso mais uma vez.
- Pode ficar. É um produto bom. Eu colhi hoje mesmo. - insiste o impertinente. - É só R$10.
- Um momento, por favor. - digo-lhe entrando pra dentro de casa.
- Viu? Faço por R$10 pra você. - matraqueia o camarada às minhas costas enquanto caminho apressado.
Sem me voltar transponho a porta e, na cozinha, encontro a patroa que, assustada, indaga sobre o significado daquele debate, quase duelo, à tardezinha, no interior da garagem.
- O cara quer me vender mel. Você tem R$10? - pergunto.
- Vai comprar mel? Você sabe o que tem no meio daquilo?
- É só pra dispensar o cara. - argumento.
- Deixa comigo. - diz a patroa indo em direção ao teimoso.
Passados alguns minutos a mulher volta com uma expressão de serenidade no rosto.
- E aí? - pergunto.
- Mandei embora. - responde ela com segurança.
- Como você fez? - indago buscando descobrir o segredo.
- Eu disse não. Você tem que aprender a dizer não.
- Aprender a dizer não? - resmungo incrédulo, num tom quase inaudível. - Como é que se faz isso?
Sinto muito, meus amigos, mas hoje vocês voltarão para casa. Testemunhamos os esforços dispendidos na busca da vitória; porém nesta data, forças maiores impuseram-se de forma inexorável.
Foi terrível; eles estavam implacáveis, impiedosos, astutos, unidos e conseguiram os objetivos previamente traçados; tudo planejado.
As tramas urdidas realizaram os desejos de muitos, satisfazendo a todos os participantes. Esse é o resultado. Nossa aliança, entretanto, continua.
A mobilização foi muito forte. Teria começado com o passar do tempo, de forma bem tênue; agigantou-se depois de momentos tensos, culminando nesse presenciamento.
Valeu a torcida forte, bem informada, compacta; valeram as chegadas em grupo, os grandes lançamentos; as combinações na retaguarda e a ação em conjunto.
De que adiantou a torcida calorosa? De que adiantaram os avisos, os pedidos, as solicitações para que reforçassem mais a defesa?
Antes do início estavam bem cientes de que não seria brincadeira. O confronto dar-se-ia entre forças desiguais; desserviram os clamores: estava já tudo escrito na caderneta.
Eu bem que avisei. Às vezes é desnecessário sacar uma espada tão grande, pra afastar uma simples mosca.
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