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Muita gente considera as reeleições sucessivas - às vezes cinco ou seis - dessa gente habituada a usufruir os bônus dos cargos públicos, como resultado das fraudes magistrais.
No passado não muito distante, da história brasileira, houveram até revoluções onde muitos pereceram, ou foram mutilados, quando da preterição dos seus direitos às sinecuras centenárias.
Há quem agradeça, entretanto, a redução sensível, do nível da violência empregada usualmente nesta área da atividade humana.
O chavão "manda quem pode, obedece quem tem juízo" usado durante séculos pelos coronéis do sertão e interior do Brasil, expressa a realidade inegável do uso da força bruta para a manutenção do poder.
As mudanças tecnológicas, de certa forma, proporcionaram a troca gradativa do uso das pancadas, lesões corporais e até das mortes, por satisfações emocionais (e libidinais) frenadoras das oposições ferrenhas.
Os anticoncepcionais, as camisinhas e a miríade de opções do arsenal farmacológico, a disposição do controle das doenças venéreas, vieram facilitar as estratégias de apaziguamento dos inconformados.
Hoje, faz-se mais amor do que guerra. Isso é bom pelo fato de também alavancar tudo o que envolve as situações. A mídia se farta com os assuntos, a indústria de cosméticos vende horrores, viagens realizam-se facilmente, conceitos e opiniões pululam nos meios de comunicação, roupas e modas reformulam-se desenvolvendo as atividades construtivas.
E o nosso saguizinho bigodudo ainda continua lá, na cadeira da presidência, por mais quatro anos e seus 48 salários.
A carência da vocação para safadezas é, de certa forma, um óbice à candidatura de gente que gostaria de vivenciar esse lado profissional da arte de ganhar muito dinheiro e não fazer nada.
O cidadão comum levanta cedo, toma um café chinfrim, espera durante horas o ônibus, sacoleja-se durante outras horas sofridas no trajeto para chegar ao trabalho, produz bens de consumo palpáveis e, no fim do dia submete-se à mesma rotina torturante em troca de, no final do mês, um salário risível.
O nosso homem político, ao contrário, com as verbas de gabinete, salários e falcatruas mil, que recebe em troca dos lero-leros parlamentares, pavoneia-se, exibe-se, humilha o povo, faz e desfaz.
Você já imaginou quanta incivilidade poder-se-ia reduzir usando os salários de um deputado federal ou senador?
O dinheiro usado para pagar esses políticos profissionais é muito mal empregado pela sociedade brasileira. Se fosse utilizado para melhorar os salários dos professores responsáveis pela educação e civilização das crianças, excepcionais ou não, o sucesso do Brasil seria mais louvável.
Ou seja, um senador ou deputado federal ganha muito pra não fazer nada ou fazer menos do que faria o professor responsável pelo polimento das crianças.
Civilidade, bons modos, respeito aos mais velhos, às mulheres, às crianças, são mais indispensáveis à coesão social, do que um senador ou deputado federal.
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