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A expressão "não dar o braço a torcer" significa a negação do reconhecimento de que certa opinião está correta, e que a defendida é equivocada.
Essa teimosia defende o orgulho ferido, faz parte da ausência da humildade servindo também para manter a rejeição, o assédio moral, a intolerância e o preconceito.
O "não dar o braço a torcer" isto é, reconhecer que está sem razão, negando inclusive a versão mais verdadeira, daquele com quem antipatizamos, pode representar um obstáculo sério ao progresso pessoal e até familiar.
Quem se nega a reconhecer a veracidade das observações, constatações dos fatos contrários à comunidade, e também a si mesmo, pode se considerar um terrível autossuficiente negador das evidências.
Para essas personalidades o soldado que marcha com o passo trocado, diferente do batalhão que segue cadenciado, uniforme, está correto. Não dá pra negar que mentes assim consideram estarem elas certas e a Bíblia errada.
Se não for possível a ocultação dos fatos condenáveis, o que "não dá o braço a torcer", no mínimo, modificará os elementos constituintes do fato aberrante, atenuando as suas aparências e os malefícios produzidos contra a sociedade.
A exaltação do orgulho, da prepotência, a inadaptabilidade ou a ausência da habitualidade no reconhecimento dos próprios erros, reforçam essa postura do "não dar o braço a torcer".
Quem "não dá o braço a torcer" não admite a "mea culpa".
Aos reinvidicativos, querelantes e obsessivos, a culpa, o erro, são sempre dos outros. Não é infrequente, nos relatos, a atribuição dos próprios enganos e defeitos de conceituação, aos demais que exigem o bom comportamento na comunidade.
A impenetrabilidade dos bons conceitos nas consciencias concreadas produz o analfabetismo, o uso destrutivo das drogas, e dos condenáveis comportamentos antissociais.
É preciso aplicar as penas da lei já que não se consegue educar as crianças.
O pessoal mais antigo, aquele que frequentava os Grupos Escolares lembra-se que os quadros negros ou lousas eram feitas de ardósia.
No primário eu tinha uma professora irritadinha que dava cascudos violentos nos moleques que tinham alguma dificuldade em absorver-lhes as lições.
Numa dessas ocasiões depois de vistoriar o meu caderno e observar que eu copiara erradamente algumas palavras ela deu-me um sonoro corretivo no alto do cocuruto dizendo na sequência:
- Seu burro!!! Aprenda pelo menos a escrever o seu próprio nome, se não você vai puxar carroça.
É claro que eu aprendi rapidinho a escrever o meu nome. Mas tinha garoto muito melhor preparado do que eu naquela sala. Um deles era o Paulo, filho de uma professora que eu achava super linda.
Numa manhã, quando a professorinha brava encheu a lousa com textos imensos o Paulo escreveu: “Arde a ardósia com tanta matéria fumegante”.
Não tinha mesmo talento o Paulo?
Hoje ele é médico.
Lendo hoje o Jornal de Piracicaba, encontrei exatamente no caderno Agito e Gourmet, uma crônica do escritor, compositor e servidor público Caio Silveira Ramos.
Caio mora em São Paulo desde 1989, mas nasceu em Piracicaba. É filho do conceituadíssimo professor Argemiro Coelho Ramos e da também professora Jandyra Silveira Ramos.
A crômica Algemirando (I) do Caio inspirou-me a escrever algumas lembranças daquele tempo tão bom em que, minha família e eu, passamos boa parte das nossas vidas, num casarão antigo, situado na movimentadíssima região central de Piracicaba.
Meus filhos Gustavo, Guilherme, Nice e eu, fomos vizinhos do professor Argemiro, da queridíssima Jandyra e seus filhos, quando morávamos e tínhamos escritório de advocacia à Rua Morais Barros durante a década de 1980.
Eu mantinha a banca, onde atendia clientes, elaborava as peças processuais, lia jornais e ouvia rádio, na sala da frente da casa. Era equipadíssimo o escritório; entretanto o estado de conservação do quintal não deixava de ser um caracterizador da vergonhosa omissão.
Eu não cuidava daquele trecho, e Nice, apesar de se desdobrar na higienização da casa, no cuidado com os meninos, na alimentação e tudo o mais, também não podia fazer nada, com aquela espécie de "selva amazônica" particular.
Numa ocasião o professor Argemiro, conversando com Nice e os meninos, propôs-lhes a feitura de um campinho de futebol no local.
A molecada vibrou com a ideia, Nice ficou na expectativa e eu, quando me falaram, não opus embargo.
Então o saudoso professor, usando habilmente uma escada apareceu e, transpondo corajosamente o muro, pôs-se a erradicar a erva daninha, aplainando depois o terreno.
Em seguida, usando meia dúzia de sarrafos, ele construiu as traves dando por encerrado, para a alegria incontida dos pimpolhos, os trabalhos daquela espécie de "Itaquerão" do centro.
Gustavo e Guilherme, hoje na faixa dos 30 anos, lembram-se com muita alegria, dos momentos em que passavam horas e horas na casa dos professores Argemiro e Jandyra conversando, ouvindo histórias e aprendendo a jogar xadrez.
Na crônica Argemirando (I) o Caio pede para quem souber de histórias ou tiver lembranças de passagens com o pai, que lhe escreva. Mas eu, quando li a matéria, não pude me conter, e tracei logo esta que publico em seguida.
Quero parabenizar o Caio que é também autor da biografia Sambexplícito. As vidas desvairadas de Germano Mathias, lançado no Sesc de Piracicaba em 2008.
25/01/13
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