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Ralo Abaixo

por Fernando Zocca, em 07.11.13

 

 

Será que você meu amigo, minha amiga e senhora dona de casa está entre aquelas pessoas que ficam se lamentando pelos fatos acontecidos no passado e não conseguem viver plenamente o presente?

Se a resposta for positiva saiba que não deveria ser novidade para você o fato de haver a necessidade daquela ajudazinha especializada.

Não seria assim tão normal a mente que não esquece, ou atribui importância exagerada, ao passado condenador. Na verdade é mesmo bastante difícil para ela esquecer o que já passou. 

Mas se o comportamento na vida cotidiana está desarranjado, prejudicado, pelos fantasmas do que era antes, então não restaria alternativa - já dissemos - do que a de buscar métodos terapêuticos salvadores. 

O aconselhamento psicológico pode ser aquele algo a mais que falta para a pessoa ressentida, conseguir desfrutar a vida em sua plenitude.

Se o passado condena, por que não revisitá-lo "espiritualmente" a fim de liberar aquelas emoções negativas entulhadas, e desonerar as estruturas combalidas pelos equívocos? 

As terapias existem - graças a Deus - para o conforto e a salvação da alma, do espírito; para as mentes amarguradas que não têm sossego; que não podem se achar em momento algum de paz.

Quando ela, a infernização acontece, nem mesmo os familiares mais próximos desfrutam da harmonia, do entendimento e da compreensão.

Parece que se o perturbado não incomoda a ninguém não será feliz, não se sentirá bem. 

Na verdade o mentalmente atrapalhado só estará confortável com o desassossego dos outros. Pessoas vingativas são assim.

A solução para este "nó" - veja bem - seria a chamada sublimação daquele ódio todo contido e prejudicial. 

Há quem diga que se deve lavar a alma assim como se lava o corpo. 

Observe uma criança no chuveiro, tomando banho. Geralmente ela está imunda, depois de passar o dia todo na rua brincando ou fazendo travessuras.

Ao chegar em casa, toda suada, mal cheirosa e agitada, como dar a ela o café da tarde se não lavar antes as mãos, os pés ou todo o corpo emporcalhado?

A terapia está para a alma assim como o banho, com água e sabonete, está para o corpo. Sem a higiene corporal e mental não se pode viver plenamente. 

"Coitadinha de mim, por causa daquele acontecimento infausto sou assim, bastante infeliz", é a postura mental comum de quem não deixa de atribuir aos outros os próprios fracassos.  

Desapega. 

Lave seu corpo e sua alma. Deixe os problemas do passado descerem ralo abaixo. 

 

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publicado às 17:32

O Pior cego é o que não quer ver

por Fernando Zocca, em 09.09.11

 

              - Ela estava na piscina do clube se agarrando com um sujeito. Em volta deles havia uma turma do barulho. A zoeira que eles faziam chamou a atenção da diretoria que mandou um dos empregados reprimir a vergonheira.

                - É sério? – Naldo “puxando ferro” no quarto, aos pés da sua cama de solteiro, não podia acreditar no que dizia a irmã.

                - É verdade todo mundo viu. A doidinha tava na maior beijação com Alcindo, aquele que foi namorado dela. Lembra? – confirmou Silvinha.

                Baixando os halteres ao solo, Naldo agarrou a barra fixada nos batentes da porta, iniciando as dez primeiras flexões da série de cinquenta.

                O suor escorria-lhe pelo corpo empapando o short amarelo.

                - Eu não estou acreditando. Vocês falam muita mentira. Deixa ela vir aqui, que eu vou conversar.

                - Mas você é louco Naldo. A menina bota o maior chifre em você, na frente de todo mundo e você não fala nada? – desesperou-se Silvinha.

                - Vocês estão querendo que eu termine com ela. Estão com inveja. – Defendeu-se o atleta.

                Percebendo que não conseguiria arrancar uma postura hostil do irmão contra aquele projeto de cunhada, Silvinha saiu do quarto, indo direto para a cozinha onde a mãe preparava o jantar.

                Notando estar só, Naldo vestiu uma camiseta branca, o seu velho par de tênis e, capturando a bicicleta preta, jacente num canto da garagem, saiu para a rua.

                - Vou pra academia malhar. – avisou ele ao passar pelas mulheres que conversavam.

                - É uma besta mesmo. Todos lá no clube sabem que a Eliana está ficando com o Alcindo e esse tonto nem se toca. Até no bar do pai dela o comentário é geral. – Queixou-se Silvinha para a mãe.

                - Nem ligue Silvinha. O Naldo sabe o que faz. Vai ver ele não quer nada sério com ela. É só um passatempo.- Consolou a mãe enquanto fritava as batatas.

                - Pode não querer nada com ela, mas que está feia a situação está mesmo. Tenho até vergonha de entrar no clube. Bom, mas deixa eu ir embora que o Túlio já está chegando lá em casa pra jantar.

                - Mãe, põe na cabeça desse moleque que ele deve largar a vadia. – pediu Silvinha ao arrancar com o carro importado, depois das despedidas usuais.

6/09/2011. 

                

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publicado às 01:45






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