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O bagre-tucano-cabeçudo

por Fernando Zocca, em 08.04.14

 

 

 

Durante todos estes anos - mais de 25 - em que exerci a advocacia presenciei, em função da lei, milhares de separações entre casais.

Enganava-se, e muito, quem considerava o advogado de uma das partes, ou de ambas, no processo de separação, ou divórcio, o sujeito que "separava" as pessoas. 

Quando o casal ou um dos cônjuges vinha ao escritório já estava separado de fato, isto é, já não tinha mais condições para a manutenção da vida em comum. 

Portanto, no escritório firmavam-se os termos da avença separatória. A função do advogado era a de levar, por escrito, com todos os documentos inerentes, ao judiciário, o caso em que aquelas pessoas punham fim à vida em comum. 

Hoje não há mais a necessidade dos serviços do advogado para a formalização da separação. Basta o casal, que não tenha filhos menores e esteja de acordo quanto à divisão dos bens, comparecer ao cartório de notas e expressar a sua vontade.

Nos conflitos entre os sujeitos componentes do casal há a estratégia da sedução de um deles por uma terceira pessoa. Depois do enleamento, as traições, o desprezo, eram usados nas provocações com as quais fustigavam uns aos outros de forma inclemente.

Os fins dos relacionamentos podem ocorrer também como na história de Romeu e Julieta de William Shakespeare. 

Romeu põe fim a sua vida por pensar que Julieta estava morta. Quando ela acorda de um sono profundo e, percebendo que Romeu havia morrido, mata-se em seguida. 

Há uma variação deste enredo quando os cônjuges, abatidos por brigas e discussões constantes, começam a trair um ao outro, em represália do que teria sido uma suposta primeira traição.

Veja que quando há a desistência, ou renúncia, num processo de, por exemplo, reparação de danos, que vinha sendo movido, contra um bagre-tucano-cabeçudo, quer queira ou não, há um favor que se faz ao acionado.

Portanto não é nada raro que o tal sinta-se na obrigação de retribuir com o que desejaria para si mesmo, mostrando-se, porém, muito contrariado, com as recusas ao recebimento dos seus mimos. 

O que a gente quer na verdade, meu amigo, é a quietação dos ânimos, diversão e arte. Cremos que isso não seja assim tão difícil. 

Nada mais.

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publicado às 13:17